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Oficiais relatam dedicação e felicidade por fazerem parte do Exército

Um dos grandes sucessos na carreira militar é ocupar a posição de General de Exército. Mas, para chegar lá, o caminho é longo. Oficiais da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) contam detalhes da trajetória que estão percorrendo.

Por Daniele Ribeiro, Laísa Morais e Stefhani Romanhuk/Foto destaque: Sérgio Duze

Ao longo da carreira, Domingos enfrentou diversas missões
Ao longo da carreira, Domingos enfrentou diversas missões pelo Exército Brasileiro

Todo militar que escolhe seguir carreira dentro do Exército Brasileiro, passa por um longo processo de formação. Estudos, concursos, treinamentos e abdicações da sua vida como civil fazem parte da rotina, já que nem sempre é possível estar presente com a família, em sua cidade natal. Mas, tudo isso, visando um objetivo maior: a consolidação da carreira como militar e a meta de alcançar posições de chefia no Exército, como o cargo de General.

Para o militar formado pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), uma etapa obrigatória nesse processo, é o ingresso na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), por meio do concurso de admissão. A Escola fica localizada no Rio de Janeiro/RJ e prepara oficiais superiores para exercer funções de Estado-Maior, comando, chefia, direção e assessoramento aos escalões mais elevados do Exército Brasileiro.

Domingos Pinto da Silva Junior é aluno da ECEME e afirma que o ‘sangue verde-oliva’ corre das veias desde a infância. “Na condição de filho de militar, durante praticamente toda a minha vida eu morei dentro de quartéis, vivi dentro de vilas militares e percorri com a minha família todo esse Brasil. Naturalmente, pela influência paterna, eu acabei conhecendo melhor, tendo ciência da atividade e criando gosto por isso desde sempre”, conta.

Domingos nasceu em Varginha/MG e já morou em mais de 15 lugares pelo Brasil, estudando e servindo ao Exército, de norte a sul do país, passando por estados como Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. A adaptação da família não foi fácil. A esposa dele, Verusca prestou concurso federal para poder conciliar a vida profissional dos dois e ainda acompanhar o marido, juntamente com os dois filhos: César Augusto e Samuel.

Ao longo da carreira, Domingos enfrentou diversas missões, mas a mais marcante aconteceu nos anos de 2014 e 2015, quando serviu no Rio de Janeiro. “Eu apoiei a força de pacificação no complexo da Maré no Rio de Janeiro, durante alguns meses, e lá nós fizemos patrulhamento numa região cuja segurança estava comprometida e foram momentos em que nós nos expúnhamos a um risco um pouco maior, então essa foi uma missão de muito aprendizado e a que mais marcou a minha carreira”, relembra.

Sobre o auge da carreira militar, Domingos acredita que “Ser general é um sucesso na carreira, com certeza. Mas, para ser general tem que ter espírito de liderança, confiança nos seus superiores, tem que ter muito patriotismo, fé na missão e trabalhar diariamente em prol do benefício da nação”, finaliza.

Um oficial que já serviu na ONU

Para o Major, uma das maiores alegrias da profissão é poder contribuir com a nação
Para o Major, uma das maiores alegrias da profissão é poder contribuir com a nação

Outro Oficial-Aluno do curso da ECEME que almeja um dia chegar ao generalato, é o Major de Infantaria Maurílio Ferreira da Silva Junior. Natural de Araguari/Minas Gerais. Ele já viajou por todo o Brasil, ora ao lado da esposa e do filho, ora com o pai, que também era militar e foi a maior influência na escolha da profissão.

Maurílio, que escolheu a Arma de Infantaria, no curso da ECEME tem a oportunidade de aprender sobre outras Armas, Quadro e Serviço: Cavalaria, Engenharia, Artilharia, Comunicações, Material Bélico e Intendência. “Cada arma tem uma missão específica, mas, aqui nessa escola, todos que estão fazendo esse curso aprendem tudo de todas as armas, para justamente formar o generalista. Porque o general não tem arma, ele perde a arma e a partir daí ele pode dar soluções para um exército, para a sua fração, independente da arma que ele seja”, conta.

