Por Gabriel Fornazari

Com a pandemia, uma maré de incertezas e dúvidas invadiu a vida de todos os brasileiros, e quase todos os setores sofreram de alguma forma com os impactos que o novo Coronavírus trouxe ao mundo. Um dos grupos mais afetados, e que tiveram suas atividades quase anuladas no auge infeccioso do vírus em solo brasileiro, foram os universitários, que estão há seis meses com as aulas paralisadas, e contando. Sem previsão para a volta das aulas presenciais, os universitários enfrentam os desafios do dia a dia do ensino a distancia.

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Com as reuniões em sala de aula estritamente proibidas, seguindo recomendações da OMS, as carteiras, quadro e giz deram lugar ao conforto de casa, computador, celular e uma boa conexão WiFi, mas, mesmo o ensino a distância parecendo representar um certo “conforto” a mais para o estudante, nem tudo é positivo. Segundo dados de um estudo feito em 2018 pelo IBGE, um em cada quatro brasileiros não possuem acesso à internet, representando mais de 46 milhões de pessoas.

E mesmo se forem considerados apenas os que têm acesso à internet, as dificuldades também são aparentes. A pandemia bateu de frente com planos para o futuro, planejamentos anuais e com a segurança financeira de diversos brasileiros. Estimativas apontam que após a pandemia a desistência em faculdades, especialmente as particulares, deve ser grande, já que o impacto econômico da pandemia foi, e ainda é, grandioso, e com 80% dos universitários sendo de instituições privadas, as consequências serão sentidas diretamente nos estudantes.

Lado a lado com esses problemas que vem com a pandemia, também entra em questão a saúde mental e psicológica dos estudantes, que agora sofrem com a incerteza de seu futuro acadêmico e profissional, além de viverem com a pressão de uma pandemia mundial, tendo que conciliar estudos com a crise na saúde. A pandemia, direta e indiretamente, mudou a rotina de todos, e virou de ponta cabeça os estudos de universitários de todo país, e a produtividade acaba se tornando uma das matérias mais difíceis da faculdade. “Se não fosse uma pandemia eu acredito que conseguiria ser mais produtivo, mas ultimamente é tanta coisa acontecendo no mundo, isso somente desgasta a gente, e então não sobra muito tempo pra me dedicar como antes fazia”, relata o estudante de medicina Fabio Dudkiewicz.

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O clima caótico que perdura pelo mundo somente acarreta em um clima ainda mais pesado em casa, onde o lar acaba se tornando uma prisão, uma vez que a quarentena não da muitas opções de locomoção. Para se proteger, pessoas que não tem trabalhos essenciais ficam em casa, mas o que isso significa para os universitários? Muitas vezes, tempo demais para cabeças cheias demais, e a colisão de dois mundos, o de descanso e de estudo, que, em teoria, deveriam ser separados. “Mesmo que seja ótimo não ter que andar duas horas de ônibus para assistir aula, a produtividade que eu tinha na faculdade não é a mesma que eu tenho em casa, o ambiente de ensino é próprio para os alunos terem foco, a casa nem tanto”, conta a estudante de arquitetura e urbanismo, Barbara Guedes.

Com isso, a saúde mental dos estudantes entra em risco, já que muitos acham difícil acomodar em seu dia a dia os problemas mundiais com seus problemas pessoais, somados a tarefas e trabalhos universitários. A incerteza de quando a pandemia chegará ao fim, a visão de uma multidão mascarada nas ruas, a apreensão de ouvir o número de mortos aumentar todos os dias, situações exclusivas de uma crise da saúde, e tudo isso pesando nas rotinas de todos.

Segundo pesquisas realizadas pelos centros acadêmicos Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) com mais de 13 mil alunos, 32,7% destes relataram ter a saúde mental afetada por conta da pandemia, o que, consequentemente, afetou em seus estudos.

Porém, mesmo com as dificuldades e problemas enfrentados no dia a dia, a discussão sobre uma possível volta às aulas já é outra história. Diversos estudantes se mostram conta a medida no momento, ainda por conta do alto contágio do vírus no Brasil. “Eu sou contra a volta às aulas presenciais porque o Brasil ainda se encontra em um estado grave de contaminação, por mais que as pessoas tenham passado a fingir costume com tudo”, opina o estudante de medicina Fabio Dudkiewicz. “O isolamento ainda é necessário, mesmo que a falta de aulas presenciais no meu campo ainda seja muito grande”, completa a estudante de medicina Isabelle Sfredo.

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