Ponta Grossa

O relato de quem sobrevive da prostituição em Ponta Grossa

As profissionais que convivem com a violência, drogas e doenças sexuais contam como iniciaram nesse ramo

 

Por: Larissa Bim, Fábio Silva, Gabriel Cruvinel, Hurlan Jesus e Diego Ricardo

No Brasil, a prostituição é uma ocupação profissional reconhecida pelo Ministério do Trabalho desde 2002. No entanto, é uma área onde quem trabalha, na maior parte, são pessoas marginalizadas pela sociedade e que encontraram na profissão sua última saída.

Em Ponta Grossa, assim como em todo o país, o mercado da prostituição é aquecido, e uma das regiões centrais é conhecida há mais de 30 anos por ser o ponto principal das profissionais do sexo na cidade.

Nos arredores do Cemitério Municipal São José pode-se encontrar facilmente profissionais do ramo que buscaram neste mercado uma alternativa de renda, já que em outras áreas o preconceito impede as mesmas de exercerem outras profissões.

Vitória (ouça a entrevista na íntegra) conta que veio do Rio de Janeiro para trabalhar em Ponta Grossa, e que iniciou na profissão com 17 anos. “Comecei por falta de opção no mercado de trabalho”, relata. Atualmente, ela cursa a faculdade de Ciências Contábeis e aos 24 anos atende clientes com hora marcada para auxiliar na renda durante o dia, a noite ela busca por clientes nas ruas do centro.

Emanuelly (ouça a entrevista na íntegra) iniciou a se prostituir com 14 anos, após ser rejeitada pela família ao se assumir transexual. Natural de Ponta Grossa, ela conta que possui curso técnico em enfermagem e está cursando ensino superior em estética. No entanto, relata que atualmente, apesar de existir oportunidades para os transexuais estarem se especializando para seguirem em outras áreas, na hora de buscar por uma oportunidade de trabalho sofrem preconceito. “A própria sociedade empurra-nos para a prostituição”, lamenta.

Ambas pretendem abandonar a prostituição logo que terminem o ensino superior, segundo elas, esse é um mercado difícil onde “nem tudo são rosas” e a vulnerabilidade e riscos que a profissão apresenta também seriam motivos aos quais as fariam deixar esse trabalho.

Em relação aos crimes que rodeiam o mundo em que estão expostas como o tráfico de drogas e a prostituição de menores, as profissionais se contradizem, Vitória relata não ter conhecimento de situações que envolvam esses aspectos no meio em que trabalha. Emanuelly, por sua vez relata que casos como esses são frequentes e que além de lidar com a “perda” de amigas para o submundo das drogas afirma que há sim o envolvimento de menores com prostituição em Ponta Grossa. “Tem muito menor se prostituindo, a gente sabe que acontece, mas vai fazer o que, né?” lamenta.

 

Confira a Entrevista na íntegra:

Áudio Emanuely

Áudio Vitória

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *