Foto: Felipe Fachini

Em uma entrevista às alunas Milena e Maysa, da Unisecal, os goleiros do Guarani, Lucas e Daniel, nos contam sobre suas adaptações em meio a pandemia

Por Maysa Taborda e Milena Batista

A pandemia tem impactado o mundo de diversas maneiras, e o esporte também vem sentindo o efeito do Covid-19, o futebol foi uma das atividades mais afetadas, campeonatos foram suspensos e os atletas expostos a desafios além dos campos. Mas nada que paixão e persistência para dar forças aos jogadores.

O Nova Pauta entrevistou dois goleiros da equipe do Guarani de Campinas, Lucas Rodrigues e Daniel Martins, que destacaram algumas situações inusitadas durante o decorrer do Campeonato Brasileiro Série B, no ano de 2020/2021.

Apesar de jovem, Lucas Rodrigues Cardoso, 19 anos, goleiro do Guarani de Campinas precisou estrear no elenco profissional, logo após ocorrer um surto de Covid-19. No mês de janeiro, 17 jogadores da equipe, foram diagnosticados com a doença.

Foto: Thomaz Marostegan

“Foi um momento de surpresa para mim. Eu já havia sido convocado, porque o elenco estava com alguns jogadores contaminados, então viajamos e após a viagem, outros jogadores foram infectados, surgindo então a oportunidade. Eu estava preparado, pude aproveitar, mas foi prejudicial para nossa equipe, pois estávamos lutando pelo acesso e isso nos atrapalhou muito.”

Nessa mesma partida, realizada em janeiro, contra o Cuiabá pela série B, na Arena Pantanal o Guarani enfrentou o time mato-grossense, com somente 13 jogadores, sendo dois deles no banco de reservas, que de acordo com a CBF, é o número mínimo de atletas para realizar uma partida.

O volante Lucas Abreu, que nem estava relacionado, precisou pegar um voo de Campinas para Cuiabá, três horas antes da partida e acabou chegando na Arena Pantanal, apenas 18 minutos antes do jogo começar.

Rodrigues comenta como a situação interferiu no resultado da partida: “Estávamos sem condições de disputar a partida de igual para igual, ainda presenciamos uma situação inusitada, como essa do Lucas Abreu, que se disponibilizou a essa aventura. Foi um marco negativo, para o futebol, essa partida ter sido realizada, principalmente na situação em que nos encontramos, e ainda assinou nossa sentença, acabando com nossas chances de acesso à série A, do Brasileirão.”

Recentemente, no mês de março, alguns técnicos e jogadores de clubes da elite, falaram ser a favor da paralisação dos campeonatos, tanto estaduais, quanto a Copa do Brasil. Contudo, em 2020, alguns atletas de clubes que entraram em crise financeira, devido à situação em que o país se encontra, chegaram a passar fome e são pessoas que precisam realmente do emprego, não só jogadores, mas o massagista, o roupeiro, o fisioterapeuta, que também dependem do movimento do futebol para sobreviver.

Rodrigues destaca a importância dos testes realizados pelos atletas antes das partidas e a questão da paralisação. “O protocolo é rigoroso e não há exceções! Nossos testes são seguros e frequentes, assim como nossos contatos são os mínimos possíveis fora dos treinos. Creio que não teria motivo interno para a paralisação do campeonato.”

O goleiro Daniel Martins Sampaio, com 19 anos, também atuante no Guarani de Campinas, nos conta um pouco mais sobre suas adaptações aos treinos na quarentena e também nos dá a sua opinião em relação a paralisação ou não do futebol.

Foto: Felipe Fachini

“Em tempos difíceis, nos primeiros meses pandêmicos, tivemos que dar sequência nos trabalhos em casa mesmo, da melhor maneira possível. No entanto, quando o futebol teve o seu retorno às atividades nos clubes, também ganharam novas adaptações, por conta dos órgãos de saúde. Nós tivemos muitas dificuldades, mas compreendemos que elas visam o melhor para todos e é isso que tem nos motivado a encará-las com otimismo.”

Recentemente, alguns técnicos e jogadores de clubes da elite, falaram ser a favor da paralisação dos campeonatos, tanto estaduais, quanto a Copa do Brasil. Contudo, no ano passado alguns atletas de clubes que entraram em crise financeira, devido a situação em que o país se encontra, chegaram a passar fome e são pessoas que precisam realmente do emprego, não só jogadores, mas o massagista, o roupeiro, o fisioterapeuta, que também dependem do movimento do futebol para sobreviver. Segundo ele, sempre existirão os dois lados da moeda!

“O futebol não é diferente do restante da sociedade, uma parcela do povo pede para ficar em casa e outra parcela pede para poder ir trabalhar. Mas eu pergunto: aqueles quem tem medo de pegar o vírus ou transmitir para a família estão errados em pedir paralisação dos trabalhos pela sua segurança? Ou aqueles que passam necessidades e tem no futebol sua única fonte de renda e a expectativa de dar sequência em sua carreira, estão errados por querer ir atrás de seu ganho de pão, mesmo correndo os riscos?”

O goleiro complementa que não há certo nem errado, o que existe são realidades diferentes. Daniel diz que é fácil pedir a paralisação do futebol com um salário de 500 mil e que é preciso ter consciência da atual situação, esperando que os órgãos responsáveis tomem medidas cabíveis.

Em relação à diferença entre jogar num estádio lotado, com a torcida e a família prestigiando, para um estádio vazio, como no momento em que estamos vivendo, ele fala que jogar com as arquibancadas vazias é como um cubo mágico faltando um lado, por mais que você tente ajeitar, sempre estará faltando algo. “A torcida é um dos pilares do futebol, não só economicamente! Ela faz parte da essência, afinal é ela que grita, vibra e chora pelo seu time. A torcida é um órgão vital no corpo do jogador veste a camisa do clube ele também faz parte do corpo e quando entramos em campo sem a torcida, é como se faltasse um pedaço desse “corpo”.”

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