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Musicoterapia: mudando vidas e cuidando de pessoas através dos sons

A musicoterapia é uma ciência que começou a se desenvolver nos anos 1940, ao final da Segunda Guerra Mundial. Essa forma de terapia se utiliza da música para atender necessidades físicas, mentais, sociais e cognitivas de pacientes de todas as faixas etárias e com os mais variados problemas clínicos.

História

Luciana Alves da Silva, que atua no programa Saúde Escolar da Prefeitura de Ponta Grossa, conta que a música é utilizada em benefício do ser humano desde muito antes do surgimento da musicoterapia como ciência. “O uso da música para alcançar o bem-estar e promover a socialização vem desde o início da humanidade”, afirma, citando exemplos dos rituais de pajelança das tribos e o relato bíblico do rei Davi.

Mas a atuação da música na saúde humana só passou a ser estudada nos em meados do século passado. “Os enfermeiros norte-americanos perceberam que os soldados que eram tratados com música apresentavam resultados mais positivos. A imunidade era maior”, explica Luciana.

Os diferenciais da musicoterapia

Os musicoterapeutas apontam as particularidades dessa forma de tratamento. Para Thiago Pauluk, que atua por meio da Fundação de Assistência Social com pessoas com deficiência, o principal diferencial está na expressão do paciente. “Por utilizar a música e seus elementos, a musicoterapia se torna não-invasiva, prazerosa e introspectiva, acessando conteúdos que a palavra não expressa”, descreve. De acordo com ele assim o indivíduo consegue se expressar de uma maneira que ele não conseguiria em outra forma de tratamento.

A maneira como os elementos da música atuam em diferentes áreas do cérebro também é uma vantagem. Segundo Luciana o ritmo ajuda muito na questão motora e na fala, assim como a melodia. “A harmonia lida com o lado lógico. Então a música atinge o cérebro de forma total, desenvolvendo diversas habilidades”, relata.

Atuação e casos marcantes

No programa Saúde Escolar, Luciana atende crianças com dificuldades de aprendizagem decorrentes de problemas como déficit de atenção, autismo, problemas neurológicos e genéticos. Para ela, o trabalho com a criança tem uma grande perspectiva de resultados. “A criança está mais aberta ao aprendizado. Se você souber fazer isso de forma lúdica, a criança adere muito bem e acaba resolvendo os problemas dela cantando, brincando”.

Ela relembra casos marcantes de pessoas que foram beneficiadas pela musicoterapia ao longo de sua carreira. “Tenho casos de pacientes os quais não se acreditava que pudessem trabalhar e hoje trabalham, terminaram faculdade, têm família, estão inseridos na sociedade e lidando bem com suas dificuldades,” conta.

Thiago cita um relato de uma pessoa que chegou com um quadro de TEA (Transtorno do Espectro Autista), sem verbalização, inadequação comportamental e não aceitação de contato físico. “Em processo intenso há quatro anos, audição e dedicação de músicas, seu comportamento foi mudando. A interação com a música foi deixando o terapeuta se aproximar de seus conteúdos internos”, narra. O musicoterapeuta lista os resultados positivos do tratamento até aqui. “Atualmente, a paciente possui verbalização, atenção, orientação cognitiva e interação com o mundo.” Thiago destaca também a integração da musicoterapia com outros tratamentos para o desenvolvimento da paciente.

Formação e procura pela musicoterapia

A graduação em musicoterapia concilia os conhecimentos musicais e clínicos, Luciana explica com essas duas áreas caminham juntas na formação. “Precisamos saber sobre as doenças que acometem o ser humano, o que elas causam e como a música pode influenciar positiva ou mesmo negativamente no processo de tratamento”.

Na opinião dela, a musicoterapia é uma área que vem crescendo, porém de forma lenta. “Eu sou formada desde 1997. São 21 anos como musicoterapeuta e agora é que eu sinto que tem uma aceitação maior. E antes de mim já havia a musicoterapia há 30 anos no Brasil,” argumenta. Segundo Pauluk, as recomendações dos pais de pacientes beneficiados é o que têm contribuído para o aumento da procura pela musicoterapia. “Por se tratar de uma profissão não muito antiga, o reconhecimento, principalmente aqui em Ponta Grossa, tem se dado dessa maneira, no boca a boca”, finaliza.

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