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A nova a era da convergência midiática

Por João Filho, Mariana Soek, Marina Machado

Em uma sociedade cada vez mais high tech, a tecnologia avança exponencialmente. No Brasil, entre 2005 e 2015, o número de domicílios com conexão à Internet passou de 7,2 milhões para 39,3 milhões. Trata-se de um aumento próximo de 446% no período, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Paralelo ao aumento de acesso à Internet, houve um crescimento considerável de venda de smartphones no país. Segundo a IDC Brasil, empresa do ramo de inteligência de mercado, em 2017, a venda destes aparelhos totalizou 47,7 milhões de unidades, 9,7% superior a 2016.

Diante de tal cenário, a comunicação acabou se reinventando e a forma de fazer jornalismo também. Trata-se da convergência midiática. Conceito criado por Henry Jenkins que mostra a tendência dos meios de comunicação a se adaptarem à Internet.

Aknaton Toczek Souza tem 33 anos, é professor, mestre e doutorando em Sociologia. Para ele, a comunicação é essencialmente social, e as mudanças com relação aos veículos de comunicação não são coisas apartadas, mas sim um conjunto. “O que me atrai na Sociologia desse tipo de informação, é analisar a disputa por informar, considerando que até mesmo os meios tradicionais de comunicação que possuíam um formato mais estático, estão passando por adaptações nas formas de noticiar”, observa.

Ele acredita que as mudanças na comunicação e até mesmo as mudanças na forma de fazer jornalismo sejam uma reação direta a essa transformação pela qual passou a sociedade. Isso tem a ver justamente com o processo de interconexão entre diversos grupos sociais, que por meio das multiplataformas, têm ampliado a sua capacidade de voz, comunicação e de intervir diretamente nas notícias e nas informações.

Isso se dá tanto quando há a aceitação por meio do compartilhamento de informações, e também quando há a ambiguidade, o questionamento de determinadas notícias, como por exemplo, os casos de Fake News. Ou seja, a multiplicação de informação e notícias versus a diminuição da qualidade delas.  “Eu penso que essa característica que tem se apresentado, sem dúvida repercute em vários aspectos na sociedade. De forma geral, a polarização e o extremismo, são fruto dessas novas formas de comunicação, levando em conta que hoje as pessoas podem escolher o que veem e consomem”, afirma o professor.

As diversas formas de comunicação derivam dos fenômenos sociais, uma vez que veículos multiplataformas e uma sociedade mais conectada se conversam plenamente.

Uma jornalista youtuber

        Conectividade é a palavra-chave a vida da jornalista Nicoly França. Ela encontrou uma forma de trazer assuntos importantes como Moda Sustentável para as mídias sociais, especialmente para o YouTube e Instagram. E apesar de seu conteúdo ter um foco maior no entretenimento do que no jornalismo, ela afirma que consegue usar sua formação acadêmica no seu trabalho atual, já que também, ela e sua parceira no projeto, Maria Fernanda Teixeira, se esforçam para trazer o máximo de informações para seus inscritos.

        “O jornalismo facilitou na produção de vídeos e edição do conteúdo que produzimos, contribuiu também para que tenhamos essa visão, diferente de outras Youtubers. Além de ajudar quando queremos fazer collabs com colegas, o jornalismo nos ajuda nas entrevistas e apuração. Outro ponto importante é a assessoria de imprensa que nos ajuda nos releases para a imprensa”, diz a jornalista.

        Em muito pouco tempo aconteceram diversas inovações contribuindo para a mudança. “A comunicação hoje se pauta muito nas redes sociais ou vice-versa. Constantemente, uma mídia puxa para a outra. Por exemplo, em um programa de TV os apresentadores pedem para que o pessoal interaja no Twitter, onde esses comentários fazem com que as pessoas queiram assistir ao programa”, explica Nicoly.

       A questão das mídias digitais, a acessibilidade de qualquer conteúdo na Internet e a forma como passou a ser consumidas as informações, mudou a forma de comunicação, e os veículos tradicionais precisam se adaptar e inovar. Apesar de toda essa mudança, Nicoly acredita que Internet não vai tomar o espaço desses veículos, mas que eles devem trabalhar juntos.  “Não acho que a Internet vai tomar o lugar da TV, por exemplo, mas, se ela não se reinventar, utilizar a Internet a seu favor, eles podem sair perdendo muito, usar as duas mídias, ter canais específicos para cada público; o que assiste apenas a televisão, mas, aquele que acompanha apenas pela Internet”, afirma.

      Esse avanço da tecnologia e o uso cada vez maior de smartphones colaborou para uma mudança de relacionamento entre as pessoas, considerando que as redes sociais estão inseridas no dia a dia de todos. Em curto e médio prazo isso só tende a aumentar, os hábitos das pessoas estarão cada vez mais ligados a essas mídias, as empresas cada vez mais precisarão investir nessas redes. Nicoly França, que a cada dia ganha mais seguidores e acessos aos seus vídeos, concorda com esse crescimento. “Terão transformações, novas redes sociais, assim como o jornalismo e as empresas, terão cada vez mais um foco na Internet, e isso só deve aumentar”, finaliza.

Redes Sociais

        Facebook, Instagram e Twitter são apenas algumas das redes sociais disponíveis na web para que pessoas do mundo todo estejam conectadas. A adesão a estas formas digitais de interação só aumenta. Sozinho, o Facebook alcançou até o final de 2017 a marca de 2,13 bilhões de usuários ativos por mês, alta de 14% em relação a 2016, de acordo com balanço financeiro da empresa. Boa parte destes usuários, brasileiros.

 Fernanda Musardo, especialista em mídias sociais, afirma que os canais de mídias sociais são a principal forma que o brasileiro tem hoje de se conectar com o mundo, com pessoas, com negócios, com o lazer com a cultura com o estudo.

        A partir do contato com as mídias, a forma de comunicação mudou drasticamente. Na verdade, houve uma ruptura do que se conhecia como forma de comunicar. Nesse sentido, sociedade e tecnologia adaptaram-se de maneira que as mídias sociais fazem parte integralmente da grande maioria da sociedade mundial. Hoje, as pessoas estão, de maneira geral, integralmente ligadas à rede. “Os formatos de conteúdo, levar a informação a qualquer pessoa, a própria informação mudou sua estrutura essencial. A comunicação ganhou métodos até então desconhecidos pelas pessoas”, afirma Fernanda.

     Toda esta mudança transformou, inclusive, a forma de se fazer negócios. Hoje, uma empresa que não está na rede, não existe. Para Fernanda, é essencial que haja atenção por meio dos empreendedores e gestores de empresas para o uso correto das redes sociais. “Negócios que não utilizam estrategicamente os canais de mídias sociais para alavancar resultados perdem dinheiro, tempo, oportunidade e mercado”, afirma.

      Seja no relacionamento pessoal ou profissional, o segredo é ter bom senso e entender que a base de quem somos está na vida real e não na virtual. “O que vemos na internet é apenas um reflexo fiel a realidade”, finaliza Fernanda.

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