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O Instituto Médico Legal de Ponta Grossa  ainda sofre pelos mesmos problemas relacionados a falta de estrutura. O Instituto conta com projetos para novas instalações , porém ainda não saiu do papel. Segue  com atendimento improvisada em conteiners ao lado do Hospital Regional 

Por: Victor Freitas

O Instituto Médico Legal (IML) de Ponta Grossa está em estado crítico. Desde agosto do ano passado o IML deixou o prédio, localizado no bairro Novo Rússia ao lado da 13º delegacia de Polícia Civil e foi instalado provisoriamente em contêiner, anexo ao Hospital Regional Wallace Thadeu de Mello e Silva, na região de Uvaranas. Além de Ponta Grossa, o instituto é responsável por atender 28 cidades da região dos Campos Gerais, com a função de liberar as necropsias e laudos cadavéricos. O órgão é pertencente a Polícia Científica do Estado do Paraná na área de medicina legal, subordinado a Secretaria de Segurança Pública, onde são realizadas as autópsias, exame de lesões corporais, entre outros exames.
Apesar de o contêiner ser uma das soluções encontradas pelos órgãos responsáveis, várias famílias sofrem devido à falta de estrutura adequada na liberação dos corpos. Além disso, grande parte dos funcionários e médicos não tem toda estrutura que tinham no antigo local.  Para o Doutor e ex-legista Leodocir Bonfanti Júnior a situação do IML é “horrível”.
Leodocir foi legista durante dez anos e deixou suas atividades no final do ano passado. “Com relação aos containers não é o local ideal para realizar uma necropsia, tanto pela falta de iluminação quanto pelo espaço e circulação de ar. Eles teriam que alugar ou construir uma sede apropriada, principalmente para as pessoas mais humildes, o IML é um órgão da polícia científica e não da medicina”. concluiu Bonfanti Júnior.

‘Com relação aos containers não é o
local ideal para realizar uma necropsia,
tanto pela falta de iluminação quanto
pelo espaço e circulação de ar.”
Dr. Leodocir Bonfanti Júnior
(ex legista IML)

Caso Matheus

Matheus Gabriel Felde, 21 anos, era servente de pedreiro e morador do bairro Santa Lúcia, morto pela polícia após abordagem em confronto armado. O caso aconteceu em Ponta Grossa no mês de abril deste ano.
A família do jovem questiona o atendimento prestado pelos funcionários do IML após o acontecimento.
“Eu encontrei no chão do contêiner, dentro de um saco, o local estava cheio de sangue, inclusive fica próximo do refeitório do Hospital Regional. Eu esperava que ele tivesse numa cama de concreto. Eles foram bem desumanos e não respeitaram a nossa dor. Ainda com auxilio de um advogado, levei mais de 48 horas até a liberação do corpo, por que faltava o Registro Geral (RG). Fui reconhecer o corpo dele e eles trataram o meu irmão, como se fosse um lixo”. aponta Samanta Felde.

E o Muro?

Segundo os moradores que moram ao redor do antigo prédio do IML que fica ao lado da 13º delegacia de Polícia Civil.
O  imóvel encontra- se atualmente tomado pelo mato em total abandono.*Maria conta que não consegue dormir com medo da queda do muro condenado pela Defesa Civil, para ela essa constatação nunca existiu e que os órgãos competentes nada fizeram a respeito.   “Estamos esperando a tragédia acontecer e o soterramento da minha casa e a dos meus vizinhos”. confirma uma das moradoras que não quis se identificar.

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O IML de Ponta Grossa está instalado provisoriamente ao lado da cantina do Hospital Regional, com fiação elétrica exposta

IML, Um Problema Antigo

Segundo o Dr. Lauro Schoenberger Filho, Pediatra, Diretor Clinico do Hospital da Criança João Vargas de Oliveira, Intensivista, Legista,Epidemiologista e  ex-diretor do Instituto Médico Legal (IML) de Ponta Grossa, entre os anos de 1985 até 1998. “O IML está como sempre esteve antes, abandonado”. Nem a inauguração foi feita na época, a antiga instalação do IML era ao lado da Santa Casa, com divisórias improvisadas de eucatex na própria sede da secretária de saúde do  município.         Acabamos  tomando posse do jeito que estava, não tinha como trabalhar, acrescentou o ex- diretor do IML.

