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Linhas da vida

Por Edilene Oliveira, Igor Baggio, Jéssica Nazário e Samantha Gelber

Em 4 julho de 1948 faleceu Monteiro Lobato, um dos maiores escritores da literatura brasileira. Por ironia do destino 13 anos mais tarde nasceu no dia 04 de julho a professora e contadora de histórias Lucélia Clarindo. Quando criança a contadora de histórias jamais imaginaria que um livro presenteado por sua madrinha acabaria se tornando sua maior paixão.

“O primeiro livro que eu li que eu acho que tinha 6 anos, foi presente da minha madrinha. O nome do livro era “Marcelino Pão e Vinho”, era uma história muito triste que me fazia chorar todas as vezes que eu lia”.

Quando criança Lucélia morava próximo ao Parque Estadual de Vila Velha, que hoje fica localizada a Vila Jamil. Ela recorda que só conhecia dois lugares na cidade de Ponta Grossa: a escola e a biblioteca. Foi daí que surgiu o amor verdadeiro pela leitura.

“A paixão pela leitura surgiu quando peguei um livro pela primeira vez”,
“A paixão pela leitura surgiu quando peguei um livro pela primeira vez”

Ela emprestava gibis dos colegas e levava os para casa. Lia também livros didáticos da escola, na biblioteca da escola em que estudava ela emprestava muitos. Gostava demais dos contos de fada e enquanto os lia lembrava-se da mãe contando essas mesmas histórias quando ainda era pequena.

No magistério Lucélia lia clássicos como: Jorge Amado e Machado de Assis. Ela passava as férias lendo, e a primeira coisa que fazia ao acordar era pegar o livro que estava sobre sua cabeceira e então iniciava pela manhã a sua leitura. Foram muitos e muitos livros, revista fotonovelas, de carnaval e também de ballet, romances e faroeste que Lucélia leu. Os jornais que vinham enrolados no sabão que a mãe comprava também não passavam desapercebidos pela professora. Lucélia não tem lembranças de baladas na adolescência, somente lembranças de livros e mais livros.

Coincidências ou ironias do destino?

Desde que Lucélia Clarindo nasceu sua vida esteve ligada a literatura, assim como o cordão umbilical na barriga da mãe.  Seus três filhos tem ligação com a arte, assim como o seu marido. Um dos seus filhos nasceu no dia 12 de Março, data em que comemora-se o “Dia da biblioteca”, e um de seus sobrinhos nasceu no dia 02 de Abril, no dia “Internacional do livro”.

Entusiasmada ela ressalta que toda a sua vida é permeada no número 07. Em 1967 ela aprendeu a ler, em 1977 ela começou o curso de Magistério, em 1987 ficou grávida e iniciou o curso de pedagogia e, no mesmo ano, infelizmente sua mãe faleceu. Em 2007 Lucélia criou o Bando da leitura e em 2017 o Bando completou 10 anos.

O nascimento do Bando da Leitura

Após trabalhar 26 anos como pedagoga Lucélia resolveu se afastar da profissão, mas os alunos sentiram falta da leitura e não hesitaram em procurá-la. Exatamente no dia 14 de Março de 2007 marcaram um encontro em sua própria casa e tornaram a tarde deliciosa com muitas leituras, na própria sala da casa. Conheça no vídeo abaixo a história do Bando da Leitura.

O Bando recebe o público leitor toda sexta-feira das 14h às 16h. Grandes grupos como escolas ou instituições devem entrar em contato por telefone para agendar a visita. Até cinco alunos não é necessário agendamento. Toda sexta-feira tem um grupo da comunidade que frequenta sempre. Não tem idade para frequentar a sala do quintal de Lucélia, o importante é querer ler e participar das atividades.

As 14 horas Lucélia inicia a tarde com contação de histórias, depois ela aplica trabalhos com o livro, tem dinâmica, ateliê de pinturas e reciclagem, teatro de fantoches e uma sucata com televisão e, para finalizar, a família de Lucélia oferece lanches a todos os leitores. Os filhos de Lucélia ajudam no Bando com os lanches e também com apresentações de canto e violão. O Bando da leitura não é uma Ong, é uma atividade criada pela Lucélia e pela família sem fins lucrativos. O Bando da leitura poderia ser chamado de um assistencialismo cultural, diz Lucélia. Mas, o intuito de todo esse projeto é um só: incentivar a leitura, finaliza.

 O caminho profissional e seus projetos

Haja fôlego, pois, o currículo de Lucélia Clarindo é extenso:

Em 1986 foi aprovada no vestibular para cursar Jornalismo na UEPG. Mas, não deu continuidade e ingressou em Pedagogia. Depois de finalizar o curso concluiu uma especialização em Arte.

Fez vários cursos a distância, estudou muito por conta própria e trabalhos na Secretária da Educação, sempre como professora incentivando a leitura. Atualmente ela faz um curso de pós-graduação de literatura em Curitiba.

Foi contadora de historias na Vila Hilda e em vários eventos, trabalhou na biblioteca pública, trabalhou em um ônibus que dentro existia uma brinquedoteca.

Trabalhou nos fins de semana em praças de Ponta Grossa com a famosa “mala da leitura”. Também participou do projeto o “Chá da poesia”.

Durante a entrevista Lucélia relembra que em 2002 participou pela primeira vez
da “Feira do livro” onde contou suas historias para leitores anônimos. Foi aí que começou a receber seus cachês e mais convites para contação e participação de atividades.

Lucélia participava de todos os festivais de Contação de histórias da cidade.

Entre seus projetos atuais está a Contação na casa da acolhida, também move uma linda ação que tem o nome de “Vejo flores em você”, que incentiva a leitura sobre as flores que pretende escrever com os participantes uma peça de teatro sobre o tema. Outro projeto movido pela fundadora do bando é com argilas.

Lucélia tem uma biografia escrita e vários artigos dos trabalhos acadêmicos. Ela pretende ainda escrever um livro que tenha as técnicas de leitura que ela mesma criou.

A tecnologia em relação à literatura

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“O importante é ler o livro seja no computador ou no celular ou em mãos, o importante é ler”

Lucélia Clarindo não vê nenhum ponto negativo em relação ao uso de dispositivos móveis pelas crianças. Ela afirma que quem limita as crianças e os adolescentes são os pais, “eles” que compram o celular ou o computador. Se os pais tiverem o hábito da leitura e leem juntos com os filhos, não haverá tecnologia que os impeça de ler.

Clique aqui e conheça a evolução dos livros aos longo dos anos.

 

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