Por Bruna Matos

 

Agnes Grey se passa em uma temática realista da Era Vitoriana, a protagonista se mostra disposta a enfrentar as convenções sociais da época ao se tornar governanta de famílias da classe aristocrática inglesa após ver dificuldades financeiras atingindo sua família e seu pai adoecer aos poucos devido a isso.

A obra da caçula das irmãs Brontë é considerado um livro muito a frente do seu tempo. Anne mostra a realidade que governantas enfrentavam na casa dos seus patrões, a forma como eram tratadas e a verdadeira face dos alunos e dos pais, que para a sociedade sempre se mostravam pessoas boas e polidas, mas em casa eram totalmente diferentes.

Apesar de ser um romance, a maior parte do livro fala sobre os desafios que Agnes Grey enfrentou desde que saiu da casa dos pais para buscar sua independência financeira e ser um peso a menos para a família que vinha enfrentando diversos problemas. Primeiro Agnes vai para uma casa onde fica pouco mais de um ano, as crianças que era paga para ensinar eram intratáveis e de certa forma ficou aliviada quando foi despedida. A segunda casa ficou por cerca de três anos e lá enfrentou outros desafios, inclusive o de se apaixonar e ter que se separar da pessoa amada quando seu pai vem a falecer e ela volta para casa ficar com a mãe.

O que chama a atenção é a coragem e vivacidade da personagem, sua força e atitude, de certa forma bastante raras nas mocinhas de outras autoras daquela época. Esse posicionamento e atitude traz indício de certo feminismo por “indicar caminhos para a vida das mulheres que não eram a norma da sua época.” (BUENO, p. 2, 2013).

O livro tem uma escrita envolvente, prende o leitor desde o início com a narrativa leve que faz com se transporte para dentro da história sem dificuldades. Infelizmente ainda é pouco conhecido no Brasil, diferente das obras de suas irmãs, Emily Brontë escreveu o livro que se tornou um dos maiores clássicos da literatura inglesa “O Morro dos Ventos Uivantes”, e Charlotte que escreveu “Jane Eyre”.

 

Suposta imagem de Anne Brontë – Reprodução da internet

Sobre a Autora

Anne nasceu em Thornton no ano de 1820, é filha do pastor anglicano, Patrick Brontë e de Maria Branwell. A mãe morreu um ano após seu nascimento e a tia, Elizabeth Branwell, veio residir com a família para ajudar na criação dos sobrinhos Maria, Elizabeth, Charlotte, Emily, Anne e Patrick Branwell.

Sua vida escolar, devido a morte de suas duas irmãs mais velhas na escola, ocorreu a maior parte em casa onde apendeu além de ler e escrever, música, costura e desenho, sendo enviada para a escola apenas em 1835 quando Charlotte se tonou professora em uma escola em Roe Head. Lá ela estudou por dois anos, até ser enviada de volta para casa após adoecer.

Anne faleceu em 28 de maio de 1849 aos 29 anos de idade devido a tuberculose, uma doença muito comum na época. Sua irmã mais velha, e a única que ainda estava viva, Charlotte, permitiu a republicação de Agnes Grey em 1850.

 

Curiosidade

Anne começou a trabalhar como governanta um ano depois de sair da escola e drenou essa experiência para compor a história de Agnes Grey, a família retrata a primeira empregadora da protagonista. Devido ao retrato sem grande condescendência, onde os piores traços dos membros da família são expostos a uma luz bastante crua, foi um dos responsáveis tanto por uma boa, e má, recepção da obra. Enquanto alguns críticos admiravam o realismo utilizado na composição dos personagens, outros consideraram a exposição uma quebra de confiança na relação empregador-empregada. (Informações tiradas do prefácio do livro).

 

Referência

BUENO, Eva Paulino. Uma visita à terra das irmãs Brontë, em Haworth. In: Revista Espaço Acadêmico # 141, Maringá: Fevereiro 2013.

https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/19686/10402

 

Ficha Técnica

Livro: Agnes Grey

Autor: Anne Brontë

Ano: 1850

Edição utilizada na resenha: 2ª reimpressão – 2020 – Editora Martin Claret

Tradução: Paulo Cézar Castanheira

 

Você pode encontrar essa e outras resenhas no meu blog Cantinho dos Clássicos.

Foto: Bruna Matos Contracapa do livro Agnes Grey.

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