Indianara, Leticia e Inácio

Por Leticia Domingues e Sabrina Souza

As mães que precisam fazer o papel de pai na linguagem popular são chamadas de “pães”. Diariamente esse número cresce cada vez mais. Só no Brasil, o número de mães solteiras chega a 11,6 milhões.

Muitas dessas mulheres são vistas com preconceito por conta de criarem seus filhos sem a figura masculina. Esse é caso de Suzanne, 24 anos, que foi mãe aos 19. Ela conta que tinha acabado de terminar seu relacionamento quando descobriu que estava grávida. “Foi uma decisão muito difícil para mim ter que criar meu filho sozinha,  o pai dele não queria saber nem como eu ia fazer para criar, disse que ele já tinha a vida dele para se preocupar. Para as pessoas isso foi visto de uma forma terrível, até mesmo meu pai falou que eu era irresponsável por ter engravidado tão cedo e ter que criar sozinha, dizia que isso era coisa de ‘mulher da vida’”.

Além de Suzanne, muitas mulheres sofrem preconceito diariamente por essa escolha. Entretanto, essa não é a única preocupação dessas mães, pois criar um filho sozinha pode ter muitas dificuldades, como na parte financeira, pois essas mulheres são obrigadas a trabalhar e ainda conciliar a criação dos filhos.  Essa é a realidade de Indianara, 36 anos, que cria os três filhos sozinha. “Tive que reorganizar minha vida, mesmo destruída emocionalmente, pois tinha três filhos que dependiam somente de mim. Trabalho durante o dia em um hospital e a noite como cuidadora de uma senhora. Somente com um salário é difícil sustentar uma casa. Muitas vezes precisei de ajuda dos familiares para cuidar das crianças. Posso dizer que em nossa casa não temos tudo, mas temos o que é preciso para nos fazer feliz”.

Todas essas mulheres, por mais que passem por todas essas dificuldades, merecem sempre todo o apoio e admiração, pois mesmo sem a figura masculina, essas mães conseguem educar e sustentar seus filhos em meio a uma sociedade machista e preconceituosa.  Neiva, 51 anos, que é divorciada há 23 e mãe de Bárbara, de 25 anos, acredita que mesmo sendo mãe solteira não há motivos para arrependimento. “Acima de tudo, mesmo sem um pai, ela se tornou uma pessoa digna de respeito. É lindo ver que um bebê sem pai se tornou uma pessoa maravilhosa. Eu nunca a abandonaria, até hoje somos assim, sempre juntas”.

Suzanne e Arthur

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2 thoughts on “As “pães” dos dias de hoje”

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