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Ponta Grossa se destaca como grande consumidora de agrotóxicos no Paraná

Embora isso possa parecer um sinal de grande potencial agrícola e econômico, entenda quais problemas este consumo desenfreado pode causar

Por: Gabriel Ramos de Lima

Em 2018 foram anunciados pelo Sistema de Controle do Comércio e Uso de Agrotóxicos no Estado do Paraná diversos dados relativos ao consumo de agrotóxicos por diversas cidades do estado, entre as quais, Ponta Grossa se destaca como uma grande consumidora destes produtos. No ano do estudo, mais de 1 tonelada de defensivos agrícolas foram comercializados para produtores rurais da cidade.

Para muitos, estas informações parecem inofensivas, porém, em pesquisas realizadas no mesmo ano dos estudos citados, foram encontrados 27 tipos destes produtos contaminando as águas da Represa do Alagados. Complicando ainda mais este panorama, 10 variedades destes agrotóxicos são proibidas no Brasil, estando diretamente ligados a doenças crônicas em humanos e a intensa contaminação ambiental. Embora a pesquisa tenha sido realizada a quase três anos, apenas em 2021 os dados foram publicados oficialmente, em artigos e trabalhos científicos, acarretando uma maior divulgação.

Segundo Luiz Ricardo Olchaneski, Doutor em microbiologia e professor na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) estes dados são alarmantes, principalmente quando exploramos a lista de defensivos proibidos encontrados nas águas de Ponta Grossa. Entre os nomes, está um dos mais famosos, e perigosos, agrotóxicos já utilizados, o DDT (diclorodifeniltricloroetano).

Barato e de ação rápida, o DDT possuí fortes contraindicações, já que ficou plenamente comprovado que é um potente causador de câncer, principalmente o de mama, além de trazer severas complicações para gestações. “Além dos problemas diretamente ligados a saúde humana, o DDT é um poluente extremamente resistente, podendo persistir mais de 50 anos nos organismos a que foi introduzido” comenta Ricardo.

Gessica da Costa, bióloga e mestranda em microbiologia pela UEPG, estudou a ação de bactérias capazes de degradar diversos agrotóxicos, uma alternativa de extrema importância para cidades regiões com alto consumo de agrotóxicos. Segundo ela, não podemos apenas nos concentrar nos problemas causados à saúde humana, mas também as mazelas ambientais que estas substâncias causam.

“Microbiota, solos, corpos d’água, fauna e flora são drasticamente afetados por essas contaminações, de maneira que não apenas o ciclo da vida é afetado, mas toda uma cadeira ecológica é desestabilizada, e isso pode ser tão fatal quanto uma doença, ou ainda pior” comenta a pesquisadora e professora.

Até o momento, não houve o anúncio de nenhuma medida pública que estimule a redução no uso de agrotóxicos, ou a conscientização de que apenas devem ser utilizados rótulos legalizados, de maneira que a população segue a deriva, já que não se pode evitar o consumo de água.

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