Representantes políticos da região e sociedade civil descartam a necessidade da padronização
Por Elder Scolimoski e Hurlan Jesus
Com o anúncio da resolução nº 729, de 8 de março de 2018, que criava a placa do Mercosul no Brasil, os fabricantes e estampadores de placas ficaram preocupados e sem saber o futuro do seu comércio. Além deles, proprietários de veículos também demonstram insatisfação em relação ao novo sistema.
Depois da pressão dos fabricantes e estampadores, o presidente do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), Maurício José Alves Pereira, suspendeu por 60 dias a resolução. O prazo poderá ser prorrogado por mais 60 dias, se necessário, para que o grupo de trabalho conclua os estudos sobre o tema.
Para o deputado federal Sandro Alex (PSD) essa padronização não está clara, pois não houve nenhum estudo definido que demonstre as vantagens. “Estou vendo que há um interesse muito mais comercial nessas placas do que dar benefícios para os brasileiros”, comentou Sandro.
O deputado estadual Márcio Pauliki (PDT) é contrário a esta medida do governo, principalmente nos casos de transferência de veículos. “Placas novas para automóveis novos é o mesmo custo, mas as que passam por transferência de município muitas vezes muda apenas aquela tarjinha, agora vai ter que mudar a placa interia, então o custo é maior para o proprietário do veiculo”, explicou Pauliki.
Márcio fez uma analogia com uma empresa. “Quando você entra em uma empresa, ela que fornece o uniforme, o crachá, isso é custo dela. Agora, a placa é na verdade um controle do governo e ele deveria ceder as placas de forma gratuita. Eu não concordo que o governo cobre, principalmente para transferências de propriedade ou de município onde o custo seria bem menor nas placas atuais”, conclui.
Além de lideranças políticas, os proprietários de veículos também não veem com bons olhos essa mudança. José Alberto Silva, motorista há mais de 30 anos, diz que essa mudança vai ser mais uma forma do governo arrecadar dinheiro. Afirmando que vai esperar até 2023 para trocar de placa (caso não troque seu veículo até lá). Opinião semelhante de dois taxistas do centro de Ponta Grossa (Adão Ferreira de Moraes e Simiel de Andrade), que alegam que só trocariam as placas quando fossem trocar seus veículos.
O mecânico aposentado, Celso Antonio Rausch, falou que vai esperar o prazo máximo para substituir as placas pretas dos seus dois Fords que coleciona; um ano 1929 e outro 1931. ”Acredito que isso é uma coisa pra eles arrecadar mais dinheiro. Eu vou trocar só quando for obrigado”, contou.
O empresário Luiz Fernando Justus, dono de uma revendedora de carros no município de Ponta Grossa, afirma que a troca de placas não iria criar um impacto para a empresa, pois ela sempre tem custos com emplacamento e transferência. A medida seria indiferente para o empresário, embora ele seja contra a medida. “É desnecessária essa mudança, a realidade do Mercosul é totalmente diferente da União Europeia para uma padronização dessas.” comenta Justus.
Por sua vez, o gerente de tráfego da Viação Iapó, Jaime Souza, alega que a medida gera custos desnecessários para a empresa. De acordo com ele são vários veículos que teriam que entrar na padronização, afetando a economia da companhia, pois valores gastos com emplacamentos não podem ser repassados para os passageiros por não constarem na planilha de custos.