Por Dulce Pais
Medo de coronavírus afasta dos hospitais pacientes com doenças como hipertensão, diabetes, câncer e problemas respiratórios, médico alerta: “ Isso causará problemas irreversíveis”.
Eva Maria Pedroso em um de seus momentos de fraqueza
As pessoas com idade acima de 60 anos e aquelas com doenças crônicas, como diabetes, doenças cardiovasculares e respiratórias, e com imunidade baixa, possuem um risco maior de terem complicações graves se forem contaminadas pelo coronavírus. Pacientes com câncer que estejam em tratamentos de quimioterapia, radioterapia e que tenham feito cirurgia há menos de um mês ou que façam o uso de medicamentos imunossupressores fazem parte do grupo de risco.
O médico Acassio Politta fala que os pacientes que devem fazer tratamentos contínuos de saúde estão deixando de ir aos locais para que seja acompanhada a situação. “ O problema é que diagnósticos e encaminhamentos não estão acontecendo. Vai atrasar o tratamento e pode causar problemas irreversíveis principalmente aos pacientes que estão com tumor maligno. Outro fato é que as pessoas estão em casa ansiosos, isso é um agravante para as doenças crônicas ”, diz Politta.
Noemi Gomes, professora aposentada, convive com o câncer desde 2018,quando descobriu a doença em um dos ovários. Ela conta que, um pouco antes da quarentena ser decretada, ela já havia sido alertada pelo o médico, para evitar sair de casa, mas não deixar de fazer o tratamento.
“Eu só saio de casa para fazer quimioterapia e vou morrendo de medo. No começo da pandemia eu deixei de fazer uma sessão e me arrependi, passei muito mal. Meu vizinho faleceu de covid-19, e não tinha nenhum problema de saúde. Acredito que ele tenha pegado do hospital onde trabalhava como enfermeiro e isso me deixou muito assustada. Foi tudo tão rápido”, desabafa.
O caso de Eva Maria Pedroso, gerente de vendas, é diferente. Mesmo seguindo o tratamento de um câncer metastático, ou seja, quando a doença já se espalhou para outros órgãos, ela deixou de fazer parte do grupo de risco. Pedroso faz tratamentos com hormônios, o que impede o avanço da doença.
“Sabendo da necessidade do isolamento social, eu procurei cuidar da minha saúde mental, porque o paciente com câncer já passa pelos medos que a população está passando com o coronavírus: o medo de morrer. Isso é um sentimento que não tem explicação. Com essa reflexão, eu me preocupo, sim, com as recomendações médicas, mas não deixo o desespero tomar conta de mim. Se eu precisasse fazer quimioterapia, mesmo assim não teria coragem de ir ao hospital. É muito arriscado e estou cada vez mais fraca, agora no momento só preciso de um respirador e o governo não manda devido a pandemia”, conta.
Noemi antes de sua primeira quimioterapia