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Ela venceu a depressão e hoje é inspiração!

Por: Dani Ribeiro e Laísa Morais

Ela é feita de resistência. Carol Barchaki, é aquela mulher que levou duros golpes, mas sobreviveu. E no momento mais difícil, tomou uma decisão: correr pela vida. Não é sobre suportar, ela é reação ativa!

Para estar no trabalho às 8 da manhã, Carol que é policial militar, acorda bem cedo todas os dias. Cuidar das cachorras Tonfa, Garrucha e Preta, e das tarefas de casa também fazem parte da rotina de uma mulher multifunções que ainda encontra tempo para estudar (no momento está cursando pós-graduação em Psicologia do esporte) e coordenar um projeto de corrida de rua.

*O início*

Nascida em família humilde, já na infância, Carol precisou resistir. Primeiramente ao pai, um homem agressivo que constantemente agredia a ela, a irmã e a mãe. Depois a separação dos pais, um trauma na vida de qualquer criança, ainda mais em uma época na qual o divórcio não era bem visto pela sociedade. “Quando eu tinha seis anos eles se divorciaram, foi uma fase muito conturbada, na época sofremos muito preconceito na escola pois divórcio não era tão comum. Ficamos um tempo morando com meu pai e passamos até fome”, relembra.

O tempo passou, a mãe de Carol casou novamente e levou as filhas para morar junto. O padrasto adotou as meninas e sempre fez tudo o que podia por elas. No entanto a vida era simples, e ainda na adolescência Carol começou a trabalhar. “Com uns 13 anos eu e minha irmã de 15 limpávamos casa e passávamos roupa pra poder ganhar nosso dinheiro, enquanto nossas amigas de colégio se divertiam em clubes etc. [ri]”

Aos 17 anos Carol passou em seu primeiro vestibular, em ciências contábeis. Mas no decorrer do curso, viu que não era exatamente o que ela queria e prestou novamente o vestibular, dessa vez, para educação física. “Quando fui fazer vestibular a primeira vez prestei para contábeis, cursei um ano vi que se eu me tornasse contadora corria o risco de falir alguém [brinca]. E resolvi tentar vestibular para educação física enquanto cursava contábeis, deu certo, entrei e foi a melhor escolha que eu poderia ter feito na vida, sou apaixonada pelo eu faço”, ressalta Carol.

*Depressão*

Entre uma conquista e outra há caminhos por onde quase ninguém nos vê passar. Em meados de 2011 Carol chegava ao limite de uma luta silenciosa contra a depressão. O desejo de morrer constante levaram à tentativa de suicídio. Dez quilos mais magro o corpo não respondia da mesma forma. Carol chegou a ser internada, mas foi em casa, ao lado da família que ela começou a se reerguer. “Deus veio e me disse: hora de reagir Carol, e eu segurei a mão dele com todas as forças e comecei a reagir”, conta.

Nesse processo de recuperação, Carol assistiu à uma reportagem que mudou a sua vida. Um maratonista com problemas cardíacos que encontrou, no esporte, forças para continuar. A partir daquele momento, ela decidiu que também correria. Recuperada, ela começou a treinar e em 2013 competiu pela primeira vez. Com ótimo desempenho, já estreou subindo ao pódio em terceiro lugar. A história de amor com a corrida apenas começava.

 *Sonhos*

No ano de 2012 Carol começou a estudar para o concurso da Polícia Militar do Paraná. Um novo desafio que traria grandes mudanças para a sua vida. “Etapa por etapa fui passando até que fui convocada pra fazer o curso de formação soldados e fui morar na cidade da Lapa onde na 1ª CIA independente da Polícia Militar, me tornei uma policial”, relata.

Mesmo depois de tantas conquistas, Carol ainda tem sonhos a realizar: correr em ultramaratonas pelo mundo e ser mãe, estão entre eles.

*Superação*

A maioria das pessoas não faz ideia do poder que possui. Não se trata de grandes ações, mas de simples atitudes que quando tomadas podem transformar vidas. Quando Carol Barchaki iniciou o projeto do grupo de corrida de rua, suas pretensões não eram tão grandes, porém a cada semana que passava, mais mulheres aderiam ao grupo, correndo atrás dos seus sonhos em busca de superação. “Um dia comentei com minha mãe que tinha intenção de montar um grupo com o intuito de ajudar mulheres que passaram ou passam pelo mesmo problema que eu. Dia 21 de janeiro de 2016 surgiu a Superação com nove alunas e hoje está com mais de cem”, ressalta.

Apesar da correria do dia a dia e dos seus vários compromissos, o grupo Superação tem espaço reservado na rotina de Carol, que em troca de algumas horas de treino, encontra a sua maior recompensa nas transformações que acontecem na vida de cada participante da equipe. “A gratidão das minhas alunas me mantém firme nesse projeto. É uma responsabilidade muito grande, são vidas, são histórias e muitas delas semelhantes a minha ou até piores. Quando você recebe um obrigada, quando você descobre que uma aluna já não precisa mais de terapia ou tomar medicamentos, quando uma emagrece, enfim, é uma vitória pra equipe toda. Não tenho a intenção de formar atletas, apenas através do esporte resgatar vidas”, finaliza.

*Relato de uma conquista*

Layla Francine Lima Barbosa, 30, começou a participar do grupo Superação em 2017, quando precisava voltar a praticar uma atividade física. Layla teve a sua vida transformada através do grupo e conta como a corrida a ajudou a superar e enfrentar desafios. “A corrida me mostrou que sou capaz de ir além do que eu imaginava, corrida hoje é um estilo de vida. Eu tenho uma placa de titânio na perna, devido a um acidente de moto, então correr é um autodesafio. Depois que entrei para o grupo, eu percebi o quanto sou capaz de me superar, o quanto é massa enfrentar desafios, mas acima de tudo o quanto se autodesafiar é importante!  Eu tenho mais qualidade de vida, tenho mais vontade de me cuidar. Correr foi um coroamento de uma fase de amor próprio e recuperação da minha estima”.

Para a participante da equipe de corrida, Carol Barchaki é motivo de inspiração e exemplo para as demais. “A Carol é uma líder nata, dedicada, guerreira e cuidadosa. Através do exemplo dela seguimos nos inspirando para sermos melhores a cada dia! A Carol tem uma luz sensacional e um coração gigante!”, destaca Layla.

O nome da equipe que carregam no peito durante as corridas, diz muito sobre a história de cada uma das pessoas que participam do grupo. Para Layla, superação: “É nascer da lama, ser capaz de enfrentar todos os problemas, é ser capaz de olhar no espelho e se aceitar, capaz de se desafiar e ver o quanto você é forte, o quanto você pode ir além. Isso não significa que não terá dificuldades, mas significa que saberá enfrentar tudo com amor e que tudo passa! E que cada fase é necessária para crescer e ser Superação!”

Carol Barchaki é um exemplo de mulher que decidiu lutar pela vida e superar seus limites. Assim como ela, o grupo Superação é formado por pessoas que além de grandes dificuldades vencidas, têm em comum a vontade de viver.

*Se interessou? *

Os treinos acontecem duas vezes por semana, às 19h20, ao lado do conservatório Maestro Paulino, na Rua Frederico Vagner, nº150, Olarias.
Nas terças e quintas o treino é para as mulheres, e nas quartas e sextas para os homens.
Antes de dar início às atividades, é preciso apresentar atestado médico que conste que a pessoa está apta para correr.
É aberto a todas as idades, menores de idade precisam estar acompanhados ou com autorização dos responsáveis.

#PartiuCorrer

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