Entrevista com Bruna Machado e Aline Bahnert para falar da realidade da escola

Por: Bianca Haile

 

A crise global de saúde devido ao vírus covid-19 se iniciou no ano de 2020, o primeiro caso ocorreu em 2019, e essa parou o mundo todo. As instituições de todo o globo tiveram as atividades restritas, não poderia ser diferente nas instituições educacionais. As escolas de Ponta Grossa pararam sua atividade presencial, usando de meios remotos para continuar o ensino. Foram feitas aulas a distância por meio da televisão, postadas na internet posteriormente, e encontros virtuais para suprir a necessidade de ensino. Mas esses não são o suficiente para nutrir o contato e a pluralidade da educação, como visto. “As crianças não se interessam pelo ensino remoto, muitas vezes a família não colabora com elas. Para algumas crianças a escola é a única saída de seus problemas em casa e na pandemia elas não tinham isso”, relata a professora Aline Bahnart.

A professora diz que um dos maiores problemas do ensino sempre foi a colaboração dos pais, e que como nesse momento de pandemia é estritamente necessária esta ajuda e apoio. A professora Bruna Machado, também da rede, completa. “Muitos pais não valorizam a educação. E na pandemia as crianças precisavam da ajuda deles, só que essa ajuda algumas vezes não vem”.

A articulação entre o ensino, praticado na escola, e os pais é realmente conturbada e alguns pais não se interessam, ou não valorizam, a educação dos filhos. Para essas professoras é complicado conversar com os pais e convencê-los a participar ativamente da vida escolar das crianças. Sobre a relação de ensino-aprendizagem a professora Bruna comenta que “alguns alunos não participavam das aulas por falta de internet e a escola mandou material impresso”. “Mas não acredito que isso tenha contribuído muito para a aprendizagem”, explica.

Presencialidade

As professoras concordam que “nada substitui o ensino presencial, principalmente com as crianças”. A Base nacional comum curricular prevê que haja na Educação Infantil e no Ensino Fundamental a participação ativa do aluno e também o estímulo do uso do corpo em atividades para que haja o desenvolvimento da psicomotricidade. Durante o período pandêmico essas atividades foram dificultadas. “A gente até tentava estimular eles a fazer algumas atividades mais lúdicas, mas é muito diferente do presencial”, diz Aline.

A sala de aula também conta com diversos tipos de materiais diferentes, os quais os alunos não tiveram acesso durante a pandemia, isso assim como os outros fatores citados empobreceu o ensino durante esse período. Na opinião delas os alunos não aprenderam durante esse processo. “Poucas crianças que dá para ver que aprenderam, mas a maioria está bem atrasada nos conteúdos”, afirma Aline.

“Algumas crianças não conseguiram mesmo aprender quase nada durante esse tempo”, completa Bruna.

As aulas durante a pandemia eram de apenas uma hora, tanto as aulas a distância fornecidas pelo governo no formato do “Vem Aprender,” quanto nas aulas via encontros virtuais feitas por cada escola. As educadoras lembram ainda que o ensino-aprendizagem necessita do protagonismo do aluno, e que esses infelizmente tiveram diversos problemas, como: situações de perdas na família, falta de internet e televisão, pouca colaboração dos pais, conteúdo resumido, falta de materiais e muitas vezes falta de um local preparado para se estudar.

Por esses motivos muitas crianças tiveram perdas na educação. Nesses dois anos os alunos também passaram por problemas e dificuldades, por isso não foi de se espantar que muitos deles largaram a escola, que outros participassem, mas não conseguiam concentrar-se nas atividades. “A gente via que alguns alunos tinham muito barulho em casa, muitos gritos, televisão e isso atrapalha na hora de aprender… Era difícil ver um aluno que tinha um local adequado para estudar, com materiais e tudo. Poucos pais ficavam junto para ajudar também”, relembra Aline.

Durante esses anos o ensino foi muito prejudicado, tanto por parte física quanto pela parte mais abstrata da educação. Perguntada se acha que esses alunos conseguirão recuperar essa deficiência no ensino, Bruna não é muito otimista. “Infelizmente eu acho que a maioria não, mas é porque se trata da base do ensino, eles vão precisar pra tudo, e ela não ta bem fixada na cabeça deles”, lamenta.

 

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