Por: Vinicius Machado

Gasolina registra aumento de mais de 50% no ano; litro passa de R$7,00 em boa parte do Brasil em boa parte do Brasil

No decorrer de 2021, o combustível que os brasileiros mais utilizam, seja para trabalho ou a lazer, a gasolina, vem registrando aumento praticamente todos os meses. Se no começo do ano o valor do litro era R$4,50, agora ele chega a custar mais de R$7,00.

No início da pandemia, ainda era possível encontrar gasolina a R$4,00, devido a menor procura, porém, com as restrições flexibilizadas e maior uso dos automóveis, o combustível voltou a subir. E vem acompanhada de uma série de fatores, como o preço do barril de petróleo, cotação do dólar (moeda de referência nas negociações), inflação, crise política (e institucional da Petrobrás) e a política de paridade de importação- vigente desde 2016, faz com que os combustíveis alcancem preços altíssimos.

Em um dos postos, qual a gasolina ainda está na casa do R$5,00, o frentista entrevistado, que pediu para não ser identificado, relatou que o comportamento do cliente mudou. ‘’Se antes os motoristas abasteciam R$ 50, R$ 100 , agora abastecem R$ 20”. Ele complementa que  ‘’quem abastecia em valores mais altos não deixou de abastecer, pois não sentiram o efeito’’. Já o gerente, de um outro posto, que também não quis ser  identificado, espera que o próximo ano tenha uma melhora no cenário, mas destaca o peso dos impostos no resultado final. ‘’Poderia ter uma negociação sobre o ICMS por parte do estado’’, relata.

Durante os protestos de 7 de setembro, manifestantes foram as ruas para que o governo buscasse uma solução alternativa para abaixar o preço da gasolina e também de outros derivados do petróleo. Porém, a carga tributária sobre o combustível também é muito alta e influencia os preços. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a composição do preço nos postos acontece da seguinte forma:

-27,9% de tributo estadual (ICMS)

-11,6% de impostos federais (Cide, PIS/Pasep e COFINS)

-32,9%  para o lucro da Petrobrás

-15,9% para o custo do etanol presente na mistura

-11,7% para a distribuição e revenda do combustível

Em relação ao diesel, o ICMS fica em 15,9% e o imposto federal em 7%. Porém, 52,6% representa o lucro da Petrobras, 11,3% o biodiesel na mistura e 13,2% na distribuição e revenda.

 

Mesmo em alta, a gasolina já foi mais cara

Em 2002, segundo a ANP, a gasolina custava em média no Brasil R$1,57 o litro. Com o salário mínimo da época (R$200,00) poderia comprar 127,1 litros do combustível. Em 2017, foi o ano em que mais se podia comprar a gasolina com base no salário mínimo: 254,1 litros.

Porém o número segue caindo, e em setembro de 2021, com o preço médio a R$6,37, é possível comprar ‘’apenas’’ 172 litros.  Como a tendência é de alta mês a mês, e não tem estimativa de um recuo do preço, a chance de atingir patamares históricos, como em 2002, é muito grande.

Alternativas

Carros elétricos, veículo equipados com GNV (gás natural veicular) e etanol são alternativas para escapar dos altos custos ao abastecer o tanque do carro. No caso dos elétricos, que estão sendo cada vez mais comum no país, o custo de um veículo 0km básico passa dos R$150.000,00. O GNV tem um custo de instalação em torno de R$5.000,00 e o valor do metro cúbico passa dos R$4,50. Porém vem registrando aumentos recentes.

Já o etanol, que a anos vem marcando presença nos veículos flex, só é vantajoso quando o valor do litro não passa de 70% em relação ao litro da gasolina. Ou seja, com o preço do combustível derivado do petróleo a R$6,00, o etanol a R$4,20 o litro é vantajoso, acima desse valor, não.

No mercado, há veículos que conseguem rodar com a gasolina 20kms/l, mas os modelos não tem um preço ‘’acessível’’ ainda. Carros populares ainda são o preferido dos brasileiros, com modelos que cumprem até 17 kms/l e podem ser encontrados em revendedoras de novos e usados, com preços acessíveis.

Desabastecimento

Durante o meio do mês de outubro, a Petrobras alertou os consumidores e empresários do setor que uma demanda atípica deve fazer com que a empresa não consiga entregar a quantidade suficiente de combustível.

Tabela mostra como é montado o preço final ao consumidor. Os preços são de 28 de setembro. Por decreto, é obrigatório os postos de combustíveis terem essa tabela instalada.

Nesta imagem, a bomba teve que abastecer R$30,00. Pouco mais de 5 litros alcançaram esse valor.

Fila de carros para abastecer. É cada vez mais comum encontrar longas filas com motoristas esperando a vez, temendo um novo aumento da noite pro dia.

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