Por Jeniffer Case
“Quando crescer vou tirar a doença das pessoas com a mão”
Doutor Rayltson nasceu na cidade de Ponta Grossa e desde pequeno sonhava em seguir a profissão de médico. “Quando crescer, vou tirar a doença das pessoas com a mão”.
Sua infância não foi fácil e passou por muitas dificuldades inclusive de saúde. Teve rubéola com dois anos de idade e ficou sem andar e falar até os cinco anos. Foi para escola aos oito anos, mas já sabia ler e escrever, pois, aprendeu sozinho e com a ajuda de uma tia teve muito êxito nos estudos.
Vera Maria, irmã dele relata que aos 17 anos ele foi para Curitiba estudar para o Vestibular de Medicina. Segundo ela “a cidade era muita bairrista e filho de pobre não poderia formar filho médico”. Mas ele desafiou esse preconceito passando em dois vestibulares: na Universidade Federal e na Católica. Fez a opção pela UFPR e mesmo não tendo condições de comprar livro e material concluiu o curso de Medicina na UFPR tornando-se cirurgião, seu sonho de criança.
Durante sua carreira médica exerceu várias especialidades: Ginecologia e Obstetrícia, Cirurgia Geral, Torácica e Cardíaca. Foi Médico Legista e chefe do IML (Instituto Médico Legal). Também obteve título de Mestre em Medicina do Tráfego e em Terapia Intensiva.
Após perder seu sogro e sogra por problemas cardíacos viu a necessidade de criar na cidade uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Então decidiu ir para São Paulo estudar na Beneficência Portuguesa com o renomado Dr. Euclydes de Jesus Zerbini (primeiro cirurgião da América Latina e do Brasil a realizar um transplante de coração). Levou com ele outros profissionais para que se especializassem e, após dois anos indo e voltando de São Paulo todo final de semana, criou a primeira UTI dos Campos Gerais no Hospital Bom Jesus. Devido à grande consideração e reconhecimento profissional que o Dr. Zerbini tinha por ele, aceitou vir a Ponta Grossa para realizar a primeira cirurgia cardíaca da cidade. Anos mais tarde foi convidado para organizar outra UTI, no hospital Anna Fiorillo Menarim, na cidade de Castro.
Silvia Carolina sua filha conta sobre a vida corrida que seu pai tinha e sobre seus últimos anos de vida. “Ele era um médico que trabalhava muito e descansava pouco. Chegava a fazer quatro plantões seguidos. Durante esse período ele estava trabalhando como chefe e plantonista da UTI, Médico de Família concursado pela Prefeitura de Ponta Grossa, titular de Medicina do Tráfego (realizando exames médicos pelo Detran) e realizando cirurgias Geral e Pulmonar. Ele teve um problema vascular e após alguns exames decidiu passar por uma cirurgia cardíaca. Mas, infelizmente pegou uma infecção hospitalar que foi complicando e acometendo cada vez mais sua saúde. E após anos lutando bravamente contra todas as complicações decorrentes dessa enfermidade, faleceu em janeiro de 2011”.