Depressão, a doença do século

Por: Bianca Haile

No Brasil 11 milhões de pessoas são diagnosticadas com depressão

“Eu tinha crises de choro pensava em maneiras diferentes de me suicidar”, esta é uma fala de Ohanna Haile, comum a grande parte da população. No Brasil, há 11 milhões de pessoas diagnosticadas com depressão. Em todo o mundo, são mais de 300 milhões. De acordo com a organização Mundial da Saúde a depressão é a doença mais incapacitante do mundo e a segunda principal causa de morte entre as pessoas de 15 a 29 anos de idade.

Ohanna Haile, farmacêutica, 25 anos, quando ainda era muito jovem desenvolveu a depressão “Desde criança eu sofri muito com doenças. Nasci com paralisia facial, o que fez eu conhecer o bullying a partir do momento em que comecei a frequentar a escola. Com 7 anos, enfrentei uma hepatite que me deixou debilitada. Comentavam com minha mãe que eu tinha traços de algum problema psicológico. Porém como eu era nova, leiga e minha mãe também, demoramos para procurar ajuda, o que agravou mais ainda’’.

Problemas como de Ohana podem desencadear distúrbios de sono, concentração e sociabilização: “Eu tive excesso de sono, desmotivação em atividades cotidianas, me tornei extremamente antissocial, tanto que tranquei a faculdade (uma porque não queria ter contato e outra por falta de vontade). Quando me envolvia com pessoas não me permitia gostar de alguém, não conseguia nem sentir algo por alguém, nem afeto, nem empatia.’’

Para o psicólogo Bruno Marques ‘’ a depressão é um distúrbio, que não é de agora, não é uma coisa nova, ela acompanha a humanidade desde quando o mundo é mundo. E tem diversos sintomas, a tristeza, as abolias, abolias é a incapacidade de fazer coisas, começas coisas, projetos, etc. Anedonia, que é a incapacidade de sentir prazer, a vontade de se isolar, etc’’. Sintomas como estes foram vivenciados por Ohanna: ‘’pensava em maneiras diferentes de se suicidar, abusei das bebidas alcoólicas pois bêbada eu esquecia as angústias. Eu tinha pensamentos como: ” qual o sentido da vida? O que estou fazendo viva?”. Sentia extrema angústia e agitação e para passar aquela sensação horrível eu tinha que dormir’’

Segundo Marques a depressão pode ser multicasual: Tem muitas pessoas que acreditam que a depressão é somente um distúrbio neurológico de serotonina, dopamina, etc. Os neurotransmissores que estão em baixa, mas não é somente isso. Obviamente algumas vezes é necessário você medicar a pessoa, mas só a medicação não cura, ela aplaca os sintomas, mas pode ser que mais pra frente a pessoa tenha uma recaída. O tratamento é um tratamento de longo prazo, não é igual a uma dor de cabeça, em que você toma um comprimido e acabou, não! ‘’

Ohanna iniciou o tratamento em 2016 e desde então tem acompanhamento médico e psicológico, depois de algumas tentativas em busca do medicamento correto hoje a jovem se diz bem, consciente de sua condição: “Tenho o diagnóstico de transtorno afetivo bipolar com episódios de depressão grave. Atualmente eu tomo estabilizador de humor e antidepressivo. São 4 comprimidos diariamente e mais um ansiolítico pra quando tenho crises de ansiedade. Atualmente eu me sinto bem, porém, quando volto ao meu passado eu vejo o quanto eu não tinha qualidade de vida, não sei como eu consegui viver tanto tempo com aqueles pensamentos e sentimentos’’

Marques aponta o preconceito em torno da questão da depressão ‘’ existe muito esse pensamento de que a depressão é falta de igreja, é falta de deus, é espírito maligno que pega a pessoa e tal. E isso gera todo um problema, porque aí a pessoa não vai procurar a forma certa de se tratar, a pessoa vai fazer tratamentos que não são cientificamente comprovados, enfim isso acaba gerando mais problema do que geralmente solução’’.

O preconceito pode ser percebido na fala de Bianca: ‘’ Não é falta de Deus, não é drama… é doença! A ignorância das pessoas mata. Há descompensação em neurotransmissores no cérebro. Também, evitem a causa, mude de emprego, tranque os estudos se for preciso. Todo mundo tem seu tempo, conheça seus limites, não se compare aos outros’’

Segundo Bruno estudos comprovam que uma em cada cinco pessoas no mundo, pode uma vez ou outra, em algum momento da vida desenvolver alguns sintomas depressivos, que não necessariamente vão desencadear uma depressão severa, mas que a pessoa é acometida por alguns dos sintomas, o profissional complementa ainda que: ‘’existem várias depressões, vários níveis de depressão, a depressão leve, moderada, a severa, endógena.’’

O psicólogo complementa sobre a importância do acolhimento da família: ‘’ a pessoa que tá acometida da depressão ela não precisa do nosso preconceito, pelo contrário ela precisa do nosso apoio, da nossa acolhida, é bom prestar um pouco mais de atenção nas coisas, procurar não pressionar elas, tirar alguma dúvida caso tenha, ou alguém da família esteja passando por um momento mais aí delicado, procure ajuda, procure profissionais, procure e tire dúvidas, desconstrua esse senso comum que você só tem a ganhar’’

Para Bianca que hoje segue a medicação e o tratamento, o amor-próprio e a auto aceitação são fundamentais para vencer a doença: “Aprendi também a viver no meu tempo, construí os meus valores e os sigo. Não me espelho a ninguém e nem gosto que comparem os outro a mim. Cada um sabe seu limite e o que lhe faz bem. Somos individuais. Hoje em dia faço tratamento certinho, sou muito feliz na minha vida profissional e na minha vida familiar.”

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Farmácia são João, 07 de agosto de 2021, registrado em Imbituva-Pr.

Cescage, 05 de julho de 2021, registrado em Ponta Grossa-Pr.