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Educação inclusiva, um desafio da sociedade

Promover o convívio em salas de aula regulares é um desafio enfrentado por professores e alunos especiais nas redes de ensino

Por Andrea Borges, Bianca Almeida, Daniela Mello e William Koziel

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) aponta que é dever do Estado garantir aos estudantes com necessidades especiais atendimento particularizado e gratuito, preferencialmente na rede regular de ensino. Por exemplo, em uma classe regular pode haver um aluno surdo que necessita de um professor de apoio que saiba Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) para prestar auxílios em todas as disciplinas.

Atualmente, já se tornou uma realidade ver alunos com necessidades especiais fazendo parte de salas de aula nas redes públicas de ensino e isso é importante para que, independente do tipo de deficiência, esses estudantes possam ter um desenvolvimento social e intelectual mais próximo do regular. Isso representa um avanço em relação ao passado, quando pessoas com algum tipo de deficiência eram excluídas da sociedade e mantidas apenas dentro de casa.

Em Ponta Grossa, são 420 crianças com algum tipo de deficiência matriculadas nas escolas da rede municipal de ensino. Hoje a cidade conta com mais de 320 professoras com formação e 46 salas com recursos para atendimento especializado. Em 2017, Ponta Grossa foi considerada pela Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia, Cidade Modelo em inclusão, devido ao número de professoras com formação na área e pelo grande volume de salas disponíveis.

Elise Gabrielli de Oliveira (23) é mãe de Felipe Machado (7), portador de transtornos do espectro autista. Ela relata as conquistas do filho após a sua ida regular à escola e as convivências diárias com outras crianças de segunda a sexta-feira em período integral. Segundo ela, o menino não era acostumado ao convívio de pessoas fora de seu âmbito familiar e, em momentos de crise, não reconhecia a própria avó. Antes de Felipe frequentar as aulas, era uma criança que mal falava com os pais e com os irmãos, não saía do quarto e não pronunciava as palavras simples como qualquer criança. “Felipe teve uma melhora no comportamento de 0 a 8”, explica.

Thiago Dornelas Costa Marques é coordenador pedagógico em um colégio particular e analisa as dificuldades dos professores, pedagogos e demais profissionais envolvidos na inclusão de alunos com deficiência. “Cada caso tem seu diferencial, nós temos aqui vários alunos com síndrome de Down, mas cada um com uma particularidade diferente”, diz, lembrando que cada aluno tem suas necessidades particulares. “Se ele vai precisar de um tutor para estar ali com ele, se ele vai precisar de alguém para ajudar a se locomover. Então cada caso é um caso e o nosso trabalho é entender cada um para poder ajudar.” complementa.

    O coordenador aponta também os desafios para as escolas particulares que não possuem apoio público para viabilizar as mudanças necessárias para atender aos alunos com deficiência. “Dependendo do grau da inclusão ele precisa de um profissional do lado, então acaba sendo um custo a mais. Mas uma escola que se dispõe a ajudar não pode pensar no financeiro e sim em como acaba ajudando os pais, pois os filhos acabam sendo alunos que quase ninguém quer ter”, conclui.

A pedagoga da rede estadual Adriana Mara Kahlo, que atua na área desde a época em que existiam as salas especiais, deixa claro que a inclusão do aluno com deficiência não pode ser responsabilidade apenas da escola. “Um tripé é a família e o outro são os profissionais que trabalham com a criança, que estão fora da escola, como fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas e fisioterapeutas”. Ela entende que mais importante que o número de crianças é a eficiência da inclusão nos dias atuais. “A meta não é numérica e sim a qualidade de vida para eles. O objetivo é a gente ter uma educação de qualidade para que essas crianças possam desenvolver sua autonomia, se tornarem mais felizes, dominando, dentro das suas características, o processo de aprendizagem. E que possam viver tranquilas, ter uma vida digna e feliz”, acredita.

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