Por: Luana Abrantes
Data enfatiza os avanços no tratamento da doença e a importância de falar sobre a mesma
Instituído em outubro de 1987 pela Assembleia Mundial de Saúde e com apoio da Organização das Nações Unidas – ONU, o dia 01 de dezembro é lembrado como o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS e tem como objetivo conscientizar, destacar a importância do tratamento para as pessoas conviventes com o vírus, além de ressaltar as formas de prevenção e combater o preconceito.
A AIDS (Acquired Immune Deficiency Syndrome –na tradução Síndrome da Deficiência Imunológica Adquirida), é provocada pelo vírus HIV e teve o primeiro caso identificado no Brasil 1982, onde já era classificada como pandemia, estando presente em 14 países naquele mesmo ano. Na década de 80, pouco se sabia sobre a doença e por isso a série de cuidados adotados pelos médicos e pacientes era um retrato do que foi presenciado durante a pandemia do Covid-19, como conta o infectologista Artur Timerman, em entrevista para a revista Veja: “Naquele tempo, os profissionais de saúde precisavam se paramentar com dois aventais, luva, máscara, óculos e gorro… Havia muito medo de se contaminar com a saliva ou vômito, por exemplo”.
Atualmente, 34 anos depois da descoberta da doença, as buscas pela cura ainda são contínuas e as pesquisas seguem avançadas a área. Graças a elas, é possível conviver normalmente com a AIDS, de forma que o vírus se torne até intransmissível, devido ao tratamento antirretroviral, que se feito de forma correta, garante qualidade de vida ao paciente.
O Brasil é hoje referência internacional no tratamento de HIV/Aids, com base na assistência inteiramente gratuita desde a testagem ao tratamento efetivo pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundos dados do Ministério da Saúde Federal, em 2020, mais de 900 mil pessoas vivem com HIV no Brasil, entre homens, mulheres, comunidade LGBTQIA+ e crianças.
A artista plástica e ativista da causa, Micaela Cyrino, de 30 anos, nasceu com HIV e perdeu a mãe em decorrência da AIDS. Ela comentou sobre a dificuldade em entender o motivo da sorofobia, que ela sofria em diversas situações. “Na minha infância isso foi bem marcante, principalmente na escola. As pessoas falavam que não podiam brincar comigo, porque eu tinha HIV e eu fiquei com aquilo, sem entender. Na adolescência, comecei a entender essa questão do preconceito e aí lutar contra ele.”
Em se tratando de direitos, a pessoa vivendo com HIV tem o direito garantido por lei de manter em sigilo a sua condição sorológica, auxílio-doença ou aposentadoria, (independentemente do período de contribuição), além da garantia lei nº 12.984, de 2 de junho de 2014, que pune qualquer tipo de discriminação ao portador de AIDS/HIV. Vale ressaltar que hoje em dia, com o tratamento e acompanhamento correto, a carga viral se torna indetectável nas mães, fazendo com que as chances da criança nascer com o vírus seja quase nula.
Segundo dados das Nações Unidas Unaids, cômoda mesma forma que Micaela, 64,1% das pessoas conviventes com o vírus já sofreram algum tipo de preconceito. Sendo assim, a ativista ressalta a importância do diálogo entre o portador, família e sociedade, de forma mais abrangente nas políticas públicas, para que não se julgue sem conhecimento da causa.