A representatividade na mídia e as consequências de sua falta

Por Gabriel Fornazari

A representatividade na mídia é um tema importantíssimo e que geralmente é deixado de lado por diversos fatores, mas a discussão sobre o tema é essencial, ainda mais levando em conta a sociedade atual. Afinal, a representatividade é realmente importante? Quem sofre mais com a falta dela? Quais são os meios mais eficazes para a difundir?

 A representatividade é o ato de representar certas pessoas e grupos em veículos de comunicação de grande alcance, como o cinema, televisão, música entre outros, fazendo com que eles tenham uma pessoa que valide sua voz e sua luta, além de ter um modelo positivo para seguir. Um exemplo de representatividade é um filme ter a maioria de seu elenco negro em papéis diversos e importantes para trama, ou então uma mulher estar em um cargo importante em uma produção para TV.

A representatividade existe, mas ela é muito mal distribuída, e os grupos que realmente necessitam dela são os que quase sempre acabam não representados (pessoas LGBT+, pessoas negras e outras minorias).  “Eu não me sinto representado nas mídias em geral, me sinto, na verdade, humilhado com personagens que se parecem comigo [sou negro] e são usados apenas como alívio cômico ou como bandidos”, relata o estudante Felipe Lorca, 16 anos.

Se for usada da maneira certa, a representatividade pode realmente mudar a vida de uma pessoa, como relatou a atriz Whoopi Goldberg, que disse que, após ver a atriz Nichelle Nichols, que é negra, em Star Trek, soube que ela também poderia estar lá, soube que também poderia fazer aquilo, e isso a fez persistir em seus sonhos.  “Quando eu tinha 9 anos de idade, ‘Star Trek’ estreava. Eu olhei e saí gritando pela casa: ‘Vem, mãe, todo mundo, venham rápido! Há uma mulher negra na televisão e ela não é a empregada!’ Eu soube desde então que eu poderia ser o que eu quisesse”.

Já se for usada da maneira errada o resultado são propagações de preconceitos e padrões de comportamentos que muitas vezes são tóxicos. Um exemplo de representatividade usada de maneira errada é a mania constante de colocar uma mulher em uma posição frágil e delicada, na qual ela sempre precisa de um homem para dar o próximo passo. A propagação desse padrão nas grandes mídias tem um efeito negativo na sociedade, onde meninas crescem achando que esse é o jeito que elas devem agir, que elas não precisam pensar por elas mesmas porque o homem vai fazer todo trabalho, e isso é representatividade negativa.

Os meios mais eficazes para distribuir a representatividade de forma justa e que beneficiasse a todos seria diversificar todas as produções que alcançam o grande público, principalmente com séries e filmes. Hoje em dia ainda há exemplos de filmes e séries com protagonistas negros, LGBT+ ou mulheres fortes, e mesmo eles sendo poucos já fazem uma grande diferença em uma sociedade que se nega a abrir os olhos para as diferenças.

Temos ótimos exemplos recentes de filmes com elenco diverso. Como explica o universitário Leonardo Cremonini, 20 anos.  “O filme Pantera Negra é o primeiro filme de super-herói com protagonista e elenco negro. E foi um filme de grande alcance, visto por milhões. Então milhões de jovens, que já veem com adoração os heróis da Marvel, estão tendo contato com um herói não americano e não branco. O herói nos EUA é a máxima de bondade e justiça, então colocar o Pantera Negra nessa posição é realmente ótimo para representatividade negra”.