Izabelle Antunes

Representatividade ou segregação? Miss Amapá Globo 2021 teve o turbante retirado no palco

No mês de setembro de 2021, aconteceu em Brasília/DF o Miss Brasil Globo, que contou com a participação de candidatas de todos os estados do país. Glenda Larissa Ramos, 19 anos foi a representante do Amapá no concurso nacional e afirma que foi moralmente agredida pela organização. Ao querer manter sua identidade e representatividade, mensagem pregada no mundo miss, através de um símbolo de luta, optou por usar um turbante durante as fotos oficiais do concurso.

A coordenadora das fotos se incomodou e retirou o turbante de Glenda em frente das outras participantes com a justificativa de que deveria seguir o “padrão”, “me senti ofendida e moralmente agredida pois em momento algum houve tato por parte da coordenação com relação ao constrangimento do ato e nem justificativa plausível pra retirada do turbante”, declarou.

Os concursos de misses passaram por transformações históricas ao longo dos anos e com isso, os quesitos a serem analisados. Apenas análise da beleza e formas físicas vão dando espaço para outras questões. Para o missólogo, Kelven Colli, que acompanha o mundo miss há mais de 14 anos, os concursos são importantes pois tornam as mulheres porta-vozes da sociedade. “Hoje em dia não é apenas mais um rosto bonito, mas sim uma mulher que tenha voz, defenda uma causa e se o seu título para dar voz e empoderar”, comenta Kelvin.

Apesar das transformações, os concursos trazem em seus regulamentos, quesitos como forma física, altura mínima, impedimentos como ser casada e/ou ter filho. Esses impedimentos limitam as mulheres que se encaixam nos critérios e podem ser participar. Para Glenda, os concursos de miss valorizam em parte as mulheres, mas segregam em sua maioria. “Ainda há muitos tabus envolvidos no meio, regras que já se fazem ultrapassadas, ilógicas que se distanciam da realidade da maior parte das mulheres”, diz Glenda.

O missólogo Kelven acredita que os padrões estão mudando. “Muita coisa tem que mudar ainda, mas aos poucos estamos evoluindo”.

Os acontecimentos como o caso da Glenda reanimam as discussões sobre questões culturais, preconceitos e representatividade. “Eu esperava uma atitude compreensiva e complacente com as justificativas que eu dei à coordenação. O turbante foi usado como forma de simbolismo do empoderamento e característica da minha ancestralidade”, completa Glenda.

 

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