CulturaDestaquesMundo

Tudo bem não estar bem: Demi Lovato e saúde mental

Por: Gustavo Neves

Ela já passou por alguns momentos complicados. Do estrelado ainda na adolescência à uma overdose quase fatal, podemos dizer que Demi Lovato foi do céu ao inferno em vários momentos da sua vida pessoal. Não é à toa que a artista tem quase que como uma missão colocar em seu trabalho mensagens de apoio e incentivo que cheguem diretamente para quem precisa de conforto e daquele empurrãozinho para seguir em frente.

Ano passado estreou a tão esperada parceria de Demi com Marshmello. A música “Ok Not To Be Ok”, que traduzindo para o português é, nada mais, nada menos que:  “Ok Não Estar Ok”. A mensagem que a música passa é de que tudo bem às vezes passar por um momento não muito bom na vida e que os momentos de tristeza podem ser superados, até quando você se sente muito cansado para isso.

No clipe, Demi dá de cara com seu “eu” mais jovem no espelho de um quarto tipicamente adolescente. De cara, conseguimos perceber, pelas roupas, a clara referência à época de “Camp Rock”, que Demi estrelou ao lado dos Jonas Brothers.

Muito tempo depois descobrimos, pela própria cantora, que aquele já era um momento muito crítico de sua vida, onde começaram seus vícios em cocaína e a automutilação recorrente.

“Ser famoso não é para qualquer pessoa, já que mexe com o emocional e este precisa ser bem administrado pelo racional. A responsabilidade ultrapassa a capacidade mediante ao limite do organismo, que varia de acordo com a genética e história de vida. A insegurança instala-se pela própria cobrança de ter que atingir as expectativas, não somente pessoais, mas dos outros. Essa conta de cobrança gera uma pendência e esta chama-se ansiedade. Isso acontece quando se busca melhores soluções, e quando não acontecem a pessoa se frustra, o que a arremessa em uma atmosfera negativa que, no caso dela, buscou saída nas drogas. O problema é que as drogas causam boas sensações, mas também geram dependência. Assim, como desregula o organismo e prejudica a região do cérebro relacionada ao controle do emocional. Colocam a pessoa num abismo maior ainda” afirma Prof. Dr. Fabiano de Abreu, PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo.

Créditos: Getty Images

A parceria foi lançada no Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio. Para a estreia da música, foi criado um site com uma parte dedicada ao “Hope For The Day”, que é um movimento em prol dos cuidados com a saúde mental.

“Primeiramente, é fundamental compreender que todo mundo é igual e, por isso, ser famoso ou não em nada muda o fato da pessoa ser um ser humano como qualquer outro. É delicado afirmar que a fama é um causador de problemas para saúde mental, já que temos uma sociedade com milhões de pessoas sofrendo com depressão, síndrome de burnout, ansiedade, enfim, existem pessoas que estão mais sujeitas a situações que podem causar abalo na saúde mental do que em outros indivíduos” diz a Fisiologista Debora Garcia

Em março deste ano, Demi lançou “I Love Me”, música de auto aceitação, que foi feita após uma fase muito ruim da cantora, em que chegou a ser internada por conta de uma overdose. Na música, ela fala sobre a importância de se amar em primeiro lugar. No clipe, com várias referências à momentos difíceis, a cantora passa por várias atrizes com figurinos que representam épocas diferentes.

Em sua série-documental para o YouTube, “Dancing With The Devil, a cantora contou sua versão para a overdose quase fatal que sofreu em 2018. Na ocasião, Demi estava sóbria há mais de seis anos, quando teve a recaída com as drogas. É sobre isso que é “Sober”, música do mesmo ano.

“Eu acho que é uma questão de busca ainda de um super-herói, de alguém para se olhar que não tenha erros, enfim, um ser perfeito. É uma questão de amadurecimento ou um desenvolvimento emocional aliado ao fato de que a pessoa ser incrível no que faz. Mas isso não muda a premissa básica de que aquilo é um ser humano e que tem defeitos e qualidades, que possui potencialidades e fragilidades, que possui adversários, que existem dificuldades para serem superadas, ou seja, é preciso que se comece a olhar essa pessoa de uma outra maneira” finaliza Debora.

10você estiver passando por um momento difícil, é extremamente importante procurar ajuda. Ligue 188 e fale com o CVV, o Centro de Valorização da Vida. Eles também estão aqui.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *