Ramo clínico teórico, desenvolvido por Freud, busca explicar o funcionamento da mente humana
Por Stefhani Romanhuk
Muito se fala sobre os cuidados com a saúde mental, sendo uma pauta constante, ainda mais no contexto atual vivenciado pela sociedade. Diante disso, existem várias ferramentas para auxiliar e cuidar da saúde emocional, como a psicanálise.No entanto, muitas pessoas tem dúvidas ou ficam equivocadas por não conhecerem a técnica e como ela é aplicada, por isso esse texto abordará essa reflexão.
O que é
A psicanálise é a investigação do inconsciente, também conhecida por “teoria da alma”, uma técnica clínica desenvolvida pelo médico neurologista austríaco Sigmund Freud, no final do século XIX. O intuito é explicar o funcionamento da mente humana, ajudando a tratar distúrbios mentais e neuroses. “O objeto de estudo da psicanálise concentra-se na relação entre os desejos inconscientes, os comportamentos e sentimentos vividos pelas pessoas”, assegura a psicanalista Rosicler Sansana.
Nessa prática, o trabalho realizado pelo psicanalista é escutar e observar o paciente, seus sonhos, desejos, queixas, atos falhos, comportamento, entre outros. A partir disso, a análise começa, para resgatar o que está no inconsciente. “Um dos maiores objetivos da psicanálise é criar um vínculo entre terapeuta e paciente, a fim de compreender os processos reprimidos pelo subconsciente, que geram sintomas como a angústia ou a ansiedade. Todo esse acompanhamento é realizado por meio da interpretação das ações e pensamentos do indivíduo”, explica Sansana.
Características
As características da psicanálise, além de preocupar-se em entender como funciona a mente humana, parte do princípio de que muitos dos processos psíquicos são inconscientes. “Na abordagem psicanalítica, nossas emoções e atitudes são o resultado de fatores dos quais não temos consciência”, enfatiza Rosicler.
O paciente é levado a refletir e se enxergar de outra maneira durante a abordagem psicanalítica. Com o auxílio do psicanalista, durante as sessões de análise, a pessoa passa a conhecer melhor a própria mente e a identificar a razão de seus sentimentos, conflitos e emoções.
Nessa abordagem, o indivíduo é visto como um todo. “Não são considerados somente os sintomas e circunstâncias atuais, mas é feito um acompanhamento muitas vezes durante anos, observando o cotidiano do paciente e suas reações diante de várias situações e, também, suas relações interpessoais”, complementa. Com isso, a psicanálise visa tratar as causas dos problemas e não somente os sintomas que eles trazem.
Desde que a técnica surgiu, novas perspectivas de estudos começaram a ser desenvolvidas a partir dos estudos de Freud. Dessa forma, novos métodos foram estruturados.
Como por exemplo, a teoria de Freud como base, o método criado por ele mesmo, é voltada para associação livre,sonhos, mecanismos de defesa, entre outros. Já acorrente de Jung, associa sonhos e simbologias e a linha Kleiniana é voltada para crianças. Com isso, cada uma oferece as suas particularidades.
Segundo Sansana, a partir da fala do paciente e mediante a anamnese, é escolhida e aplicada a linha teórica para beneficiar o mesmo.
Processo
A busca por um psicanalista pode ser a partir do momento que o indivíduo percebe os sintomas de depressão, angústias, sonhos recorrentes, ansiedade, insatisfação, distúrbios sexuais, entre outros. A terapia psicanalítica está totalmente pautada na relação de confiança entre o analista e paciente. O diálogo é o principal aliado durante a sessão.
Como citado anteriormente, a abordagem criada por Freud usa o princípio da associação livre, ou seja, a conversa flui de forma variada, com assuntos diferentes e sem tema pré-definido. Nesse processo, a pessoa consegue resgatar ou acessar alguns pensamentos que, talvez, não viriam à tona caso fosse programado para falar daquilo.
No decorrer do processo terapêutico, o psicanalista investiga as memórias e as experiências de infância, as quais têm grande influência na compreensão do inconsciente. Diante disso, o profissional irá ajudar na interpretação e organização das informações para identificar a razão do surgimento dos traumas, inibições e medo.