Em entrevista a engenheira agrônoma Marina de Oliveira esclarece as causas dos eventos climáticos extremos que atingem o país e o que podemos fazer para prevenir ou minimizar seus efeitos
Estamos em meio a crises climáticas manifestadas pela natureza ano após ano. Seja por meio da água, como aconteceu com as enchentes no Rio Grande do Sul, ou então pelo fogo, como é o caso do Pantanal, que se encontra em chamas.
No entanto, existem profissionais que tentam explicar as causas das mudanças climáticas que vem ocorrendo no Brasil e, claro, encontrar questões para cuidar do meio ambiente e tentar evitar os desastres naturais. Marina de Oliveira, engenheira agrônoma e professora universitária no Centro Universitário Santa Amélia (UniSecal), faz parte deste grupo de pessoas, e conversou com o Nova Pauta sobre o intuito de divulgar formas de produção que não prejudiquem o meio ambiente.
Confira a entrevista a seguir:
Jornalismo Nova Pauta – Como explicar o desastre climático ocorrido no Rio Grande do Sul e o que fazer para que esta tragédia seja evitada futuramente?
Marina de Oliveira – As enchentes no Rio Grande do Sul são um reflexo do aumento da frequência e intensidade de eventos extremos que são exacerbados pelas mudanças climáticas globais. Além disso, a degradação ambiental, a urbanização desordenada e a falta de infraestrutura adequada aumentam a vulnerabilidade da região a tais desastres. Para evitar futuras tragédias, é importante investir em infraestrutura resiliente, além de promover um planejamento urbano sustentável que evite a construção em áreas de risco. A educação e conscientização da população sobre os riscos e as medidas preventivas também são necessárias.
Jornalismo Nova Pauta – Qual é a importância da preservação das florestas tropicais para o equilíbrio climático global?
Marina de Oliveira – As florestas tropicais são fundamentais para o equilíbrio climático global. Elas atuam como sumidouro de carbono, absorvendo grandes quantidades de dióxido de carbono da atmosfera, o que ajuda a reduzir as mudanças climáticas. As florestas também regulam o ciclo hidrológico, influenciando padrões de precipitação e mantendo a umidade atmosférica equilibrada. Ou seja, quando nós desmatamos uma área de floresta, ela deixa de absorver carbono, causando um desequilíbrio ambiental e contribuindo para o aquecimento global.
Jornalismo Nova Pauta – Qual é o papel das energias renováveis na redução das emissões de carbono?
Marina de Oliveira – As energias renováveis substituem os combustíveis fósseis, que são grandes emissores de dióxido de carbono e oferecem uma alternativa limpa e sustentável para a produção de eletricidade. Fontes de energia como a solar, eólica e hidroelétrica produzem eletricidade sem emitir gases de efeito estufa, ajudando a diminuir a pegada de carbono global. Além disso, a diversificação da matriz energética através de fontes renováveis reduz a dependência de fontes não renováveis e aumenta a segurança energética, promovendo um desenvolvimento econômico sustentável.
Jornalismo Nova Pauta – Como a venda do crédito de carbono pode ajudar o meio ambiente?
Marina de Oliveira – O mercado de carbono cria um incentivo econômico para empresas e governos reduzirem suas emissões. Os recursos obtidos com a venda desses créditos podem ser investidos em projetos de energia renovável, reflorestamento e tecnologias limpas, promovendo uma economia mais verde. Em síntese se você preserva uma floresta ou possui uma usina de energia renovável você pode receber por isso, através da venda dos créditos de carbono que está gerando. Em contrapartida, quem está poluindo e emitindo gases causadores do efeito estufa pode comprar os créditos gerados por donos de florestas para compensar suas emissões.
Jornalismo Nova Pauta – Como podemos incentivar práticas de consumo consciente na sociedade?
Marina de Oliveira – É um desafio que pode ser abordado de diversas formas. A educação e conscientização são fundamentais, com campanhas informativas sobre os impactos ambientais do consumo e a importância de escolhas sustentáveis. A rotulagem e certificação de produtos com selos ambientais ajudam os consumidores a identificar e preferir opções sustentáveis. Políticas governamentais que oferecem incentivos fiscais para produtos sustentáveis e regulamentam práticas empresariais também são eficazes. Temos também o marketing e a mídia que desempenham um papel importante na promoção de estilos de vida sustentáveis, assim como o apoio a iniciativas locais e movimentos de consumidores conscientes.
Jornalismo Nova Pauta – Quais são os benefícios de adotar tecnologias verdes nas indústrias?
Marina de Oliveira – A eficiência energética e a redução de resíduos podem resultar em significativa redução de custos operacionais. Empresas que adotam práticas sustentáveis ganham competitividade, atraindo consumidores e investidores que valorizam a responsabilidade ambiental. Estar em conformidade com leis ambientais pode evitar multas e sanções, enquanto a melhoria da imagem pública e da reputação da empresa é outro benefício significativo. A adoção de tecnologias verdes contribui para a sustentabilidade econômica e ambiental a longo prazo, garantindo que as operações industriais possam continuar sem comprometer os recursos naturais para as futuras gerações.
Jornalismo Nova Pauta – Quais são os principais obstáculos para a implementação de políticas ambientais eficazes globalmente?
Marina de Oliveira – São vários obstáculos, entre eles estão os interesses econômicos de indústrias que dependem de práticas não sustentáveis e a desigualdade global, que cria diferenças significativas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento em termos de recursos e capacidades. A desinformação e o negacionismo sobre as mudanças climáticas e suas causas também dificultam a formação de um consenso global.
Entrevistada: Marina de Oliveira
Engenheira agrônoma formada pela Unicentro – PR, Mestrado pela UEPG e Doutoranda na Escola de Negócios na PUC-PR
Pós em Educação do Campo e Educação Ambiental
Professora Curso de ESG: https://esgcurso.com/curso-de-esg-online-ead-com-certificado/
Diretora da CredCarbo e professora do ensino superior