Por Bruna Pedroso
A pandemia de coronavírus (COVID-19) está trazendo muitos mais do que o risco de contaminação à tona. Os especialistas relatam que o período de isolamento social tem aumentado os casos de depressão, ansiedade e vícios. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) observa que o abuso de cigarros, bebidas e drogas ilícitas serve como um mecanismo de enfrentamento do que pouco é discutido em casos de epidemias e crises: a saúde mental dos envolvidos.
No artigo “Aspectos biopsicossociais relacionados ao isolamento social durante a pandemia de Covid-19“, Elidiane Emanueli Ficanha e outros autores fazem a análise dos prejuízos sofridos pelos grupos isolados pelo coronavírus, que, a longo prazo, podem desencadear estresse pós-traumático.
Outros problemas que parecem mais sutis, como a compulsão alimentar e a culpa por se alimentar, também acontecem nesse período. Passando mais tempo em casa, a percepção das mudanças que acontecem no corpo também muda. É o que conta a nutricionista Nathalia Anjos. “Os corpos realmente estão mudando, o que não estamos prontos é para aceitar essa mudança”, pontua. “Estamos vivendo um momento em que tudo parou esperando que tudo continue como era, e essa conta não fecha. Estamos gastando menos energia, a maioria das pessoas está trabalhando de casa, e cozinhar, por exemplo, tem sido uma terapia por conta da nossa relação com a comida. Estamos comendo por memória afetiva, conexão com a família, ócio ou ansiedade, por medo; mas comer é natural”.
A compulsão alimentar é um distúrbio em que a pessoa come exageradamente em um curto espaço de tempo. Porém, é algo que precisa ser diagnosticado por um profissional de saúde qualificado. Mudanças na rotina alimentar e ganho de peso também acontece de forma espontânea.
O site da Associação Brasileira de Transtornos Alimentares oferece um mapeamento de profissionais da saúde que podem auxiliar quem procura um tratamento. Acesse: http://astralbr.org/buscar-ajuda/
Nathalia comenta também o efeito das redes sociais e das comparações com os digitais influencers. “Importante é lembrar que os influenciadores recebem para fazer o contrário do mundo. Enquanto estamos desacelerando, eles estão acelerando e recebem por isso, é o trabalho deles. Não podemos esquecer que é um momento histórico e que vai passar, está tudo bem não conseguir manter uma rotina de exercícios.”