Relatos do cotidiano intenso de uma mãe e seu filho diagnosticado com o transtorno
Relatos do cotidiano intenso de uma mãe e seu filho diagnosticado com o transtorno
Relatos do cotidiano intenso de uma mãe e seu filho diagnosticado com o transtorno

Por Amanda Nunes, Andrea Borges, Daniela Alves, Gabriel Fornazari e Larissa Bim

O Autismo (Transtorno do Espectro Autista) é uma dificuldade de aprendizagem que afeta as habilidades sociais das pessoas. É extremamente comum e, atualmente, existem cerca de dois milhões de brasileiros diagnosticados com o transtorno. Segundo o Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, uma a cada cem crianças são afetadas no mundo. E esse número aumenta com o passar dos anos.
Pacientes diagnosticados com o transtorno possuem dificuldade para desenvolver relações com outras pessoas. Mesmo sendo conhecido há algumas décadas, ainda não foi encontrada cura e até mesmo as suas causas são desconhecidas.
Três tipos do transtorno conhecidos atualmente: Síndrome de Asperger, Transtorno Invasivo do Desenvolvimento e Transtorno Autista, este último sendo o mais grave entre eles. Geralmente o diagnóstico é complicado, pois os sintomas podem ser os mais variados e de diferentes intensidades, fazendo com que a pessoa necessite de um acompanhamento médico intenso, além de ajuda da família e pessoas próximas.
Gislaine do Rocio Rocha Simões é professora e mãe do Théo, de dois anos de idade. Ela conta que na escola o filho não tem interação nenhuma com os colegas, a única criança com quem ele interage é o irmão, que também possui um grau leve de autismo. O nível do transtorno do filho ainda não foi classificado, no entanto, a mãe diz que foi percebido ainda quando o menino tinha menos de um ano por conta de vários sinais que ele apresentava. “Pela grande dificuldade de comunicação que tínhamos com ele e a sua alta irritabilidade eu já desconfiava”, conta.
Os tratamentos de Théo envolvem visitas constantes a uma psicóloga e uma fonoaudióloga, além de uma intensiva e necessária dedicação em casa. “Além de adaptar a casa eu também mudei muito a minha rotina, principalmente a minha rotina de trabalho, que é muito intensa. (…) Além de levar ele a todos os tratamentos, preciso sempre estar atenta a qualquer evolução que ele tenha”, assinala.
Outro problema muito comum para famílias com crianças que sofrem com o autismo, principalmente para as de baixa renda, é a questão financeira. Isso porque não existem tratamentos especializados disponíveis na rede pública obrigando o acompanhamento privado, o que dificulta a convivência na sociedade e para a formação de um adulto independente. “Na rede pública não existe nenhum tipo de programa de tratamento adequado para o autismo na área da saúde e de educação, pois muitos profissionais não têm uma formação e conhecimento adequados para o assunto. Eles se sentem desavisados, como se não fossem capazes de atender como deveriam”, relata a mãe de Théo.
Por conta de diversas dificuldades encontradas, Gislaine está realizando uma pesquisa sob o ponto de vista jurídico sobre o assunto. O intuito é melhorar as condições dos planos de saúde para pessoas com o transtorno, principalmente no município de Ponta Grossa. “Eu tenho tentado aprofundar essa pesquisa, não somente para fins acadêmicos, mas para também ajudar quem for preciso, porque a sensação que você tem quando está nessa situação é de total insegurança e incerteza, é bem angustiante”, desabafa.
Além de todas as preocupações com a saúde de Théo, outro motivo inquieta a mãe é o preconceito, o sofrimento que a condição de seus filhos pode causar ao emocional deles. A convivência na escola e em outros tantos lugares pode ser difícil por conta de dificuldades e impasses pessoais. “As pessoas têm que compreender que isso é uma diferença e também serem mais humanos e compreensíveis, pois a preocupação maior é que eles sofram algum repúdio ou isolamento. Já basta que eles tenham essa dificuldade e que eles por si só já tenham o isolamento natural, se eles percebem que as pessoas estão se afastando, pode ser muito doloroso”, explica.
Para ela, por conta das dificuldades pessoais do filho, qualquer coisa pode ser uma novidade, desde um gesto ou até mesmo um som novo. “Quando se tem um filho assim, cada pequeno gesto ou pequena ação pode transformar o dia em um evento”, relata Gislaine.

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