Diferentes visões sobre os problemas e vantagens na realização da árdua profissão.
Por Amanda Nunes Stefaniak
Josué Araujo dos Santos tem 32 anos e trabalha como motoboy no Disk Motos há dois anos e meio, na cidade de Ponta Grossa. O serviço consta em transportar mercadorias para pessoas e empresas e o profissional pode levar diferentes tipos de materiais, como comida, documentos, cheques, dinheiro e outros itens importantes no cotidiano da comunidade.
Em tempos de isolamento social, devido à pandemia do coronavírus, a figura do motoboy nunca foi tão essencial para o funcionamento das atividades em todo o país, principalmente para aqueles que são do grupo de risco, moram sozinhos ou preferem não sair de casa e procurar os profissionais de delivery para efetuar suas compras.
Apesar disso, a valorização do trabalho tem sido algo desanimador para Josué, que percebe um desrespeito costumeiro pela parte dos clientes. “Meu serviço é difícil. Faça chuva, faça sol eu estou dirigindo uma moto e entregando o que pedem. Na maioria das vezes, não recebo uma palavra de agradecimento ou uma gentileza. As pessoas não percebem a dificuldade em trabalhar nessa época de quarentena, afinal eu também tenho medo de ser contaminado com a doença, mas preciso trabalhar para sustentar minha família”, conta o motoboy.
Além da insegurança e os altos riscos de se contaminar. Josué ainda reclama sobre o perigo em dirigir uma moto constantemente. “Eu já me acidentei algumas vezes enquanto fazia entregas. Em uma delas tive que ficar um tempo repousando para conseguir voltar ao trabalho. E isso também é outra coisa ruim para quem é motoboy, pois, minha remuneração vem da atividade e quando precisei ficar em casa não recebia nada”, reflete.
A segurança do profissional é colocada em jogo de diferentes formas e Josué também explica sobre o receio em ser assaltado ou sofrer algum tipo de violência durante a realização das entregas, mas isso não o impede de cumprir seu trabalho. “Mesmo com todas essas dificuldades nosso salário é baixo e somos desvalorizados, mas o lado bom é que posso ser o meu próprio chefe e decido os horários que atenderei”, relata o entregador.
Outra história
Com a pandemia, todo cuidado é fundamental para realizar o trabalho como motoboy, principalmente para evitar um possível contagio com os clientes. Khauã Lima, 27 anos,trabalha em Ponta Grossa,como motoboy há um ano para uma empresa privada, explica que as entregas aumentaram muito nesses últimos meses, mas nem por isso as precauções são deixadas de lado. “Nos higienizamos com álcool gel, usamos máscaras quando precisamos ter contato com o cliente e fazemos sempre a entrega com luvas descartáveis, tudo para melhor atender e também para nossa própria segurança”, esclarece Khauã e ainda informa que as compras, na maioria das vezes, são deixadas na portaria ou na porta para que não haja maior perigo de transmissão.
Já Márcio Inácio, tem 41 anos de idade e é motoboy há 15 anos em Ponta Grossa e região, atualmente trabalha na empresa Disk Motos e faz serviços autônomos. Márcio possui uma visão otimista do emprego “Não é difícil. Só é preciso esforço e gostar de dirigir. Então o trabalho acaba virando uma diversão, por mais problemas que tenha”, e ainda diz que se trabalhar regularmente e de forma correta o faturamento é bom de diversas maneiras. “Gosto muito do meu trabalho e recebo bem. Para mim, é melhor do que ficar preso em um escritório. Sou uma pessoa muito ativa e adoro rodar a cidade fazendo as entregas”, conta feliz e realizado com o serviço. Ainda assim, Márcio possui muitos receios em relação ao coronavírus. “É preciso cuidado em dobro, mas não posso deixar de realizar meu trabalho, ficar em casa não é uma escolha para mim, pois é disso que consigo meu sustento”, finaliza ele.