Por Raíssa Galvão Ribeiro

Mesmo em bom momento, artistas revelam seus maiores obstáculos produzindo músicas

A cena musical independente vem aumentando devido a evolução tecnológica que dispõe cada vez mais de ferramentas que beneficiam o processo de criação, gravação e distribuição. Tem sido cada vez mais acessível praticar, gravar e lançar álbuns fora dos grandes estúdios, sem haver a necessidade de fechar contrato com gravadoras profissionais. Segundo uma pesquisa realizada pela ABMI (Associação Brasileira da Música Independente), divulgada em 15 de outubro de 2020, foi revelado que 53% dos artistas que estiveram no Top 200 do Spotify, são artistas independentes.

A era digital tem facilitado a vida de produtores e musicistas independentes, além de contribuir com a democratização da produção musical. A pesquisa também evidenciou que a demanda de músicas nas plataformas de streaming expandiu significativamente durante a pandemia. Mostrando outra vez como a arte é parte essencial na vida das pessoas, independente do momento.

Em Ponta Grossa – PR, a cena musical vem crescendo constantemente, atraindo muitos olhares, no entanto, vale destacar que o aumento de oportunidades faz com que a disputa pelo espaço também seja maior, como conta o músico Paulo Vaz.

“Eu vejo a concorrência de duas maneiras, sendo a mais sadia, que é a disputa pelo espaço e pela presença em eventos importantes, mas é justamente a outra forma de concorrência que tentamos ir contra, unindo-se dentro do possível. Existe um apanhado de artistas aqui em Ponta Grossa que se unem em prol do engajamento coletivo. Isso é bacana, feats e parcerias, até mesmo troca de trabalhos, por exemplo, alguém toca algum instrumento para o outro e esse outro faz uma produção e assim vai.”

Matheus iniciou sozinho na música, tinha problemas com a timidez, mas queria se destacar. Já sabia cantar, pois, seu pai também cantava. Porém foi quando começou a estudar violão e guitarra que passou a se sentir músico. Atualmente é integrante da Krafka, banda de rock alternativo formada em 2016. O músico contou que a banda tem realizado suas produções independentemente.

“Nós tínhamos parceria com uma gravadora pequena aqui da cidade, mas rompemos para começar a autoprodução.Eu investi em alguns cursos e equipamentos, e o dinheiro que iria para a gravadora produzir eu utilizo para investir em assessoria, anúncios e inclusive, agora vou mandar uma das músicas para um cara conhecido no mercado indie brasileiro mixar”, conta.

Fabiane Ingles, vocalista das bandas Yora e A última banda do mundo, criadas em 2020, fala que na sua opinião o maior desafio tem sido a remuneração e a dificuldade relacionada ao tempo.

“Há muitas pessoas que levam a música como segunda profissão e acabam não se dedicando como queriam, pois, precisam buscar outras formas de renda”, diz ela.

No entanto, Fabiane ressalta que todo o trabalho vale a pena e a motivação vem da própria arte, e não só o que é oferecido ao público e o retorno dado.“Quando o artista é independente ele tem a chance de ser ele mesmo, e esse é um dos grandes prazeres”,conclui.

FOTO: Pexels

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