Por Jeniffer Case

“A gente atravessa um momento de ataque muito forte a profissão e de precarização; não gosto de estar trazendo essas palavras. Mas esse é um cenário que precisa ser confrontado.”

Ben-Hur Demeneck é um jornalista da cidade de Ponta Grossa que se destaca no meio da cultura. Mestre pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e graduado em Jornalismo pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), é doutor em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Foi professor do curso de jornalismo da UEPG por quatro anos, entre 2016 e 2019.

O que fez o jornalista escolher essa profissão foi o interesse de conhecer mais o mundo e as pessoas. “O jornalismo tem essa formação que é muito aberta. Ela permite você conhecer muito a própria época, conhecer relações sociais, países diferentes, culturas diferentes”. Em relação as áreas do jornalismo, o literário e o investigativo, são suas áreas preferidas; ele revela que gosta de jornalismo lento, que conta história e investiga, embora para ele todo jornalismo seja importante.

Ao longo de sua carreira ele recebeu vários prêmios: em 2003 o 8.º Prêmio Sangue Novo no Jornalismo Paranaense, 3º Lugar na categoria, Jornal Laboratório Sindijor; em 2010 o prêmio Adelmo Genro Filho da SBPJor (Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo) por sua dissertação; ainda em 2010 recebeu Mérito Cultural Ribas Silveira, Prefeitura de Ponta Grossa (PR) e em 2016 o Prêmio Jacob Holzmann, Prefeitura de Ponta Grossa – Fundação Municipal de Cultura.

Bem-Hur é autor do livro “PG de A a Z ” que fala um pouco sobre a cidade de Ponta Grossa. Ele revela que preferiu colocar PG porque acha mais glamouroso que o nome verdadeiro da cidade. “O nome de Ponta Grossa acaba virando chacota, não é um nome muito glamouroso, né? Mas, até na hora de explicar o nome da cidade é um nome estranho. Eu preferi pegar essa ideia de PG que é uma coisa mais contemporânea e todo mundo fala”. O jornalista também coordenou dois clubes de leitura, um pela editora Companhia das Letras e outro pela Veneta, onde atualmente é editor. Em 2020 integrou um grupo de 16 jornalistas selecionados da América Latina para a Beca Cosecha Anfibia, na Argentina, curso de formação com profissionais de 10 países do continente.

Ele defende a obrigatoriedade do diploma para jornalistas e ressalta a importância da qualidade. “Defender o diploma também é defender a qualidade da informação. Você vai preferir ler uma reportagem de uma pessoa que ficou anos estudando pra estar ali escrevendo sobre aquilo; ou de uma pessoa que não esteja?” O jornalista também lamenta a desvalorização da profissão. “A gente atravessa um momento de ataque muito forte à profissão e de precarização; não gosto de estar trazendo essas palavras. Mas, esse é um cenário que precisa ser confrontado”.

Sobre o atual governo e os ataques que a imprensa recebe, Ben-Hur comenta. “O que a gente vê é que o Bolsonaro acaba tendo uma agenda política pública de concentração de poder, e ele não gosta de prestar esclarecimentos do que ele fez ou deixou de fazer. De alguma forma, esse projeto de poder que ele acaba tendo de concentração de decisões em torno dele, sem passar pelo legislativo, sem passar pelo judiciário, acaba esbarrando na imprensa. Então de alguma maneira (não é uma opinião minha, é uma questão reconhecida internacionalmente) o Bolsonaro tem menos propensão a ser um presidente com fins democráticos e ser mais um projeto de um ditador. Uma pessoa que diminui o poder do judiciário, que sempre está atacando a imprensa, ataca o legislativo; isso não faz sentido”.

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3 thoughts on “Jornalista Bem-Hur fala sobre sua carreira e comenta a relação do jornalismo com a política no Brasil”

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