Até 2019, cerca de 119 mil brasileiros buscaram hipnoterapia como tratamento, segundo pesquisa OMNI Brasil

A hipnose, conforme define a Associação Americana de Psicologia, é um estado de consciência que envolve atenção focada ao mesmo tempo em que o indivíduo tem sua consciência periférica reduzida. Uma técnica terapêutica de profundo mergulho interior, parecido com o sono, um relaxamento, em que é possível reprogramar e ressignificar o que a pessoa deseja. Suas práticas datam desde a antiguidade com povos gregos e egípcios e na história moderna começou a ser estudada no século XVIII.

Não é brincadeira

A hipnoterapia ou hipnose clínica é uma forma de tratamento que consiste na aplicação de técnicas hipnóticas dentro de consultórios, por profissionais credenciados, e que tem objetivo terapêutico; a qual é regulamentada por conselhos de classe da área da saúde no Brasil. Em 2018, sua prática foi incluída pelo Ministério da Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS).

A psicanalista e especialista em hipnose clínica, Patrícia de Almeida, que atua desde 2019 na área, comenta que a hipnose é um termo dado a um estado de consciência natural de todo ser humano e, segundo ela, durante o dia uma pessoa passa por um estado hipnótico em média umas oitenta vezes sem perceber.

Ela explica que através da hipnose o profissional credenciado acessa o inconsciente do paciente. A cura para traumas, depressão, ansiedade, medos ou vícios está dentro da própria pessoa. “O profissional, através da hipnose, poderá acessar essa cura através do tratamento”, ressalta Patrícia. Ao ser questionada sobre os benefícios do tratamento, Patrícia diz que são inúmeros. A responsabilidade pelo tratamento será do paciente, ressalta a psicanalista; cada tratamento é individualizado de acordo com as necessidades e experiências que cada paciente leva até o consultório, portanto, podem variar desde alívio de sintomas emocionais, como o estresse, até o alívio de dores crônicas, como a fibromialgia. Ela ainda afirma que em todos os atendimentos que realizou nestes três anos atuando na área, todos os seus pacientes tiveram resultados já na primeira sessão.

Terapeuta Patrícia Almeida com sua paciente após sessão de hipnose

Há de se ter cuidado com os julgamentos

Em relação aos malefícios, a psicanalista destaca que não existem problemas com o tratamento em si, mas com a questão do preconceito. Ela afirma que quando se iniciaram os estudos acerca da hipnose, surgiram charlatões que, percebendo o poder da mente, conduziam pessoas a fazer coisas que não queriam por estar vulneráveis. Devido a isso, criou-se na sociedade um julgamento, mas que através da informação as pessoas estão buscando conhecer.

No ponto de vista da hipnoterapeuta, Suellen Ramos, que atua na área há quase dois anos, existem riscos, por isso a importância de procurar um profissional competente. “A mente não pode ficar mais que 45 segundos, por exemplo, numa dor na regressão” explica.

Segundo Suellen, nem todas as pessoas podem receber o tratamento, como: pessoas que tiveram epilepsia nos últimos cinco anos, com pressão alta estável, esquizofrênicos, bipolares crônicos, grávidas, entre outras.

Os pacientes comentam

A psicóloga Érica Roscosz, 32 anos, buscou conhecer a hipnoterapia como paciente e testou a abordagem para controle de ansiedade. Ela conta que os resultados dependem da aceitação do paciente, como qualquer outra terapia, mas que já após a primeira sessão, quando se deparou com uma determinada situação onde havia gatilhos para seu problema, ela não apresentou sintomas tão intensos como antes. Outro paciente da hipnoterapia é Hélio Barbosa, 19 anos, técnico de enfermagem. Ele conta que tinha problemas desde o fim da adolescência e que buscou outros modelos de terapia que não deram certo. Por isso, buscou a hipnose. Se interessou tanto pelo tratamento que começou a estudar PNL (Programação Neurolinguística) e neurociência e tornou-se um profissional da área. “Foi a melhor experiência da minha vida. Hoje me sinto uma pessoa diferente, passei de um pessimista para um grande apreciador da vida”, expõe Hélio.

A hipnoterapeuta Suellen conta que antes de iniciar o tratamento é importante que a pessoa conheça “seu interior”, saiba o que quer trabalhar e seja sincera para responder a ficha anamnética (documento onde são registradas as informações obtidas pelo profissional de saúde durante a conversa com seu paciente). “Se não, a pessoa vai achar que não teve resultados. 50% é a técnica e 50% depende da pessoa”, finaliza.

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