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Mulheres à frente da comunicação em meio à desigualdade do mercado

Por Elisângela Schmidt

Fundadoras e líderes de agências de publicidade contam suas experiências

Em uma sociedade que os cargos de liderança ainda são, em sua maioria, comandados por homens, é importante destacar aquelas mulheres que se destacam, apesar de tantas barreiras impostas, e estão à frente de empresas de comunicação. As jornalistas Thanile Ratti, Ligiane Malfatti e Melina Santos são proprietárias de agências de publicidade e fazem parte da porcentagem, ainda pequena, de mulheres em cargos de chefia.

De acordo com a pesquisa realizada pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) em 2013, as mulheres são maioria no país (64%), no entanto, os homens ainda são maiorias nos cargos de chefia. Segundo o Fórum Econômico Mundial, no ritmo atual, a equiparidade salarial entre os gêneros só será alcançada em 2.186.

Nas agências a presença de mulheres em funções de liderança era de 6% em dezembro de 2015, agora subiu para 14%, de acordo com a pesquisa da Meio & Mensagem. Das 30 empresas ouvidas, com 180 profissionais de criação nas funções de chefias, apenas 26 eram mulheres.

Mesmo a comunicação tendo iniciado em tempos diferentes na vida das duas jornalistas, os desafios de ser mulher e encarar preconceitos foi vivido por ambas. Ligiane Malfatti iniciou na comunicação em 2003, atualmente é professora no curso de jornalismo da Unisecal e também uma das proprietárias na A4 Comunicação, agência comandada por três mulheres, que tiveram que enfrentar um mercado ainda mais comandado por homens do que nos dias atuais.

“Na época sentíamos que a concorrência, formada exclusivamente por homens, tinha preconceito em relação à gente. Como se por ser mulher, e por ser jovem, não poderia realizar um bom trabalho. Com o tempo, graças à qualidade do trabalho e também a outras mulheres que empreenderam na área, isso foi deixado de lado.”, contou Ligiane.

Para ela, os anos e avanços da sociedade começaram a abrir mais caminhos na comunicação mulheres. “Comecei no ano de 2003, durante todo este tempo as mulheres estão ocupando mais espaço na área de liderança. Hoje, nas grandes empresas, é comum encontrar mulheres responsáveis pelas áreas de marketing, administrativo e RH, o que também abre espaço para a contratação de outras mulheres.”, explicou a jornalista.

Do outro lado, Thanile Ratti, que se formou em jornalismo em 2018, é sócia-proprietária do Escritório de Criatividade, agência de marketing digital e publicidade em Ponta Grossa. E os desafios de enfrentar o machismo estiverem presentes para ela desde cedo, mesmo antes de se formar, atuava como repórter e videomaker no jornalismo esportivo, área ainda mais dominada por homens. Mesmo iniciando na comunicação em uma era considerada mais moderna, Thanile também passou com clientes. Ao ir para uma reunião que parecia de rotina, a jornalista foi surpreendida por ataques verbais de um cliente, sobre serviços que sequer a agência tinha se obrigado a realizar. Em outro momento, Thanile também sofreu com o machismo vindo de uma mulher, que pediu para a empresa fosse atendida somente por homens. Abaixo você confere o relato de Thanilede como ela vê as conquistas das mulheres na comunicação durante os anos:

[ÁUDIO 1 – THANILE RATTI]

 

Para Melina Santos, proprietária da agência Gangorra Digital, as mulheres sofrem com o machismo diariamente, independente do lugar. As interrupções quando está falando, repetir ideias já mencionadas pela mulher, insinuações que conseguiu uma promoção por favores sexuais, entre outras situações são comuns no dia a dia. “Isso é comum, mas a gente não pode encarar isso como normal, a gente precisa se impor e convencer nossos amigos, colegas, as pessoas que estão ao nosso redor que temos voz”, afirmou Melina.

Essa luta contínua das mulheres por direitos salarias iguais, respeito, igualdade é constante, e é essa a mensagem que a jornalista Melina Santos deixa para nós a seguir:

[ÁUDIO 2 – MELINA SANTOS]

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