Por Milena Batista
Mulheres se reúnem para ter aulas de Crossfoot, em Ponta Grossa.
Você sabia que as mulheres foram proibidas de jogar futebol no Brasil, por 38 anos? No dia 14 de abril de 1941, o presidente Getúlio Vargas assinou um decreto lei, que impedia as mulheres de praticar esporte. Segundo o documento, o esporte era incompatível com as condições de suas naturezas, além de prejudicar na maternidade. Naquela época, o futebol masculino já era considerado de elite. Foram quatro décadas de banimento, o que resultou em consequências sentidas até hoje, como o atraso do desenvolvimento da modalidade. O Campeonato Brasileiro feminino foi criado somente em 2013.
Atividade física é essencial na vida das pessoas
Segundo o professor de Crossfoot feminino, Everton Sartori, o esporte pode auxiliar na criação de princípios como a disciplina, dedicação, além de estimular o indivíduo a trabalhar em grupo. Everton trabalha na área de Educação Física há aproximadamente três anos.
Em relação à discriminação com o futebol feminino, Sartori tem a opinião dele.“Acredito que no passado era muito mais discriminado do que atualmente. Não é igualitário (o feminino e masculino), mas está progredindo”.
Projeto em Ponta Grossa
O projeto que, completará um ano no mês de novembro, tem como o objetivo a diversão, além de dar oportunidade às mulheres de praticar o esporte e sair da rotina. Vale destacar que, até hoje, é raro existirem “escolinhas” de futebol feminino, disponíveis para todas as idades. Joelma Coelho, uma das alunas, por exemplo, começou a jogar futebol aos 24 anos. De acordo com ela, essas aulas tem diminuído o estresse e melhorado suas noites de sono, além de ser seu “cano de escape”. “Sempre que parei (de praticar exercício físico) o nível de estresse aumentou muito”, afirma.
No entanto, essa sensação de dever cumprido, relaxamento e felicidade, pode ser explicada devido aos hormônios em que são liberados enquanto se pratica alguma atividade física. São eles: a adrenalina (que aumenta a frequência cardíaca e acelera a queima de calorias, um ótimo hormônio para quem deseja emagrecer); a endorfina (um analgésico natural do corpo humano. Responsável por aliviar dores e reduzir a ansiedade, ela quem traz a sensação de bem-estar); e a serotonina, responsável pela estabilidade emocional, além de ajudar no bom humor do cotidiano.
Segundo uma entrevista da empreendedora brasileira Tatiana Ferreira para o site “projeto colabora”, a qual criou o programa “Futebol pela Igualdade”, na Ilha de Mallorca, o futebol também serve como empoderamento pessoal. Sejam crianças ou adultos, quando entram em contato com o esporte, os alunos resolvem melhor seus conflitos, cuidam e criam laços com os colegas, além de conduzirem de forma mais autônoma e saudável, um papel de liderança.
Muitas atletas, como a Aline Reis (goleira do time espanhol UDG Tenerife), precisaram ouvir homens falando que, para essa modalidade ser atrativa, o tamanho do gol e a dimensão do campo devem ser reduzidos, pois para eles, as mulheres são mais fracas. “Falam que sou baixinha (para ficar no gol)”- relata ao site “dibradoras”.
Joelma diz que ainda existe muito preconceito. “Mas, em minha opinião, não é o gênero que define um ótimo jogador, conheço muitas mulheres que jogam melhor que os homens”.
Essas mulheres servem de inspiração! Coelho, mãe de duas crianças, ainda completa. “Meus filhos me acompanham desde pequenos e, às vezes, até participam das aulas”.
Contudo, as alunas do Crossfoot, são muito unidas e apoio não falta. O professor rasga elogios a elas. “São muito dedicadas, têm grande potencial e vem se desenvolvendo muito, cada uma no seu nível e seu tempo, porém sempre melhorando”.
“O que eu mais gosto nas aulas, é com certeza, o entrosamento com as outras alunas e a partida de futebol, no final”, completa Joelma.