Por: Jeniffer Case

Waltel Branco foi um grande violonista do Brasil, também era arranjador e compositor. Ele transitava entre os gêneros erudito e o popular. Nasceu na cidade de Paranaguá, em  22 de novembro, data em que se comemora o dia da música. Filho de maestro, desde pequeno já demonstrava seu interesse pela música. Ele morou muito tempo no Rio de Janeiro onde fez muitas trilhas sonoras para filmes e novelas. Como arranjador foi parceiro de grandes músicos da música brasileira, como Tim Maia, a Roberto Carlos, Cazuza, Cartola, Gal Costa, Vanusa, Alceu Valença, Cauby Peixoto, Dorival Caymmi, ele trabalhou também com os cantores da Bossa Nova, como Tom Jobim e Elis Regina.

Um dos trabalhos mais relevantes de Waltel na área de trilhas sonoras foi o arranjo de Retirantes com Dorival Caymmi em 1976, símbolo musical da novela Escrava Isaura (1976 / 1977) pelo famoso ”lerê lerê”. Além de arranjador, Waltel foi músico no toque da guitarra, do baixo, do bandolim e do violão. Waltel faleceu em 28 de novembro de 2018,no Rio de Janeiro, em decorrência de diabetes.

Conversamos com o músico e ator, Flávio Fanucchi que trabalhou ao lado de Waltel aqui na cidade de Ponta Grossa. Flávio diz que trabalhar ao lado de um músico como nem ele foi uma experiência extraordinária, é ser de certa forma um discípulo de um mestre. Quando o músico chegou em Ponta Grossa, Flávio já sabia da importância dele, por ele ter trabalho com grandes nomes da música, e ser reconhecido no meio musical como um gênio. “Eu era solícito da orquestra que ele era maestro, eu tratei de ficar com a boca bem fechada e os ouvidos bem atentos e os olhos também,  bebendo tudo que via em forma de música, do talento dele”.

Ele conta que ficou fascinado com a imagem do músico compondo. “Uma imagem que eu sempre lembro é que me deixou impressionado, foi uma tarde que ele estava trabalhando em uma escrivaninha lá no conservatório, e eu cheguei e sentei ao lado dele, e na escrivaninha ele colocou diversas folhas de papel contado para música, e aí ele escreveu em cima de cada folha, em uma ele escreveu viola, em outro violino, terceiro sopros, na quarta folha, violão, na quinta piano. Afinal, ele estava naquele momento fazendo um arranjo da sinfonia de Ponta Grossa,  que ele estava compondo, ele já tinha na cabeça a melodia e estava imaginando, aquela melodia acompanhada por toda orquestra”, conta o músico de Ponta Grossa.

Para Flávio, uma das coisas mais bonitas que ele já ouviu, foi a Sinfonia Vila Velha, que o Waltel compôs, no período que ele esteve aqui em Ponta Grossa, a pedido do ex-prefeito Péricles. Ele declara que o  Waltel foi na vida dele, um presente, uma dádiva, que ele teve  a esperteza de aproveitar o máximo possível em termos de aprendizado.

O ex-prefeito Péricles destaca a importância do trabalho realizado por Waltel, durante os quatro anos de sua gestão, e o legado do maestro à cultura ponta-grossense. “Conheci o Waltel em Curitiba, em 1998. Ele tocava violão num Café chamado Degrau 54. Fomos apresentados e comprei um CD com Rua das Flores, uma de suas principais composições. Em pouco tempo nos tornamos amigos e, pela trajetória genial,em agosto de 1999, aprovei Projeto de Cidadão Benemérito Paranaense em sua homenagem. Foi com base nessa amizade que pedi a ele para que musicou o poema Poentes de Minha Terra de Anita Philipowski. Nesse período eu trabalhava intensamente no Movimento Cidade Viva e tinha como um dos principais objetivos o fortalecimento da identidade e da cultura local”.

Para o ex-prefeito, que iniciou a administração com o projeto de resgatar a Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa, Waltel foi o responsável pela criação e estruturação da Orquestra Sinfônica da Fundação Cultural de Ponta Grossa, idealizou e criou a Camerata e o Coro da Cidade. Waltel também compôs, a seu pedido, Sinfonia de Vila Velha e Protofonia dos Campos Gerais além de ter musicado com um tango um dos sonetos de Sergio Zan, do livro Sonetos Extemporâneos. Waltel realizou vários arranjos, inclusive da Marcha de Ponta Grossa, e regeu a Orquestra e a Camerata em diversas apresentações, algumas vezes para milhares de pessoas no Parque Ambiental durante os Domingos Livres (com passagem de ônibus gratuita).

Profundo conhecedor da obra de Waltel, Péricles mostrou um caderno com quarenta e quatro partituras de músicas de Waltel para violão e vários CDs cobrindo a trajetória musical do maestro, incluindo o mais recente com 101 músicas de sua autoria. “Infelizmente, as filmagens realizadas das apresentações de Waltel com a Orquestra Sinfônica não foram ainda encontradas na Prefeitura. Antes de sua morte consegui resgatar as partituras de suas composições dedicadas a Ponta Grossa e Campos Gerais e entreguei uma cópia para a Direção da Orquestra. Pretendo sugerir a prefeita Elizabeth, uma homenagem a Waltel, na comemoração dos 200 anos de nossa cidade, com a produção de um CD contendo todas suas músicas de temática paranaense como Rua das Flores, Paranaguá, Cabeza de Vaco, Trilha de Abertura dos Jogos da Natureza. incluindo as que ele fez para nossa cidade e, claro, executadas por nossa Orquestra Sinfónica”, conclui o ex-prefeito.

 

 

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