Perfis na rede social criam redes de apoio com enlutados e ajudam a lidar com a perda

Por Bruna Pedroso 

            No dia 2 de novembro, Dia de Finados, celebrou-se a memória das pessoas que já se foram. É costume que se visite o cemitério e leve flores aos túmulos dos entes queridos. Mesmo com a pandemia, que deixou a morte e seus rituais, como velórios, mais complicados, os cemitérios de Ponta Grossa receberam muitas visitas. A questão do luto e de como lidar com as perdas são tratadas nesse período, principalmente porque cada pessoa sente o luto de um jeito.

            No Instagram, vários psicoterapeutas e psicólogos dialogam com seus seguidores sobre o luto. É o caso da psicóloga especializada em luto, Marianne Branquinho. “Se você vivenciou a morte de alguém que ama, sua lente de enxergar o mundo muda para sempre”, diz uma de suas postagens no Instagram (@psibranquinho). “A morte tem esse poder de tirar o véu da nossa cara, nos mostrar a realidade sem filtro. Isso pode ser assustador no início, mas é um convite – enxergar o que realmente importa para você.”

            Marianne nos conta que teve o primeiro contato com o luto no último ano de faculdade, em 2014, por conta de seu pai, e a rotina hospitalar e preparatória do luto foi o que a instigou a querer estudar sobre isso. “Eu queria fazer alguma coisa em relação a isso, mudar a ideia que as pessoas têm sobre a morte, e meu propósito hoje é desmistificar e fazer com que as pessoas reflitam sobre isso. Na residência multiprofissional tive a oportunidade de aprender mais, estando dentro do hospital acompanhando pacientes e familiares nesse processo”, relata.

Graduada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) em 2016, mudou-se para Florianópolis e fez residência no Hospital Universitário da UFSC. “Quando acabei minha residência, em março de 2018, decidi criar o Instagram para divulgar meu trabalho em busca de pacientes, mas pelo engajamento eu acabei fazendo esse trabalho de psicoeducação, mais informativo mesmo.”

            Com o isolamento social, consequência do coronavírus, o trabalho online foi quase que compulsório. “Eu já planejava atender online, e com a pandemia eu acabei tendo que trabalhar assim, conseguindo reduzir meu nicho a pessoas em luto”, pontua. Hoje, ela não atende mais presencialmente. “O atendimento virtual é muito positivo, principalmente na minha área, já que geralmente as pessoas que estão passando pelo luto têm dificuldade de sair de casa.”capa hoje Foto 2 legenda Posts de Marianne convidam os enlutados a refletir sobre diversas questões acerca do luto

 No Instagram, ela recebe muitas mensagens de seguidores agradecendo pelo aconselhamento. “Poder falar sobre isso, ter um espaço para colocar suas dúvidas e se identificar através dos textos, acaba sendo muito bom para eles”, conta. Porém, a psicóloga ponta que a importância de entender que a rede social não substitui uma terapia. “Algumas pessoas às vezes aparecem, uma minoria mesmo, contam suas histórias e perguntam o que devem fazer, e é aí que eu preciso colocar um limite. O Instagram não é terapia. É um lugar de identificação, de acolhimento, mas não substitui, em nenhuma hipótese, o processo de psicoterapia”.

Marianne conta também que percebe a movimentação de seus seguidores, onde eles mesmos se acolhem, conversam e criam uma rede de apoio mútuo. Nem todas as pessoas precisam de acompanhamento profissional para passar pelo luto, é algo que acontece naturalmente, mas em alguns casos a ajuda de um psicólogo é necessária e recomendada.

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