Por Milena Batista
Você sabia que no Brasil 30% da população nunca comprou um livro na vida? Esses dados são da pesquisa ‘Retratos da Leitura no Brasil’, organizada pelo IPL. De acordo com ela, apenas 56% dos brasileiros leem livros. No entanto, existem projetos de incentivo à leitura, aqui em Ponta Grossa que estão dispostos a mudar esse índice.
Olaria Cartonera
O projeto surgiu em 2019, após o professor Marco Aurélio, juntamente do escritor Felipe Teodoro, conhecerem o programa ‘Serei Ca(n)tadora’, do poeta Ademir Demarchi, que esteve na UEPG falando sobre o movimento cartonero e apresentando o seu selo. “Ficamos entusiasmados com a ideia – surgida em 2003, na Argentina – de utilizar o papelão para confeccionar livros de baixíssimo custo, no melhor estilo ‘faça você mesmo’”, comenta Marco.
A escolha dos autores
Dessa forma, o principal objetivo da Olaria é divulgar e fazer circular os poetas e as poetisas da região, democratizando as publicações locais e fomentando a cena de poesia na cidade. Já são cerca de 40 livretos lançados e, até o momento apenas poesias são publicadas.
Segundo o professor, os autores e as autoras divulgados no início, eram pessoas que eles já conheciam e já haviam lido o seu trabalho. No entanto, com o tempo começaram a aparecer novos interessados. “Porém, nem sempre dá para publicar tudo. Com nossos trabalhos de professor, o tempo para se dedicar a essas produções é cada vez menor. Mas tentamos ter certa regularidade de lançamentos”, relata.
Como a tiragem é pequena, dependendo da demanda, as publicações são viabilizadas financeiramente pelos autores.
Confecção do produto
De acordo com Marco, um dos benefícios de usar o papelão na produção de capas é fabricar livros de baixíssimo custo e, por outro lado, confeccionar produtos únicos, artesanais, onde cada exemplar carrega um traço pessoal e a criatividade de alguém.
Para a criação da capa desses livros, são realizados mutirões entre crianças, jovens e adultos que queiram participar. “Nós temos um grupo no Whatsapp que, quando conseguimos espaço para realizar um deles, convidamos os participantes para colaborar. E quem quiser, também pode levar outras pessoas”, conta o professor.
Contudo, nem sempre é possível realizar esses mutirões, seja por falta de espaço adequado ou por outras razões. Então, muitas vezes, quem acaba produzindo as capas é o próprio Marco, com o auxílio de Felipe e as suas famílias, que estão sempre envolvidas na confecção.
Bando da Leitura
O Bando da Leitura é um projeto voluntário desenvolvido por Lucélia Clarindo. Ela conta que o ‘Bando’ surgiu da ideia de duas meninas: Bianca e Ana Paula. “Eu era professora e trabalhava com literatura. Na escola, nós fazíamos rodas de leitura. Até que, em 2007 elas descobriram que eu havia me aposentado, então me pediram para continuar lendo livros em minha casa, e eu deixei”, conta Clarindo. Com a frequência das rodas de leitura, as meninas decidiram criar um nome para o grupo: Bando da Leitura.
A paixão pelos livros
Lucélia fala que a sua paixão pelos livros existe desde que nasceu. “A minha casa não tinha muitos livros, mas tinha muita história. Minha mãe era muito leitora, e um dos livros que ela lia era o do Lampião, mas como era para adultos ela não permitia que crianças lessem. Porém, mesmo assim eu lia escondido”, comenta. Ela diz que o primeiro livro que ganhou foi Marcelino ‘Pão e Vinho’ e sempre lia livros emprestados e muitas cartilhas.
De acordo com Clarindo, a leitura transformou sua vida. “Quando minha mãe me apresentou os livros ela deu um novo rumo à minha vida. Sou eternamente grata aos livros. Sempre quis ter muitos e acho que os anjinhos disseram amém porque eu realmente tenho muitos livros”, conta.
Lucélia revela que quando está olhando as crianças lendo no ‘Bando da Leitura’, ela sente a emoção que sentia quando era criança e lia um livro.
As crianças
Antônio levou pela primeira vez no ‘Bando’, seu filho de quatro anos. Para ele, a leitura amplia as possibilidades de uma criança. “Eu incentivo meu filho a ser inserido no mundo dos livros porque lendo e ouvindo histórias vai acrescentar no vocabulário dele e amplificar sua imaginação”, fala. Segundo o pai, estar no meio das leituras também aumenta a possibilidade dele se tornar um adolescente, um jovem e posteriormente um adulto com mais aprendizado.
Atualmente, artistas da cidade realizam eventos no ‘Bando da Leitura’, como apresentação de teatro, músicas, brincadeiras, etc. Lucélia é muito grata aos artistas por darem essa oportunidade às crianças que talvez, não poderiam ir ao teatro. “Então, trazendo artistas ao ‘Bando’, agrega muito conhecimento, fora as amizades e socialização das crianças”, finaliza.
Doações
O ‘Bando da Leitura aceita todo o tipo de doação, mas principalmente de livros e material escolar como lápis de cor, folha sulfite, cola e tinta.
Horário de funcionamento
Para o empréstimo de livros, a pessoa pode ir até o ‘Bando’ escolher o livro que deseja. Lucélia não tem problemas com prazo de entrega.
Já os encontros de leitura acontecem toda sexta-feira a partir das 14 horas, em sua casa, localizada na Rua Roberto Auer, 141 – Oficinas.
Instituto Pegaí Leitura Grátis
Trata-se de uma associação sem fins lucrativos, que foi criada em 2015. O trabalho é mantido por mais de 130 voluntários que, desde o início, auxiliaram a disponibilizar mais de 470 mil livros.
Missão
Esta organização tem como objetivo aproximar livros sem leitores de leitores sem livros, através de doações. Não é necessário pagar, nem realizar cadastro. Logo após a triagem, os livros são disponibilizados nas ‘Estantes Pegaí’.
Livros aceitos
Os livros aprovados pela Instituição, são dos seguintes gêneros literários: poesia, soneto, romance, crônicas, contos, ensaios, biografias, gibis, entre outros, desde que sejam indicados para crianças, jovens e adultos.
A ideia é que o leitor escolha um título e gênero da sua preferência, leve para casa, leia no seu tempo e devolva em um dos Pontos de Coleta. Esta dinâmica motiva o leitor, que também pode levar mais livros para doar, fazendo com que circulem nas mãos de outros leitores.
Público
A Instituição possui mais de 68 estantes em 16 cidades paranaenses: Arapoti, Campo Largo, Carambeí, Castro, Conselheiro Mairinck, Ibaiti, Ipiranga, Jaguariaíva, Palmeira, Pato Branco, Ponta Grossa, Quitandinha, Realeza, Reserva, São Mateus do Sul e Vera Cruz do Oeste.