A funcionária pública fala sobre a conscientização da doença que poderá atingir uma em cada 12 mulheres no Brasil

 Por Amanda Stefaniak e Andrea Borges

Desde 1990, o movimento Outubro Rosa promove o incentivo e a atenção com a saúde feminina de modo a contribuir com a disseminação de informações preventivas e também dos serviços e tratamentos afim de reduzir os casos.

O câncer de mama independe de condições socioeconômicas para afetar drasticamente a vida das suas vítimas, sendo elas homens e mulheres. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) os diagnósticos têm mostrado que além de fatores hereditários, a falta de atividades físicas e uma alimentação saudável induzem o corpo a produzir células anormais e multiplicá-las, expressado em 25% dos casos de câncer anualmente.

Uma estimativa do INCA prevê que entre 2020 há 2022 o Brasil registrará 665 mil novos casos de câncer. A Oncologista Eleonora Cardoso recomenda às mulheres a atenção com os fatores de risco. Entre eles estão: tabagismo, abuso de bebidas alcoólicas, obesidade e distúrbios hormonais causados pelo uso de anticoncepcionais. “Teu corpo é tua casa, e para que seu funcionamento seja harmônico e preventivo, praticar hábitos saudáveis e também o auto-exame são sinônimos de amor próprio e cuidado contigo mesma”, afirma a especialista no tratamento da enfermidade. Porém, as pesquisas demonstram que se descoberto precocemente, as chances de cura são de 95% e aí vem a importância obrigatória da conscientização popular.

Um caso

A história da professora de Direito da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Cristina Rauch, foi marcada por muitas surpresas quando o câncer adentrou sua vida. Mesmo se considerando racional até em momento difíceis, a professora se viu em uma confusão emocional. “Inicialmente neguei, não me achava doente, mas com a confirmação do exame pensei em fazer o tratamento e obedecer o médico. Acho que demorei para me sentir doente, achava estranho no início a preocupação das pessoas, pois, eu não conseguia visualizar o câncer”, relata a professora.

cristina rauch a direita hoje 3

 Professora Cristina a Direita

Por lei, todas as mulheres possuem o direito ao acesso à mamografia a partir dos 40 anos.É através desse exame que o câncer é detectado. “Eu estava com 49 anos quando descobri a doença. Minha primeira quimioterapia foi dia 27 de dezembro de 2016, sendo que o tratamento, no total, durou 12 meses. Em julho de 2017, foi a primeira cirurgia com a retirada da mama esquerda e dos linfonodos do braço esquerdo. A última radioterapia foi em 28 de dezembro de 2017. Mas até hoje faço os exames de controle a cada três meses e tomo um medicamento diário e outro a cada seis meses. Estou em tratamento, mas não tenho células cancerígenas no corpo. Esse tratamento atual pode durar por 5 ou 10 anos, dependendo de como continuarei reagindo”, explica Cristina.

Receber o diagnóstico de um câncer de mama quase sempre significa sofrer um grande impacto emocional. Perder os cabelos, sentir dores extremas e fraquezas, retirar as mamas, passar por abalos psicológicos e temer a morte representam mudanças drásticas nas vidas dos portadores dessa doença. Possuir amigos e familiares que deem um auxílio é essencial nesse momento de luta. “Tive uma rede enorme de apoio: da família, amigos, ex-alunos, pessoas que não via havia muito tempo. Nos reencontramos. Foi sensacional. Não imaginava que teria tanta empatia por parte das pessoas. Também, por acaso, criei uma rede de apoio entre pacientes oncológicas, as Rosas da Primavera, que existe até hoje”,conta Cristina sobre sua experiência.

Como conselho para os pacientes que iniciam a jornada na luta contra o câncer, Cristina diz que é fundamental confiar na equipe médica e possuir esperança em si mesmo. “Seja a doença que for, tem que encarar de frente, ter a consciência que somos mortais. A morte é a única coisa certa da vida e ela pode acontecer a qualquer momento independente do câncer. Nesse sentido, ter resignação em relação a doença e não ficar procurando razões para ela ter aparecido e sim lutar para se livrar daquelas células. Às vezes a gente pode ficar triste, o tratamento é pesado, mas se essa tristeza perdurar, procurar ajuda psicológica e mesmo psiquiátrica”, aconselha.

A vitória final na batalha contra essa enfermidade também é motivo de surpresas e de se reinventar. “O meu baque foi o ano de 2018: voltar à vida real. Foi aí que precisei de ajuda psicológica. Não sei explicar o porquê, talvez precisasse mais de um ou dois meses para me recompor do tratamento mais pesado. Mas eu decidi voltar logo em seguida e assumi muitas responsabilidades no trabalho naquele mesmo ano. Mas, depois, tudo passou e vida que segue. Hoje me sinto mais forte do que nunca”, afirma Cristina ao lembrar de sua luta contra o tratamento do câncer de mama.cristina hoje 2

 Professora Cristina Hoje

 O serviço

Para ter acesso aos exames, o paciente deve comparecer à unidade básica de saúde mais próxima de sua casa e solicitá-los. Caso encontre qualquer alteração suspeita em suas mamas, independente de idade ou de quando realizou o último exame de rotina, é um direito de todos requisitar os exames imediatamente e se necessário, iniciar o tratamento com apoio médico garantido pelo estado.

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