Por: Eduardo Pereira Vaz
Entenda como eles agem no corpo e também as contraindicações para o uso sem acompanhamento profissional
Contra ansiedade, depressão, dores musculares, relaxamento, para uma pele mais bonita e até para aumentar a concentração. Se você, leitor, imaginou uma combinação de diversos remédios químicos, e um rombo no bolso, errou! Eles ganharam notoriedade nos últimos anos e vêm chamando atenção de quem deseja um tratamento mais natural: são os óleos essenciais, utilizados na aromaterapia.Substâncias extraídas de frutas, flores ou folhas que possuem efeitos nas mais diversas áreas do corpo e da mente e passaram a fazer parte da rotina de famílias em todo o mundo.
Em meio à pandemia da Covid-19, a professora Luana Schneider descobriu os óleos essenciais em umaconversa com uma amiga, após revelar que o filho de nove anos havia sido diagnosticado com depressão infantil e ansiedade aguda. “Foi em agosto de 2020. Uma amiga me apresentou depois que relatei a preocupação com meu filho. A mudança de rotina devido à pandemia foi grande, o isolamento, o medo veio à tona e os óleos ajudaram, pois conseguiram controlar as crises de ansiedade”, conta.
Ela revela que, não apenas o filho, mas a família toda passou a fazer o uso dos óleos. “Iniciei o uso para minha fibromialgia e percebi a diferença imediata nas dores. Passei também para aromas que tratam a questão digestiva. Hoje, nós quatro fazemos uso. Meu filho utiliza para controlar a ansiedade, o sistema digestivo e aumentar a imunidade. Meu marido para a rinite alérgica e minha filha mais nova, de cinco anos, para agitação, medo noturno, dores de crescimento e também para imunidade.
Mas como funcionam os óleos ao entrar em contato com o corpo?A farmacêutica e pesquisadora Juliana Ribeiro, especialista em homeopatia, terapia floral e aromaterapia, explica que a ação dos óleos essenciais funciona através de uma tríade aromática, a junção de três fatores que fazem com que o efeito aconteça. “A tríade engloba os fatores materiais, energéticos e informacionais”, conta. “A parte material éa composição e o perfil químico, com todas as moléculas que pertencem àquela substância. A parte energética vai trabalhar com o campo emocional, já que ele tem uma configuração vibracional. Já a parte informacional é a frequência do óleo essencial. Por isso que é interessante, os óleos não só trabalham a bioquímica do corpo, mas, através da frequência, também os pensamentos e emoções, que é o que nós chamamos de psicoaroma. Então, a própria molécula inalada vai trabalhar tratando o corpo físico, como também o corpo mental, emocional, através da informação energética”, explica.
Apesar de ser considerado por muitos um medicamento natural, a farmacêutica explica que diversos fatores podem influenciar no efeito final do óleo. “Tanto o medicamento quanto o óleo eles têm semelhanças de ter composição química. Um óleo essencial pode ter centenas, milhares de componentes. Os componentes do medicamento são mais conhecidos, porque é um fármaco estudado naquela dosagem, naquela molécula. O óleo varia muito do local em que ele é colhido, da região em que é plantado, da época em que é extraído, período do dia. Então, com o medicamento você consegue ter mais rastreabilidade em relação à eficácia do que o óleo porque todas essas variantes podem interferir na ação terapêutica do óleo. Cada lote de óleo tem um perfil químico diferente que é demonstrado no laudo de análise da cromatografia”, detalha.
Mas nem tudo são flores (ou aromas)! É preciso cuidado na hora de utilizar a aromaterapia. Alguns óleos possuem contraindicações, o que pode agravar um problema em vez de tratá-lo. “Crianças podem usar, mas existem óleos específicos para crianças, como lavanda, laranja doce, camomila azul. Gestantes também precisam ficar atentas, nem todos são indicados. Por exemplo, lavanda é um óleo que as grávidas não devem usar, em especial no primeiro trimestre. Há óleos que são fotossensibilizantes, que não podem ser expostos ao sol, como os derivados das cascas dos cítricos, como limão, bergamota (um tipo de laranja), que podem manchar e até queimar a pele. Canela também é muito fotossensível e dermo agressivo, um óleo que não pode ser usado puro na pele, sempre diluído”, revela Juliana.
A professora Luana confessa que está deixando os medicamentos químicos e utilizando, preferencialmente, os óleos essenciais. “Na verdade estou ‘desmamando’ dos medicamentos químicos e controlando a ansiedade e fibromialgia apenas com os óleos. Meu filho está no mesmo caminho. Usamos direto na pele, ingerindo, com óleo carreador (um óleo para diluir as essências), através de difusor. De várias maneiras!”, conclui.
A especialista conta que há inúmeras maneiras de utilizar os óleos e, apesar da inalação ser a mais comum, todas são eficazes. “Há muitas maneiras e é difícil definir qual é a melhor porque depende de cada caso.O modo mais comum é a inalação, mas você também pode utilizar dentro de uma banheira em banho de imersão, no escalda pés. Existe colar aromático, umapeça de porcelana que tem um espaço para você pingar o óleo, onde você fica sentindo o aroma o dia inteiro. Também é possívelutilizar em forma de creme, fazer o uso tópico (utilizar na pele), ingerir o óleo essencial nos alimentos que a lei brasileira permite, em massagens…”, pontua Juliana.
“A dica é sempre começar, não é?”, brinca Juliana ao ser questionada sobre o que fazer para iniciar um tratamento com as substâncias. “Comece por aquilo que você quer mais priorizar em você. Quer um óleo essencial pra ansiedade? Então busque sobre isso.Hoje está muito divulgado nas redes sociais, na internet, mas procure fontes seguras, literaturas e artigos científicos que são seguros, que não tenham nenhum tipo de influência mercadológica e nem sejam patrocinados por indústria, busque por bons profissionais”, alerta. “Quer começar a entender uma terapia? Experimente em si, dentro das suas prioridades, para depois você ir atrás de fontes seguras, estudando pra que que serve cada óleo, entendendo a composição química, a molécula de cada óleo essencial, as suas contraindicações e precauções. Buscar bons profissionais e literaturas de relevância é o caminho”, finaliza.
SUGESTÃO DE ÓLEO
“O bom óleo essencial é aquele que a pessoa se afiniza com o aroma e também cumpra o propósito terapêutico o qual você vem procurando.” – Juliana Ribeiro, especialista em Aromaterapia