Nos últimos meses, os mais vulneráveis a doença adotaram o isolamento social

Por Lucas Franco

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, as autoridades de saúde fazem menção aos chamados “grupos de risco”. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), portadores de doenças crônicas, como hipertensão ou diabetes, asma, fumantes, gestantes, mulheres que tiveram bebê recentementee idosos são considerados mais vulneráveis a doença. Dessa forma, a recomendação para esses grupos é o isolamento social.

 Segundo um estudo feito em Londres pelo Imperial College, a chance de morte pelo novo coronavírus dobra a cada oito anos de idade. Os números foram obtidos pela razão entre o número de infectados pela doença e a taxa de óbitos. Esses dados revelam a vulnerabilidade de idosos e a necessidade de cuidados redobrados.

Maria de Lourdes tem 70 anos e é dona de casa. Ela conta que quando os primeiros casos foram registrados, ela pensava se tratar de uma gripe qualquer. “Eu lembro de quando começaram a dar as notícias. Pensei que era coisa simples, inofensiva. Hoje a gente tem outro pensamento, temos que nos cuidar”, alerta.

Maria ainda fala que sente falta de poder fazer coisas simples, desde caminhadas na rua até ir a cultos religiosos. “A gente fica pensativo, sabe (…) eu sempre saia andar um pouco, agora tenho medo até de tomar vento na porta.Sinto falta de caminhar na rua, de ir pra igreja, de ver meus netos e minha bisneta”, lamenta.

De acordo com dados da Fiocruz, cerca de 40% dos idosos brasileiros que ainda trabalham tiveram diminuição na renda ou ficaram sem rendimentos. É o caso de Joel Evangelista, que tem 71 anos e trabalha como trocador de ônibus. Ele conta que foi afastado do trabalho e orientado a se manter isolado em casa logo no início da pandemia. “Eu fiquei mais tranquilo por poder me isolar do trabalho e me cuidar. Só que logo depois da dispensa a firma cortou 30% do meu salário. Tive que usar um dinheiro que eu tinha guardado. Passei um aperto durante o período, mas pude me cuidar”, diz.

Joel voltou ao trabalho há dois meses. Mesmo com a doença apontando para a estabilidade, ele conta que ainda mantém os cuidados básicos, evitando aglomerações. “Tem que se cuidar, eu só saio pra fazer o principal mesmo. Não estou visitando meus filhos, só falo com eles por telefone. Acho que vai ter que ser assim até sair uma vacina”, finaliza.

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