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Comunidade escolar decide por adesão aos colégios cívico-militares em Ponta Grossa

O programa será aplicado em quatro colégios a partir de próximo ano

Por Elisângela Schmidt e Gabriel Ramos

 

Ponta Grossa terá quatro colégios no modelo cívico-militar em 2021. A comunidade escolar aprovou o programa com números expressivos e os colégios estaduais Professor Colares, em Oficinas, o Frei Doroteu, em Periquitos, José Elias da Rocha, em Olarias e General Antônio Sampaio, localizado ao lado do 13º Batalhão de Infantaria Blindada (13 BIB), em Uvaranas, serão adaptados para receber a gestão compartilhada entre governo e militares.

A votação para adesão ao programa iniciou no dia 28 de outubro e prosseguiu até que os quatro colégios tivessem o quórum mínimo. Para a implementação ser válida era necessário atingir a maioria simples dos votantes da escola, ou seja, 50% e mais um voto do total. Toda a comunidade escolar teve direito a voto, menos os alunos menores de idade, dessa forma, a decisão ficou nas mãos dos professores, funcionários, pais e alunos maiores de 18 anos.Foto 1 -Colégio José Elias da Rocha Reprodução Facebook

 

Colégio José Elias da Rocha Reprodução Facebook.jpg

De acordo com o governo estadual, as características das instituições escolhidas foram alto índice de vulnerabilidade social, baixos índices de fluxo e rendimento escolar e não ofertar ensino noturno. Uma das adaptações seria o acréscimo de aulas de português, matemática e civismo.

Para o professor da rede estadual de ensino, Phellip Willian, tais critérios não seriam suficientes, o programa precisa estar alinhado com outros fatores. “Penso que os baixos índices e o rendimento escolar abaixo do ideal não são resultado de falta de disciplina, coisa que talvez seja o principal objetivo de inserir um militar na gestão da escola. Não consigo visualizar um benefício para as escolas apenas com a presença dos militares lá dentro. Eu consigo visualizar esses benefícios se melhorarem, além das fardas, a estrutura das escolas com material didático, laboratórios, biblioteca, etc. Gerir uma escola é muito mais do que coibir comportamentos desagradáveis ou criar disciplina dentro do espaço escolar, é preciso focar no ensino-aprendizagem.”, afirmou o professor.

O programa prevê que aqueles estudantes que votarem contra e não se adaptarem terão vagas garantidas em outra instituição de ensino próxima à residência. No entanto, a realidade é outra. Em Ponta Grossa, muitos colégios estaduais não possuem vagas para alunos vindos de outra instituição, pois já estão lotados com os alunos que vieram do ano anterior.

É o que afirma a aluna do ensino médio, do Colégio José Elias da Rocha, Willyane Paula. “Um dos colégios mais próximos aqui, é o Instituto de Educação, e só tem três turmas de terceiro ano lá. Eu tentei entrar para fazer o segundo ano e já não deu porque fechou as turmas com alunos que vieram do primeiro ano, então não tinha vaga pra quem é de fora. Sobrou o Medalha Milagrosa, para alunos de fundamental, o Senador Correia e o Regente Feijó, mas não sabemos se vamos conseguir vaga nesses colégios”, contou a estudante.Foto 2 - Alunos terão mais matérias na grade escolarFoto Elisângela Schmidt

 Alunos terão mais matérias na grade escolar Foto Elisângela Schmidt

A vice-diretora do Colégio General Antônio Sampaio, Antonilda Chicouski, contou que não houve qualquer visita na instituição, nem do Estado, nem dos militares para avaliarem as condições de estrutura e ensino do local.

Essa falta de maiores informações e avaliação do colégio também preocupou Willyane. Como ainda não atingiu a maioridade, não pode votar, mas foi representada pela mãe e disse ser contra a implementação. “Acho que foi tudo de uma hora para outra, no meio de uma pandemia, sem explicar direito para os pais do que se tratava. Foi tudo muito rápido. Acho que não devia ter sido dessa maneira.

“Nunca deram muita atenção para o nosso colégio e do nada chegar com isso,dizendo que quem não se adaptar vai perder a matrícula”

Votação

O Colégio Estadual Professor Colares foi o primeiro a completar o quórum e se tornar cívico-militar. Foram 304 votos favoráveis e 23 contrários, do total de 541 alunos matriculados.

E os números continuaram expressivos nas outras três instituições. O segundo colégio a atingir o número mínimo de votantes foi o Frei Doroteu, com 76% votos a favor da implementação do modelo cívico-militar, dos 688 alunos matriculados.

No Colégio José Elias da Rocha a votação permaneceu por quatro dias e encerrou em 30 de outubro, com 269 votantes. Mais de 80% da comunidade escolar votou a favor, foram apenas 49 votos contra.

A votação do último colégio a aderir ao programa, o Colégio Antônio Sampaio, esteve aberta durante oito dias, até conseguir o número mínimo do quórum. A vice-diretora, Antonilda Chicouski, informou que a demora aconteceu, pois, muitos pais e alunos moram longe do colégio e por isso estavam tendo dificuldade para concluir a votação. Até o fechamento desta matéria os números oficiais não haviam sido divulgados.

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