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A mulher negra em destaque

Por Kelly Kuki e Bruna Menon

No dia 08 de março é comemorado o “Dia Internacional da Mulher”, fruto da luta de muitas mulheres em busca de seus direitos desde o século 19. A data foi comemorada pela primeira vez em maio de 1908 nos Estados Unidos; mas hoje o que representa o Dia da Mulher?

Sobretudo essa data é o símbolo de uma série de reinvindicações e conquistas de direitos, especialmente no mercado de trabalho. Para mostrar um pouco como essa luta das mulheres valeu a pena conversamos com Telma de Oliveira Waceliko, advogada, formada em 2008, para contar um pouco da sua luta, das dificuldades enfrentadas pelas mulheres e como não desistiu na busca por seus sonhos.

Em 1983 Telma, uma mulher negra, humilde que morava na roça, vinda de uma vida de extremas dificuldades, conseguiu seu primeiro emprego como faxineira em uma grande empresa. Aluna exemplar, apaixonada pelos estudos, mas sem condições para tal, decidiu ir trabalhar para ajudar a família, mal sabia ela que esse trabalho seria o início de sua história. Através dele conseguiu duas bolsas de estudos: com uma concluiu o ensino fundamental (primário), com a outra o ensino médio (ginásio). Após concluir o ensino médio ficou sem condições financeiras para ingressar numa faculdade e por 10 anos adiou seu sonho. Nesse período se casou e teve dois filhos, começou a trabalhar no Sindicato dos Trabalhadores de Carambeí.

Porém, no ano de 2003, aos 37 anos, ela resolveu retomar seu sonho, fez três vestibulares e conseguiu entrar pra faculdade de Direito, enfrentou grandes obstáculos nesse período, não tinha sequer dinheiro para comprar o lanche, além disso, sustentava sua casa. Entretanto, mesmo assim não desistiu. Cinco anos após realizar o sonho de se formar, Telma começou outra batalha: passar no temido Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), durante dois anos tentou sem sucesso devido às dificuldades financeiras pelas quais passava. Somente em 2012, quatro anos depois de sua formatura, alcançou o status de advogada.

Ainda em 2008 abriu um escritório de advocacia em sua casa, com foco especial nas áreas previdenciária e trabalhista, que hoje conta com uma lista de aproximadamente 300 clientes. Perguntada se enfrenta preconceito por ser negra e mulher ela diz que o meio jurídico tende a ser muito preconceituoso. “O simples fato de ir a uma audiência na qual a outra parte é um homem, percebe-se que a mulher é inferiorizada, porém o desempenho, conhecimento e profissionalismo estão acima de qualquer preconceito”, explica.

Hoje ela se considera uma mulher realizada, além de atender em seu escritório também escreve artigos jurídicos para uma revista holandesa (HISTEDBR), que é enviada a outros países como Holanda e Canadá.

Quando perguntada sobre a razão de seu sucesso, Telma é direta: “A palavra perseverança, se você quiser chegar aonde deseja tem que ter coragem e perseverança, porque sem essas duas coisas não vai conseguir, meu sonho demorou 10 anos para ser realizado, se eu não tivesse perseverança e coragem, eu jamais teria chegado aonde cheguei.”

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