O jornalismo do Nova Pauta viajou até o interior do estado ouvir relatos dos agricultores que cultivam o fruto.
Por Fabio da Silva
A cidade de Reserva/PR está localizada no leste do estado a 227 km da Capital, o pequeno município de pouco mais de 25 mil habitantes tem na agricultura sua maior fonte de renda, um dos cultivos que mais se destacou nas ultimas décadas foi o cultivo do tomate, a cidade foi considerada por alguns anos a capital paranaense do fruto.
Por Fabio Silva
O “boom” do cultivo foi no começo da década, quando vários agricultores deixaram suas lavouras tradicionais para o novo cultivo. Nesse período a cidade também laçou a festa do tomate, que durou seis edições e que por algumas divergências acabou não acontecendo mais. Nesse período, artistas de renome nacional se apresentaram na terra tomateira.
Nem todos que começaram com esse cultivo estão na ativa. Muitos desistiram por seus seguidos prejuízos e buscaram novas fontes de renda, e até casos de pessoas que faliram e tiveram de recomeçar.
Vianei Ribeiro tem uma pequena propriedade. Ele é um jovem agricultor, porém muito experiente no cultivo da fruta. “Comecei muito cedo 13 anos já estava na minha primeira horta”, disse.
Com mais de seis mil pés da planta em seu terreno, ele praticamente dá conta sozinho da lida. “Tenho dois ajudantes para me dar uma força. Nas horas que apura o serviço, em três damos conta tranquilos”, contou aos risos.
Vianei fala que na maioria das vezes compra fiado os insumos necessários para dar início a horta, para pagar no final da safra. “É quase um tiro no escuro. Às vezes as coisas não saem como o esperado e o dinheiro é só pra pagar conta”
Questionado sobre por que não sobra um bom dinheiro ele explica. “Não é só ter um bom tomate e uma boa horta, precisa vender com um bom preço. Às vezes pegamos preços excelentes e saímos com grandes lucros, e tem momentos que o preço cai demais, entregamos quase de graça, para não perder tudo. Ou acontece algo que não está previsto. Uma geada pode acabar com tudo”, desabafou ele.
A planta precisa de cuidados todos os dias, um descuido e a plantação se perde. “Não tem dia, nem feriado, tem que estar todo dia cuidando, limpando, zelando, ver as pragas… Um descuido e tudo é perdido”, contou. Perguntado se tem algum tipo de apoio ou ajuda de alguma cooperativa, em um tom mais firme ele respondeu. “Não tenho. Nossa cidade não tem cooperativa, cada um se vira como pode, planta e colhe e tentamos achar um bom preço. Fechamos as cargas de caminhão e pegamos nosso dinheiro”, terminou.
Por fim, Vianei se mostra muito persistente e com sonhos para o futuro. “É o que eu sei fazer, gosto disso, é minha vida. Penso em evoluir e ter uma boa vida, aumentar a quantidades de mudas plantadas para aumentar o faturamento. Não quero ser rico, apenas dar uma boa vida a minha família e que todo o sofrimento de agora um dia seja recompensado”.
Leandro Smideler cultiva em torno de oito mil pés de tomate e relata. “Só eu e minha mulher trabalhamos, então para mim, está dando para sobreviver, está sobrando um pouco. A última roça deu boa, porém o momento está difícil. Por causa do dólar, os insumos e adubação subiram demais. E mais a incerteza da pandemia. O tomate não é um cereal. Dois, três dias ele estraga. Cada dia mais caro para produzir”, disse.
Smideler conta também outro fator que não está ajudando muito nesse período. “O clima está muito seco, tomate precisa de muita irrigação, mas às vezes falta água, porque chuva não está tendo”, conta. Indagado sobre a quantidade de produtores da cidade, Leandro acredita que aumentou muito. “Tem muito produtor grande, com 500 mil pés, e pequenos como eu, com 10 mil 20 mil pés”.
Perguntado sobre a venda, ele repassa o tomate para os produtores maiores. “Para entregar direto é preciso ter no mínimo 30 mil pés. Tem muita picaretagem na venda, muito cheque, 30, 60 dias, comprador que carrega e não paga, então às vezes é melhor perder dois, três reais por caixa, mas ter a certeza do pagamento”, termina.
Estima-se hoje que Reserva tenha em torno de 18 milhões de pés de tomate, entre grandes e pequenos produtores.