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Conheça o sucesso do financiamento coletivo do escritor ponta-grossense Phellip Willian

“Uma nuvem em seu Oliveira” alcançou R$ 32 mil no Catarse

Por Elisângela Schmidt e Gabriel Ramos

Phellip Willian autor de ‘Uma nuvem no seu Oliveira’.

O escritor Phellip Willian é o autor do livro “Uma nuvem em seu Oliveira” que ultrapassou a meta de R$ 25 mil no financiamento coletivo do Catarse. A história em quadrinhos escrita por Phellip e ilustrada por Eduardo Ribas (Campo Bom/RS) conta sobre os embates de duas gerações, a personagem Joana, que está tentando curtir suas férias e um velhinho rabugento, o seu Oliveira que não aguenta as aventuras das crianças do bairro.

Em meio à trama algumas figuras características da cidade de Ponta Grossa aparecem, como a ‘Xuxa do Calçadão’ e o ‘Stalone’. Fatores que Phellip acredita terem ajudado na venda do quadrinho. “Acho que a gente teve mais apoios aqui [em Ponta Grossa] por conta de nós apresentarmos personagens típicos da cidade, isso teve um apelo maior, fez com que as pessoas se interessassem um pouco mais”, contou o escritor.

Com experiências bem-sucedidas anteriormente, como no livro ‘Saudade’ em 2017, Phellip apostou no financiamento coletivo para dar vida à história “Uma nuvem no seu Oliveira”. Foi por meio da plataforma Catarse que ‘Saudade’, escrito por ele e ilustrado por Melissa Garabeli, conseguiu sair do projeto e chegar às prateleiras.

“A grande possibilidade da internet é conectar com outros lugares, temos que pensar no mercado local, mas não precisamos nos limitar a isso, a gente pode alcançar outros campos e outros mercados, e este é o grande privilégio de usar uma plataforma como esta [Catarse], focar em outros compradores, outros espaços, isso que enriquece e possibilita a gente conseguir um valor tão alto”, explicou o escritor.

O mercado de venda de livros no Brasil tem passado por uma série de dificuldades, começando pelo baixo número de leitores e o fechamento de diversas distribuidoras por não conseguirem se manter.  Segundo Phellip isso acontece por diversos fatores, entre a demanda muito pequena de compradores e o valor elevado do material que costuma ser cotado pelo dólar.

Como esse cenário também se reflete em Ponta Grossa, a saída para aumentar as vendas e atingir mais público, foi o Catarse, uma das plataformas mais famosas de financiamento coletivo no país. De acordo com os dados apresentados pelo site, desde sua criação em 20211, cerca de 15.618 projetos já foram financiados na plataforma, movimentando R$ 169 milhões. O financiamento coletivo tem se popularizado principalmente entre artistas, escritores e produtores independentes que encontraram uma forma mais abrangente de vender seus trabalhos.

Para entender melhor sobre esses benefícios, Phellip comenta sobre como seria difícil alcançar a meta de venda na cidade. “O número de compradores em Ponta Grossa não é significativo para nós, apesar disso estar mudado devagar. Nosso maior público está em Curitiba, São Paulo, e até no Rio de Janeiro a gente tem público maior, aqui não temos muitos compradores. Tem quem se interesse por literatura e pelos livros, mas isso não reflete nas vendas.

Foto: Divulgação redes sociais
Divulgação da meta estendida da campanha no Catarse de ‘Uma nuvem no seu Oliveira’.

Em lançamento aqui a gente vende 10, 12 livros,

em um evento como a Comic Con nós vendemos 200.”

O ilustrador Eduardo Ribas, que mora em Campo Bom/RS, uma cidade com aproximadamente 69 mil habitantes, nunca havia trabalho com financiamento coletivo antes, apesar de já estar no mercado de quadrinhos desde 2017.

“ Sobre o Catarse, foi ansiedade o tempo todo. Acordava de manhã e a primeira coisa que fazia era atualizar o site. Eu já tinha lido relatos de artistas dizendo como funciona, que na maior parte da campanha, os apoios são poucos, que as vezes desanima, que parece que não vai atingir a meta. Mas o Phellip sempre dizia que ia dar certo, que estava indo bem. No fim ultrapassou todas as minhas expectativas. O Phe é um ninja do catarse, e agora eu não duvido mais, o que ele falar, eu acredito! ”

Atualmente vários sites de financiamento coletivo estão disponíveis, o próprio Catarse, o Kickstarter e o Vakinha são exemplos de onde começar. Por meio deles pessoas do mundo inteiro podem colaborar com seu projeto, podendo haver faixas de valores e recompensas para os colaboradores. Abaixo estão algumas informações e dicas do próprio Phellip sobre o financiamento.

Como é o processo para ter obras financiadas por financiamento coletivo?

É um processo que demanda da venda direta. Nós fazemos o trabalho que uma editora faria, que é produzir o livro, diagramar, deixar ele pronto para ir para a gráfica. Além disso, a gente se responsabiliza pela venda direta, pelo envio do livro pelo correio e também pela checagem, para saber se o livro chegou ao comprador, que é um processo bem demorado, que as editoras delegam para livraria ou para outros sites de venda.

Quais os segredos para ter um financiamento coletivo bem sucedido?

“Existem duas coisas que eu considero relevantes para ter uma campanha eficaz.

Primeiro angariar e conquistar um público. Tudo isso só acontece porque nós estamos conquistando um público há mais tempo. Nós imprimimos seis ou sete livros do próprio bolso e conquistamos esses leitores, para que quando a campanha fosse ao ar pudéssemos contar com eles. Começamos desde 2011 a ir em eventos de quadrinhos, e é esse público que conhecemos nos eventos que consome nosso produto. Nós pensamos a longo prazo, trabalhamos em livros menores para conseguir.

Conquiste seu espaço e público, faça as pessoas se interessarem      pelo seu trabalho para depois contar com o apoio delas

Segundo seria fazer uma boa campanha. São 60 dias de campanha, todo dia você posta alguma coisa sobre, cria materiais de divulgação, imagens, promoções, sorteios, cria uma maneira de chegar até as pessoas. O fato das pessoas lembrarem que você está com a campanha é importante. A ideia é ter um marketing muito consolidado.”

 

Conheça o escritor – Phellip Willian

Phellip William é professor e escritor, formado em letras pela UEPG e mestre pela mesma universidade. Aos 11 anos já escrevia poemas para a aula de português da escola, e aos 17 anos publicou alguns textos em antologias organizadas pela Fundação Municipal de Ponta Grossa. Escreve roteiros, quadrinhos e livros infantis, e atualmente possuí 6 livros lançados e publicados. Em 2015 organizou uma antologia chamada “Brado”, com autores e ilustradores de Ponta Grossa. Seu último trabalho foi “Saudade”, lançado em 2018. Foi vencedor do Prêmio Ângelo Agostini, uma das mais importantes premiações de histórias em quadrinhos do Brasil, e também finalista do Prêmio Jabuti.

 

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