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Por que é tão importante a união e a manifestação de mulheres na comunidade como vivência em sociedade?

Por Raíssa Galvão Ribeiro

A relação da mulher com a mobilidade urbana é um assunto que envolve várias temáticas, como a emancipação, industrialização, liberdade, trabalho e violência.

As mulheres foram ganhando espaço e visibilidade a partir do período industrial, quando saiam de seus espaços restritos e suas casas se mobilizando até o trabalho. Para elas, antes disso era muito rigoroso mover-se nas cidades, mas após esse período foram formados grupos em prol dos direitos trabalhistas e sua mobilidade.

A rua nunca foi considerada um espaço para as mulheres, e sim uma desconstrução diária do seu direito de ir e vir conquistado pelos movimentos sociais feministas, mostrando conflitos e desigualdades aos direitos da mulher até os dias de hoje.

Ouvir frases como “Nossa, você vai sozinha?” são comuns durante o deslocamento de mulheres, já que envolvem fragilidade, medo, violência e o fato dela estar desacompanhada de uma figura masculina.

Caso Andressa Lustosa

Na cidade de Palmas – PR, uma ciclista ficou levemente ferida após sofrer uma importunação sexual enquanto pedalava. A mulher caiu após um carro se aproximar, quando o passageiro do veículo passou a mão em seu corpo. O caso aconteceu no dia 26 de outubro deste ano (2021).

Andressa expondo seus machucados após queda sofrida devido à importunação sexual.
FOTO: Redes Sociais.

Durante o passeio, Andressa disse não ter percebido que se tratava de uma importunação sexual, que no momento considerou como um acidente, o que ocorre frequentemente entre carros e bicicletas. No entanto câmeras de segurança do estabelecimento em frente ao ocorrido, registraram todo o ato e após o dono verificar as imagens, notou que o motivo do acidente era decadente. “Eu acho que está na hora de alguém tomar uma atitude. A gente não está aguentando mais esse tipo de situação. É humilhante nós mulheres não podermos sair na rua para fazer uma atividade física. Você não pode sair na rua por medo. O que é isso? Em pleno século XXI, é triste. Não é normal isso”, disse Andressa.

Momento em que Andressa sofre importunação sexual.
FOTO: Câmera de monitoramento.

O motorista e o passageiro foram detidos e levados até a delegacia de Palmas, mas o caso de Andressa não é um caso isolado, e sim mais um entre tantos. “Esse caso serve para tentar ajudar todo mundo a fazer a mulher denunciar, porque o meu é só um entre tantos casos de abuso contra mulheres”, conclui a jovem.

Manifestação contra assédio a mulheres

Após o caso repercutir por todo o Brasil, em Ponta Grossa (PR), um grupo de mulheres organizou um ato em prol da ciclista assediada, com apoio e incentivo da Bicicletada Feminista de Curitiba. O objetivo foi de lutar contra o assédio que as mulheres sofrem de todas as formas. “Não aguentamos mais nossos corpos serem alvos de machismo e assédio imposto sobre nós por culpa de uma sociedade machista e patriarcal.”, disse Rafaella Sartori Barbosa, uma das organizadoras do evento.

FOTO: Raíssa Galvão Ribeiro

Mais de 50 mulheres se concentraram na praça Barão do Cerro Azul no centro da cidade, pedindo por justiça, paz e seus direitos de liberdade. Às 19 horas, elas desceram de bicicleta, skate e a pé pela Avenida Vicente Machado, com gritos de força e homenagens às mulheres ativistas, encerrando o ato no Parque Ambiental.

Foram contadas histórias, relatos e produzidos cartazes, para conscientizar as pessoas e apoiar as mulheres na luta diária de seus direitos em meio a sociedade.

Uma alternativa para a mobilidade nas cidades é investir em transportes alternativos, que são soluções desde o século passado. Uma cidade que pensa em investir nas relações entre pessoas consequentemente garante um espaço cada vez mais democrático para todos, bicicletas, carros, entre outros veículos, além de desconstruir estereótipos ligados a debates de gênero ou classe, construindo também uma democracia de corpo e de representações.

Confira abaixo no vídeo, como foi a Bicicletada Feminista (ato em prol da mobilidade feminina) na cidade de Ponta Grossa – PR.

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