Por Jéssica Salles

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O que leva os jovens a ingressarem na graduação de odontologia? Por que o curso é tão concorrido? Como se destacar nesta área? Quais as dificuldades encontradas após sair da faculdade? Em qual área se especializar? São tantas perguntas!

Em Ponta Grossa, formam-se cerca de 80 novos bacharéis em odontologia por ano. É o segundo curso mais concorrido no vestibular da UEPG.  A outra instituição que oferece o curso na cidade é a Faculdade Cescage.
O primeiro passo é um dos mais difíceis para os jovens, que é escolher o curso de graduação. Em alguns casos já vem de família, em outros é a odontologia que te escolhe, como aconteceu com Guilherme André Caxambu.

Recém formado pela Faculdade Cescage, o jovem de 25 anos conta que “sinceramente, a odontologia quem me escolheu. Antes cursava economia, estava no segundo ano, porém não gostava do curso, não era o que eu queria. Na época tinha muitos amigos entrando em faculdades, alguns deles em odontologia. Conversamos bastante, conheci melhor o curso, me interessei e surgiu a oportunidade de cursar. Hoje gosto muito do que faço”.
Já outros, escolhem o curso por eliminação. Foi o que fez Michael Willian Favoreto, aluno do 4º ano de odontologia na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). “Eu sempre desejei um curso na área da saúde e fui eliminando até chegar em odonto”, completa.

No Brasil há um cirurgião-dentista para cada 769 habitantes. Então como obter destaque sem experiência após sair da faculdade em um mercado tão concorrido?
Rhayan Luiz Fonseca Woellner, cirurgião-dentista de 22 anos, conta que para conseguir destaque hoje em dia ele precisa entender que não pode parar no tempo. “O dentista precisa se autoavaliar, ver seus pontos fortes e aqueles que são os pontos fracos, tentar através de cursos e estudos amenizar esses pontos para cada vez mais fortalecê-los. A questão do marketing hoje em dia é muito importante. Você precisa saber fazer o marketing, mas sempre respeitando os colegas da profissão. Hoje em dia com as redes sociais fica muito mais fácil, basta saber utilizar ao seu favor”.
Mas, como escolher qual o melhor caminho na profissão?
Michel, que ainda está cursando o 4º ano pretende continuar na carreira acadêmica. Em relação à especialização, pretende fazer em dentística/prótese com dupla titulação.
A visão de Rhayan é um pouco diferente. “Quando você se forma é um pouco complicado meio que abandonar aquilo que não gosta. Ainda mais atuando como clínico geral, pois você é inexperiente, não tem muita bagagem, não tem muitos pacientes, então tem que fazer meio de tudo. Aos poucos, quando cria certa experiência e começa fazer uma especialização, se torna especialista, mestre, doutor naquela área. Já começa a fazer mais o que você gosta e deixa as outras coisas de lado”.
Guilherme já está certo do que quer. “Quero abrir um consultório particular. É um investimento alto, incerto…”. Atualmente pensa em começar uma especialização no 2º semestre de 2017.
Em contrapartida, e com certa experiência, a Cirurgiã-Dentista, Renata Ficinski, especialista em Ortodontia acredita que o recém formado em odontologia, pode arriscar-se a montar seu próprio consultório, “porém acho muito mais interessante, procurar trabalhar em clinicas ou em consultórios de terceiros. Acredito que trabalhando com outros dentistas ao seu redor o profissional ganha muito mais experiência e com toda certeza, possuirão dicas ótimas para quem está começando”.
Especialização: algo que é muito cobrado em diversas profissões hoje em dia, mas que sempre esteve presente na área odontológica. É na faculdade que os futuros dentistas criam laços com o campo que mais gostam. “Tem gente que não pode ver muito sangue, então já não vai seguir pro lado da cirurgia. Tem gente que adora criança, então vai seguir do lado da odontopediatria”, diz Rhayan Fonseca.
Apontada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) como a segunda carreira mais rentável do país, logo atrás de Medicina, o que levanta uma pergunta: as pessoas escolhem odontologia por causa do gosto pela profissão ou pelo salário que se pode ganhar?
“Acredito que exista dos dois. Na minha turma havia muitos que sempre quiseram fazer odonto desde criança, e outros que achavam que a odontologia iria lhe proporcionar uma estabilidade financeira rápida. Mas não é bem assim, hoje, para ganhar bem, você precisa se destacar, ter um diferencial. Principalmente aqui, por haver muitos profissionais da área. Se você parar de estudar, não se especializar, será mais um.”, ressalta o clínico geral, Guilherme Caxambu.
“Quando a pessoa ingressa na faculdade ela vai pensando sim no salário, tanto é que muita gente na minha sala pensava no salário e acabou desistindo da faculdade porque realmente não gostou da odontologia. Quando você vai tendo contato com os pacientes, com a odontologia, começa a criar um amor por aquilo. No meu caso foi isso. Foi no dia-a-dia da odontologia, na prática que surgiu o amor, mas no começo todo mundo ingressa pensando um pouco no salário” conta de Rhayan.
Mas e o que pensa o jovem que ainda não concluiu a faculdade, será que a realidade é a mesma? “A maioria é pela profissão. Infelizmente o nosso curso precisa de um alto investimento em relação a materiais, sem contar os colegas que são de fora, assim é necessário ter renda, porém não quero dizer que o nosso curso é voltado para elite, mas é a situação da maioria. Eu sou um caso que não tenho recurso financeiro suficiente. Com a ajuda de amigos e, principalmente da minha mãe tenho mantido o curso até agora”, conta Rhayan.

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