Humanização das famílias

Sobre a humanização das famílias que ficam horas à espera da liberação dos seus entes queridos, Lauro afirma que para humanizar o IML não basta apenas dar flores e cafezinho para o povo. “Humanizar é liberar o corpo na hora”. Nesse tempo faltava tudo, seringas, luvas, internet e papéis. Esse era o principal motivo da demora naquela época.
Era grande a falta de estrutura e de material humano, além do material de limpeza. Outro problema era o desânimo dos funcionários, que tinham que inclusive comprar o material por conta própria, material que deveria ser entregue pelo estado. “A situação de hoje está pior do que era antes”. ressalta o médico.

Cantina do Hospital x Containers do IML

O Dr. Lauro questiona a exposição dos corpos próxima à cantina do Hospital Regional de Ponta grossa. “Quando em decomposição, o problema principal é o mau cheiro nos containers, que acaba atrapalhando o trabalho dos legistas e assando os corpos das pessoas que ficam expostas. Além disso, o contêiner está ao lado do refeitório do próprio Hospital Regional. Acredito que era melhor ter ficado nas antigas instalações do que ficar nos contêiners. O problema não é o muro, mas o mau cheiro nas galerias, pois se um engenheiro for lá, é claro que após uma avaliação do prédio, vai condenar o muro. Sobre o novo IML, Schoenberger, comenta que o Campus da Universidade é ideal para isso”. afirma o ex-secretário.

Novo IML

O Local do Novo Instituto Médico Legal de Ponta Grossa já está definido para ser dentro do Campus da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) nos fundos do bloco de Zootecnia. A estrutura irá beneficiar alguns cursos da instituição, com a construção de um  Centro Anatômico, ao lado do futuro IML. Partindo da ideia que o IML tem projeto padrão para todo o estado, tendo como modelo o IML da capital, Curitiba. A obra passou por duas licitações que foram fracassadas. O Projeto é uma parceria entre a Prefeitura, UEPG e Estado, tendo como investimento inicial de R$ 5 milhões de reais.
As obras da nova sede serão de responsabilidade do Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Segurança Pública. Já a Prefeitura Municipal garantiu recentemente a instalação do Serviço de Verificação de Óbito(SVO), conforme padrões já existentes em outras cidades.
“Colocamo-nos a disposição para participar dessa discussão com a oferta do espaço, de preferência que fosse próximo do hospital, já está pronto o novo centro de estudos anatômicos junto com o SVO. A Polícia Cientifica tem exames de balística, então os acadêmicos de engenharia de matérias poderão se beneficiar disso.  explica Everson Krum.
A Obra do Novo IML está em fase de    projetos, a expectativa é que a licitação seja realizada até o final desse ano e as obras se terminadas a licitação comecem já para o ano que vem.
“Sobre  a situação dos  contêineres, eles ficam somente alocados, com estrutura independente, tendo como gestão da secretária de Segurança Pública do Estado do Paraná. Existe um contêiner para armazenamento que fica fechado e de acesso totalmente independente, além de um tapume que faz a separação entre o IML e o refeitório do Hospital Regional.     Atendemos todas as recomendações da vigilância sanitária.
Não há armazenamento de corpos por mais de 24 horas. Com relação ao mau cheiro, pode ser explicado pelas fossas sépticas do próprio hospital”. concluiu o vice-reitor da UEPG, Everson Krum.

Resposta sobre as denúncias

O Hospital Regional  não se manifestou  a respeito das denúncias apresentadas.   Procurada a Diretora do Hospital, Dra. Tatiana Menezes Cordeiro não quiz se manifestar sobre o assunto.
O Jornal Nova Pauta entrou em contato com a Secretária de Segurança Pública do Estado do Paraná, no entanto até o fechamento dessa  matéria os órgãos competentes não haviam enviado   resposta sobre as denúncias apresentadas.

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