Uma das experiências de maior destaque na carreira de Maurílio, foi a participação na Missão de Paz da Organização das Nações Unidas (ONU) na República Democrática do Congo. Sob a liderança do General Carlos Alberto dos Santos Cruz, Force Commander, na ocasião, ele passou um ano e 14 dias longe da pátria e da família, passando por situações que não saem da memória. “Nas experiências de combate, elas foram bem marcantes. Saiu muito noticiado à época na mídia, uma marcha que nós fizemos através da selva, onde realmente estava acontecendo um embate muito grande. Infelizmente muitas pessoas morreram do Exército do Congo, e a população no entorno estava sendo muito afetada. Mas são ações como essas na busca de neutralizar os grupos armados, que permitiram a ONU proteger os civis”, relembra.

No Exército Brasileiro (EB), o reconhecimento é uma conquista possível somente pelo caminho da meritocracia. Desde o momento que o militar é admitido, cada nota obtida na academia, cursos extras–como de guerra na selva, paraquedismo, forças especiais, idiomas, entre outros -, tudo é quantificado. Dessa forma, aqueles que ascendem na carreira se tornam mais aptos a comandar uma unidade e concorrer ao generalato. “A gente fala que um general tem uma história inteira atrás, não está ali à toa, e não foi escolhido de última hora. Isso é uma das coisas que nos diferencia muito de outras profissões. Toda a vida do militar é levada em consideração e quando ele chega no ápice da sua carreira, ele está pronto para dar as soluções necessárias e que são difíceis. Aquele militar que está ali designado está pronto para resolver aqueles problemas”, explica Maurílio.

Para o Major, uma das maiores alegrias da profissão é poder contribuir com a nação. “Nosso lema maior, ‘braço forte, mão amiga’ é aquilo que guia a nossa atuação durante toda a carreira. O braço forte nunca podemos deixar de lado, como esse exercício que está acontecendo aqui, visando ter sempre poder de combate capaz de repelir e manter a nossa soberania. Mas, nunca nos esquecemos dessa parte da mão amiga, que é algo que nos diferencia de qualquer outro exército do mundo. Esta parte toda que nós vemos de assistencialismo, a parte de auxílio e combate à dengue, enchentes, desastres naturais, terremotos e tantas outras missões, nos fazem perceber que nós contribuímos com a sociedade para que ela possa crescer e ter o Brasil como nosso foco principal”, conclui.

“De férias” porque faz o que gosta

Quem faz o que gosta, está sempre de férias e estou de férias há 25 anos
“Quem faz o que gosta, está sempre de férias e estou de férias há 25 anos”, brinca o militar

A busca por um propósito, um estilo de vida, os valores e os princípios que a regem e a missão de contribuir de alguma forma para a nação, são alguns dos fundamentos que os oficiais do Exército Brasileiro possuem. O Tenente-Coronel Queiroz, seu nome de guerra, nasceu no Rio de Janeiro. A missão já levava no sangue: neto e filho de militar. Respirava e aspirava essa profissão desde a infância.

Gustavo Queiroz entrou na AMAN em 1994, formando-se no curso de Ciências Militares na Arma de Infantaria, em 1998. Após sete anos de formado, o Ten. Coronel foi para a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO). E atualmente cursa o primeiro ano da ECEME, a instituição de mais alto nível dentro do Exército Brasileiro. Para todos os oficiais combatentes de carreira, entrar para a ECEME é um motivo de orgulho. “A aprovação nos é muito cara, por isso o orgulho que temos de ter sido aprovado é algo que transcende a compreensão. Uma vez que lutamos tanto para estar aqui dentro, aproveitamos ao máximo porquê de fato o Exército é preocupado com essa capacitação”, reflete.

Durante sua carreira militar, Gustavo atuou em cidades como Maceió (AL), Rio de Janeiro (RJ), Belém (PA) e Brasília (DF), o que faz parte do objetivo do Exército, que é proporcionar para o oficial conhecimento e vivência nacional.  Além disso, o Ten. Coronel já participou de algumas operações reais, como os Jogos Mundiais Militares no Rio de Janeiro em 2011 e uma em especial foi a operação no estado do Pará, após a morte da Irmã Dorathy. “Fui para um município no interior do Pará, ficamos 60 dias em operações e foi uma experiência inenarrável e de grande crescimento profissional”, relembra.

Ser militar e ter toda a instrução necessária para praticar esse ofício exige anos de estudos teóricos e preparação prática. Esse é o objetivo das escolas militares que visam fazer essa instrução, a qual busca extrair o máximo possível do aluno, utilizando de maneira efetiva a linha acadêmica paralela à linha militar. Além do mais, para servir a nação durante a vida é indispensável o amor pelo verde-oliva que veste. “Quem faz o que gosta, está sempre de férias e estou de férias há 25 anos”, explica.

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