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Uma corrida feminina: orgulho de ser mulher e motorista

A opinião de uma mulher Uber em um cotidiano dominado por homens
A opinião de uma mulher Uber em um cotidiano dominado por homens

Por Amanda Nunes, Andrea Borges, Daniela Alves, Gabriel Fornazari e Larissa Bim

A empresa Uber está ganhando espaço por conta do menor custo e qualidade de atendimento. Mesmo competindo com os táxis, o serviço apresenta uma vantagem por conta de ser rápido e muito mais tecnológico. A empresa fez com que diversas pessoas que estavam desempregadas ou querendo dar um novo rumo para sua vida aderissem a este novo modo de trabalho. No mundo todo, a Uber conta com 18 milhões de funcionários, mesmo com esse grande número há uma falta de diversidade entre eles, sendo que apenas 38% são mulheres.
Segundo estudos da Universidade de Stanford, da Califórnia, além da grande diferença entre mulheres e homens contratados, há também a diferença salarial entre eles, com os homens ganhando em média 7% a mais do que as mulheres (por hora R$ 4,04). A empresa explica que a diferença salarial se dá por conta de que os homens têm uma jornada de trabalho mais extensa do que as mulheres, trabalhando quase 50% a mais.
Essa jornada de trabalho reduzida das mulheres é explicada por muitas delas, tendo como fato principal, o medo de trabalhar no período noturno e também pela jornada doméstica e cuidados com a família. Além disso, a maioria das motoristas tem receio de receber pessoas estranhas no seu carro, principalmente quando são homens.
Com casos de assédio e até mesmo violência sexual aumentando cada dia mais, aumenta também o medo. “Eu considero arriscado e pouco compensatório, fico apreensivo com os riscos por se tratar de uma mulher, mas nunca liguei por ela escolher correr”, relata Cristiano Barbosa, marido da uber Letícia Massaretto.
O preconceito com as mulheres motoristas também é muito grande, muitas delas passando por situações constrangedoras devido a estereótipos, como no caso, o de que as mulheres são menos aptas para conduzir veículos.
No cotidiano das ruas, a convivência entre homens e mulheres motoristas pode ser difícil. “Nunca sofri nenhuma situação constrangedora, mas percebo que a falta de educação no trânsito é assustadora. Não sabemos conviver no mesmo espaço. O ego dita as regras”, comenta a professora e motorista do aplicativo, Fernanda Barreto Pereira da Silva, que se tornou uber após ficar desempregada há dois anos.
Há muitos casos de assédio e até mesmo estupro envolvendo motoristas homens da plataforma em países do mundo todo, o que ganhou maior repercussão foi na Índia, em 2014, que fez com que o aplicativo fosse banido da capital Nova Déli. No Brasil não é diferente, em cidades grandes como São Paulo e nas principais capitais já houve inúmeros relatos.
O medo das mulheres chega a ser constante, sendo que não se sentem seguras nem conduzindo o veículo e muito menos sendo conduzidas por um motorista homem. A Uber não indeniza passageiras que já sofreram com violência de qualquer tipo em viagens do aplicativo, apenas banem o motorista da empresa. Por outro lado, as mulheres motoristas têm como o principal foco de seu trabalho tratar bem e com educação os seus clientes, já se diferenciando de uma parte de seus colegas homens.
Em meio a tantas situações constrangedoras e de violência, as mulheres continuam lutando por seu espaço em um ambiente normalmente dominado por homens, mostrando muita competência e esforço em seu trabalho. A Uber diz que até 2020 quer criar um milhão de vagas para motoristas mulheres, e isso só é possível com o aumento da diversidade e do trabalho bem feito.

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