Supermercado na zona sul do Rio de Janeiro.

Por: Lucas Franco

Com índices inflacionários elevados, os brasileiros estão gastando cada vez mais quando vão às compras

A inflação galopante dos últimos meses vem alterando drasticamente os hábitos de consumo dos brasileiros, sobretudo os que possuem menor renda. Segundo a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia,o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)passou de 7,90% para 9,70%. A estimativa dos economistas é de que o indicador aumente em 4,70 pontos percentuais, frente aos 3,75% calculados anteriormente. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado para calcular o reajuste salarial necessário de acordo com a inflação, também foi revisto pela pasta. O percentual subiu de 8,4% para mais de 10%. Os dados foram divulgados no mês de novembro.

O resultado desse monte de números e índices é a escalada de preço dos produtos nos supermercados, principalmente os que compõem a cesta básica. De acordo com um levantamento feito por professores do curso de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), a inflação dos alimentos da cesta básica supera os 15% em 12 meses. Ainda segundo o estudo, o açúcar cristal, o contrafilé, o óleo de soja, o café, a margarina, a batata e o tomate são os “vilões”, que subiram 28,55%, em média.

Reflexo direto nos lares

De acordo com Jonathan Michel de Oliveira Belo, que trabalha como trocador de ônibus no transporte coletivo, o alto preço dos produtos nos mercados está sufocando cada vez mais o orçamento familiar. “Eu vejo pela alta dos laticínios que eu compro para o meu filho. Eu deixei de comprar algumas coisas para poder comprar leite para ele. Por exemplo, se antes eu pegava 20 quilos de arroz ao mês, hoje eu pego 10 quilos. Algumas verduras eu já deixei de comprar. Esses dias o tomate estava R$ 8,00 o quilo. Com o salário que a gente ganha não tem como”, lamenta.

Para dar um fôlego financeiro a mais dentro de casa, Jonathan também trabalha como motorista de aplicativo no período da tarde. Ele conta que o uso diário do carro o coloca diante do grande inimigo das finanças de boa parte dos brasileiros atualmente: o preço nas bombas de combustíveis . “Para mim não está compensando mais por causa do preço da gasolina. Ultimamente eu trabalho só para abastecer. Esses dias eu consegui fazer R$ 80,00, mas gastei R$ 50,00 de para colocar gasolina no carro”, conta.

O que dizem os especialistas?

Existem diversos fatores que acabam elevando os preços dos produtos e punindo o bolso dos consumidores. De acordo com Sara Pavarini, que é economista e professora no ensino superior, a demanda represada, oriunda da paralização de algumas cadeias produtivas em escala global, é um dos motores da nossa inflação. “Tivemos um período muito longo em que o mundo teve uma redução de oferta de determinados produtos. Agora essa demanda represada está acontecendo”, explica.

Ainda de acordo com a especialista,os custos de produção aumentaram por conta da pandemia do novo coronavírus. A taxa cambial do dólar, associada aos movimentos de importação e exportação do Brasil, também exercem seu papel nos preços finais ao consumidor. “O petróleo é um fator de produção muito importante, pois, impacta quase todas as cadeias produtivas. O dólar alto também influencia porque nós importamos alguns dos itens que compõe nossos produtos. Esses itens ficam mais caros com as altas do dólar”, finaliza Sara.

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